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0002 | II Série B - Número 009 | 18 de Junho de 2005

 

VOTO N.º 11/X
DE PESAR PELO FALECIMENTO DO POETA EUGÉNIO DE ANDRADE

A morte não quer palavras. Antes o silêncio.
Escreveu durante décadas, publicou dúzias de títulos, traduzidos em inúmeras línguas em todos os continentes!
Morreu Eugénio de Andrade, senhor de leituras várias, escritor de rigorosa busca da linguagem exacta, amante da cultura grega e mediterrânica, que encarava a poesia como a melhor forma de falar com os amigos.
Morreu um homem de bem!
Viveu uma vida, nas suas palavras, "sem ênfase, sem ruído", sempre próximo da terra e dos camponeses, do José Fontinhas que nascera na Póvoa da Atalaia, perto do Fundão, em 1923...
Tornou-se num homem culto, sensível, modesto, asceta avesso à mediocridade, amante do sol e do sul que encontrou nas sombras graníticas e chuvosas do norte o porto de abrigo, que o acolheria como seu durante longos 55 anos da sua vida.
Habitando em frente ao mar imenso da Foz, e do imaginário nacional, o poeta da terra sonhava porventura com a sua casinha natal da Beira Baixa e o mar das searas de trigo a perder de vista!
No Porto, sem parar, ouve música, cultiva amizades, escreve poesia! "Faço aquilo de que realmente gosto", diz um dia o poeta, um dos maiores da língua pátria!
Aparece raramente em público, mantém ciosamente a sua independência, à sua distância do poder, dos microfones, do "falar por falar", nas suas sóbrias palavras!
Morreu um português de lei, um cidadão exemplar, um profeta dos nossos dias, um poeta sensível e sensato que um dia escreveu: "No prato da balança um verso basta para pesar no outro a minha vida!"
FUIT VIR BONUS, diriam os latinos! FOI UM HOMEM BOM!
O seu honrado nome foi - e será - objecto de profundo respeito e de justa veneração.
Como portugueses e como Deputados, curvemo-nos perante a perda do homem de bem e prestemos a sentida homenagem desta Câmara ao poeta maior que ficará connosco para sempre!

Assembleia da República, 16 de Junho de 2005
O Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama.

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VOTO N.º 12/X
DE PESAR PELO FALECIMENTO DO GENERAL VASCO GONÇALVES

Aos 83 anos morreu o General Vasco Gonçalves.
Militar de Abril, ficou por essa via ligado de forma indelével a esse acontecimento maior da história do nosso país que foi o derrubamento da ditadura fascista e a instauração da liberdade e da democracia em 25 de Abril de 1974 e à obra colectiva que foi a Revolução dos Cravos.
O General Vasco Gonçalves desempenhou as mais altas responsabilidades na preparação e concretização da Revolução de Abril. Sendo coronel, foi o mais graduado dos militares que integraram as estruturas do Movimento das Forças Armadas antes de Abril de 1974, tendo pertencido à sua comissão coordenadora. Integrou ainda a comissão de redacção do Programa do MFA.
O General Vasco Gonçalves sempre afirmou ter sido a sua adesão ao MFA ditada por um grande sentido de responsabilidade, por uma profunda aversão à ditadura fascista e pelos objectivos que o movimento se propunha realizar.
Após o 25 de Abril foi membro do Conselho da Revolução e Primeiro-Ministro nos II, III, IV e V Governos Provisórios.
Homem de causas e convicções, generoso, de grande honestidade e desprovido de ambições pessoais, o General Vasco Gonçalves pautou a sua acção, como cidadão, como militar e como estadista, pelos seus ideais e por aquilo que acreditava corresponder às necessidades do País e à construção de um Portugal democrático próspero e soberano.
A Assembleia da República manifesta o seu pesar pelo falecimento do General Vasco Gonçalves e apresenta à sua família as mais sentidas condolências.

Assembleia da República, 16 de Junho de 2005.
Os Deputados do PCP: Jerónimo de Sousa - Bernardino Soares - António Filipe - Agostinho Lopes - Abílio Dias Fernandes - Francisco Lopes - Miguel Tiago - Jorge Machado - Luísa Mesquita - Honório Novo - Odete Santos - mais uma assinatura ilegível.

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