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II SÉRIE-B — NUMERO 27

VOTO N.9 30/VII

DE PESAR PELO FALECIMENTO 00 ESCRITOR ROMEU CORREIA

Faleceu Romeu Correia, um talentoso escritor de inspiração neo-realista que nos legou um exemplo de perseverança e coerência ideológica, traduzidas numa vida e numa obra de combate por ideias.

Subiu a pulso na vida, por entre dificuldades familiares e profissionais, que venceu a golpes de talento e força de vontade.

Homem de esquerda desde os tempos do MUD, de esquerda permaneceu nos seus actos e nos seus escritos.

Exemplo vivo de autodidacta, ginasticou o corpo e a vontade na prática dos desportos, em que atingiu excelente nível, e o espírito na avidez da leitura e no contacto com os mais brilhantes espíritos deste século, muitos dos quais teve por amigos. É inumerável a galeria de escritores, artistas plásticos e homens de teatro que teve por companheiros na aventura de viver criando.

Contista, romancista, crítico literário, jornalista e sobretudo dramaturgo de rara inspiração, deixa-nos uma obra que reflecte a sua versatilidade criadora e a sua profunda ligação aos temas de realidade de que foi testemunha.

Homem de Almada, bebeu na Academia Almadense o culto pelo associativismo desportivo e literário. Foram-lhe atribuídas as mais honrosas distinções como escritor e cidadão. As proibições da censura figuram entre as mais relevantes.

A Assembleia da República curva-se reverentemente perante a sua memória e endereça à família enlutada as mais sentidas condolências.

Assembleia da República, 19 de Junho de 1996. — O Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.

VOTO N.9 31/VII

DE PESAR PELO FALECIMENTO DO ESCRITOR DAVID MOURÃO FERREIRA

David Mourão Ferreira partiu.

Poucos homens terão recebido em tão alto grau os dons da sensibilidade, da simpatia e do talento.

Professor universitário de prodigiosa cultura literária, inspirado poeta, ensaísta de requintado poder reflexivo e grande romancista entre os maiores, foi ainda, por sobre tudo isso, um brilhante declamador.

Poeta da liberdade e do amor, como foi chamado, amou a liberdade e ajudou a libertar o amor.

Homem de ideias e convicções, exerceu uma acção pedagógica humanizante e libertadora sobre a juventude através da cátedra e sobre os seus concidadãos através da escrita.

O povo cantou os seus- versos. É esse o mais seguro penhor de que os compreendeu e sentiu. Os intelectuais reílecúcam sobre as suas conferências e os seus ensaios, que vinham credenciados pela atracção polémica. Muitos foram, sem distinção, os que se deleitaram com os seus contos e romances, ou não fossem eles um íman intelectual que, iniciada a leitura, nos roubava o sossego. Os que tiveram o raro privilégio de o ouvir dizer os próprios versos — além de outros — experimentaram o efeito encantatório de uma bela voz e de uma rara sensibilidade.

Ainda assim, o seu melhor poema foi ele próprio, a personalidade que, amorosamente, moldou.

Contrariado, passou fugazmente pela acção política — não era essa a sua vocação. Ainda assim, ajudou a libertar organicamente a cultura do abraço constrangedor da informação.

A Assembleia da República, orgulhosa do seu exemplo, curva-se perante a sua memória e endereça à família enlutada a profunda e sincera expressão do seu pesar.

Assembleia da República, 19 de Junho de 1996. — O Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.

VOTO N.9 32/VII

DE PESAR PELO FALECIMENTO DO CANTOR ANTÓNIO BERNARDINO

Porque os rouxinóis também morrem, morreu António Bernardino.

Foi juntar-se ao Adriano Correia de Oliveira, ao Zeca Afonso e ao António Portugal, seus irmãos na canção de Coimbra.

Partiu uma alma límpida e uma voz cristalina e sobretudo um coração de oiro, que sempre esteve por dentro das suas extraordinárias interpretações de fados e baladas.

Sempre sensível e melódico, soube cantar mensagens de liberdade e de combate quando foi tempo disso. E um dos muitos contribuintes do tempo novo.

Não foi herói de nenhuma batalha. Não foi promovido nem condecorado. Mas teve como homem simples e bom, e continua a ter como extraordinário intérprete de canções, um exército de admiradores e amigos que vale por todas as promoções e todas as comendas. Recebeu, aliás, ajusto título, a Ordem da Liberdade.

Nunca regateou a sua participação e a sua presença. Dava-se, cantando, com a naturalidade com que viveu.

Mas por sob as harmonias do seu cantar, havia um carácter, uma convicção e uma vontade. Para além de tudo isso: uma generosidade.

Companheiro de outros artistas libertadores, foi um homem de liberdade e um criador de beleza.

A Assembleia da República não podia, por isso, ficar insensível à sua partida.

Curva-se perante a sua memória, deplora comovidamente a sua perda, endereçando à família enlutada a profunda expressão da sua solidariedade e do seu pesar.

Assembleia da República, 19 de Junho de 1996. — O Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.

VOTO N.9 33/VII

DE SAUDAÇÃO PELA PASSAGEM DO 50.e ANIVERSÁRIO DO ORFEÃO DE LEIRIA

O Orfeão de Leiria é uma prestigiada instituição de utilidade pública com relevantíssimos serviços prestados à região de Leiria e a Portugal, nos campos da cultura e da educação, comemorando este ano o 50.° aniversário da sua fundação.

Tendo iniciado a sua actividade com um cora\ masculino, dispõe hoje, para além deste, de corais misto, feminino e juvenil, todos de elevado padrão artístico, com direcções profissionais, que têm obtido os maiores êxitos nas sucessivas digressões no País e no estrangeiro, tendo, designadamente, participado em 1991 na EuropáUa.