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3.5.2. Expansão dos mega-incêndios

A morosidade e complexidade do processo, assim como limitações inerentes à quantidade e

qualidade da informação disponível e ao tempo atribuído ao mandato desta comissão determinou

que apenas se reconstituísse o desenvolvimento de cinco dos mega-incêndios mais

significativos, a saber: as ocorrências nas matas nacionais do litoral Centro, respetivamente o

complexo de Pataias e Quiaios; e as ocorrências do interior Centro, respetivamente Lousã,

complexo da Sertã, e complexo de Arganil-Seia; o termo complexo designa duas ou mais

ignições cujo desenvolvimento resultou numa mancha queimada única, eventualmente com

focos secundários fora dessa mancha.

Coletivamente, estes cinco mega-incêndios representam 3/4 da área total queimada por fogos

com mais de 10 000 ha com início no dia 15 de outubro de 2017. Qualquer um destes cinco

eventos se expandiu muito para além do(s) ponto(s) de início, cerca de 40 km (Arganil) a quase

60 km (Lousã) em distância linear.

Dada a escala e complexidade dos eventos do dia 15 de outubro consideramos que é mais

relevante incidir a atenção e o esforço de análise e explicação no conjunto global de mega-

incêndios, pelo que as descrições individuais serão sumárias. A apresentação segue a ordem

cronológica em função da hora de eclosão. As áreas ardidas horárias são estimadas e resultam

das linhas isócronas de expansão apresentadas nos mapas referentes a cada incêndio.

Vilarinho-Lousã

Com origem na rede de transporte de energia, o mega-incêndio de Vilarinho-Lousã é o maior de

que há registo em território nacional. A partir da hora de deteção (8:41) necessitou de cinco horas

para queimar 932 ha. Até cerca do meio-dia propagou-se predominantemente de acordo com o

eixo SE-NW. A partir dessa hora uma frente (Serpins) orientou-se a NEE e dirigiu-se para o vale

do Ceira, enquanto a frente principal se expandiu para norte, com rotação para NNE a partir das

18 horas. É essa frente que se desloca muito rapidamente entre as 15 e as 19 horas, cerca de 6

km/h em média, culminando em 8,8 km/h entre as 18 e as 19 horas depois da barragem da

Aguieira e à passagem entre Mortágua e Santa Comba Dão; esta velocidade de propagação

constitui o valor máximo estimado para o conjunto dos incêndios em análise. Velocidades tão

expressivas terão certamente sido facilitadas pelas abundantes projeções resultantes da

predominância do eucalipto no trajeto do fogo.

Das 16 horas às 3 horas do dia 16 de outubro o crescimento em área é consistente e pouco

variável, 2223 ha/h em média. Contudo, a partir da meia-noite cessa a expansão para Norte e o

incêndio sofre uma inflexão para leste e entra numa nova fase, com um pico de expansão de

9138 ha em duas horas (3-5 do dia 16 de outubro) e velocidade de propagação até 5 km/h. Este

crescimento lateral é muito notório em toda a secção oriental do incêndio, mas particularmente

na parte norte, com elevada fragmentação das manchas queimadas. A norte as manchas estão

mais próximas umas das outras e densidade de projeções é maior, a sul a distância entre

manchas ronda 500 m.

17 DE ABRIL DE 2018_____________________________________________________________________________________________________________________

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