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20 DE OUTUBRO DE 2017

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imigração, tendo manifestado forte receio de que este partido, nascido em 2011, possa vir a vencer as próximas

eleições.

Foi também evidente a enorme curiosidade acerca da situação política interna de Portugal, designadamente

pelo seu crescimento económico diminuição do desemprego, no pós-resgate. Tal interesse radica, sobretudo,

na discussão em curso na Chéquia relativamente a uma eventual adesão à moeda única, com a qual a maioria

da população não concorda, contrariamente às maiores empresas do país, que vêm no euro uma forma de

facilitar exportações e estabilizar câmbios.

Facto é que a economia checa tem vivido num sistema pragmaticamente dual,4 i.e, mantendo a sua moeda

(Coroa checa), a qual vai sofrendo sucessivas e cirúrgicas depreciações, de forma a manter a atratividade das

suas exportações e os níveis de inflação. Relembrou que na Eslováquia a adesão ao Euro trouxe uma melhoria

muito grande para a sua economia, tendo, por exemplo, catalisado a reforma do respetivo sistema fiscal. Até

pela comparação recíproca de situações — embora essencialmente agrícola, a Eslováquia encurtou em muito

o atraso que vinha tendo para os checos —, trata-se de uma matéria de viva discussão na sociedade checa.

Também os índices de corrupção, segundo explicou o nosso interlocutor, têm vindo a baixar na República

Checa, com consequências que ficaram muito aquém do que inicialmente se poderia conjeturar.

Outro tema de interesse para o Senhor Klepal foi o de tentar entender se a particular solução governativa

portuguesa teria alguma margem de aplicabilidade no seu país, mormente enquanto ferramenta de combate ao

populismo grassante na sociedade local. A aversão à experiência comunista da era soviética, muito viva nesta

zona da Europa, segundo afirmou, seria motivo suficiente para inviabilizar qualquer tentativa de trazer o Partido

Comunista para semelhante experiência.

Ao nível do relacionamento externo, referiu que a diplomacia chinesa tem vindo a manifestar interesse no

aprofundamento de relações, existindo plena reciprocidade para tal. Porém e logo após ter sido oficialmente

recebido o Presidente chinês em Praga, foi igualmente recebido o Dalai Lama, ao que referiu, contra vontade

da diplomacia chinesa, visita que seria organizada pelo Fórum 2000, a que preside o Senhor Klepal.

Instado a explicar o porquê de existirem tão poucos (e)migrantes no país, explicou o Senhor Klepal que a

maior comunidade é vietnamita, já na 3.ª geração, cujos antepassados afluíam à antiga Checoslováquia para

frequentar a Universidade e fugir à guerra. No caso dos migrantes mais recentes, explicou que em 2015 a

matéria foi alvo de grave aproveitamento político, baseado na massificação de informações e notícias

adulteradas pelos media, no sentido de dar a entender a iminência de uma autêntica “invasão” estrangeira, visão

que agora se torna mais difícil de reverter.

III

Findo este encontro, seguiu-se uma curta reunião com a Senhora Embaixadora Manuela Franco, importando,

das suas palavras, sumariar o seguinte:

i. Existe espaço para que o leste europeu — e a República Checa em particular —, possa vir a ter um

peso diferente, para maior, no rol de prioridades da política externa nacional;5

ii. A Embaixada, correspondendo até ao enorme interesse que os checos assumem ter sobre Portugal,6

está disponível para incrementar tais contactos;

iii. Impõe-se aprofundar a compreensão do modo como as relações bilaterais podem repercutir-se no

contexto multilateral. E relembrou que, em setembro último, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto

Santos Silva, efetuou a alocução de encerramento do Seminário Diplomático, em Praga, impulso ao qual

deveria dar-se conveniente seguimento;

iv. Seria extraordinariamente relevante a criação de um grupo parlamentar de amizade;

4 De notar que os sistemas de faturação comercial emitidos no país apresentam o valor transacionado, simultaneamente, em Coroas e

em Euros. 5 Tal particularidade havia igualmente sido evidenciada por vários Embaixadores em postos no Leste europeu — relembramo-nos do

caso sérvio e búlgaro —, onde a procura da língua e cultura portuguesa é razoavelmente grande e tende a crescer. 6 O Centro português em Praga, gerido pelo Instituto Camões, está instalado na própria Universidade local que se ofereceu para acolhê-

lo.