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jornalismo da TVI, do qual assumidamente não gosta, mas pelo conteúdo, tom e termos que utilizou, impróprios do meu ponto de vista para uma pessoa com as responsabilidade que têm perante o país e incompatíveis com o sentido de Estado que o deve acompanhar em todas as ocasiões e que manifestamente decidiu por de lado, quando decidiu atacar a informação que esta redacção fornece aos seus espectadores. Não vou adoptar esse tom nem essa maneira de actuar, pois estamos seguros do nosso profissionalismo, e do rigor, dedicação e competência dos nossos jornalistas.

É pois serenamente que aqui deixo claro que não sou cobarde, nem me escondo atrás de qualquer moita ou arbusto a montar emboscadas para ir à caça ao homem, movido por ódio pessoal ou persecutório, utilizando para o efeito um dito “telejornal travestido”. Nem eu nem ninguém nesta casa recorre a tais métodos que talvez sejam frequentes em política mas que são inadmissíveis no jornalismo. É evidente que as afirmações de José Sócrates traduzem enorme desconforto perante o jornalismo de investigação que os melhores jornalistas desta casa têm desenvolvido a propósito do caso “Freeport”. Ontem, por sinal, o Primeiro-ministro dispôs de uma excelente oportunidade para esclarecer o país sobre o seu alegado envolvimento no caso mas não conseguiu, não pode, não soube ou não quis fazê-lo. É lá com ele. Preferiu antes atacar a TVI. O modo como o fez, se indiscutivelmente ofendeu profissionais desta empresa, ofendeu-me a mim em particular, último responsável pela informação que aqui se produz, quer na minha honra quer na minha dignidade. Nessas circunstâncias, decidi já avançar para os tribunais com uma queixa contra José Sócrates, não impedindo naturalmente, outros jornalistas de o poderem fazer, se a sua consciência assim o determinar. É preciso lembrar que até agora, a TVI só relatou factos, não inventou as imagens, os sons e as afirmações a que o país tem assistido, no mínimo, com espanto. Muito menos acusámos ou julgámos seja quem for. Isso compete à investigação criminal que está em curso, e as autoridades judiciais, se nesse sentido decidirem. Até hoje ninguém desmentiu qualquer afirmação a este respeito, por nós transmitida. Não há espaço para que quem quer que seja pretenda transformar-se em vítima a partir das nossas notícias. A única vítima até agora parece poder vir a ser a liberdade de informação, tais são os processos de intimidação a que se assistem, que visam condicionar o livre exercício do jornalismo, fundamental e basilar em qualquer sociedade democrática. Por nós, na TVI, tal não acontecerá enquanto eu aqui estiver. Continuaremos a trabalhar da mesma maneira e lutaremos até ao fim na defesa dos valores da independência, isenção e rigor que nos norteiam e que fazem com que milhos de portugueses em nos confiem, respeitando a diversidade de estilos que constituí uma das riquezas da TVI. Não vou alimentar mais polémicas mas é triste e irónico que a poucos dias do 25 de Abril, data da restauração das liberdades, se presenciem tantos e tão insensatos ataques e ameaças ao jornalismo livre.”

II SÉRIE-B — NÚMERO 163______________________________________________________________________________________________________________

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