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3.3. Incidência por tipo de vegetação

Um estudo anterior revelou que em Portugal o tipo de vegetação não influencia a dimensão

dos fogos com mais de 100 ha de tamanho (FERNANDES et al. 2006b). Consequentemente,

mega-incêndios que se desenvolvam sob a influência de condições tão extremas quanto as

do dia 15 de outubro tenderão a ser muito pouco seletivos relativamente ao tipo de vegetação

que queimam. Tal não invalida que a propagação dos incêndios venha a ser limitada por

alterações no tipo de vegetação ou na estrutura e carga do combustível, ou que se formem

ilhas não ardidas no interior do perímetro do incêndio, frequentemente associadas a situações

topográficas mais húmidas. Desta forma, a distribuição da área ardida por tipo de ocupação

do solo refletirá essencialmente a respetiva representatividade.

O conjunto de incêndios em análise (Quadro 3.2) totaliza 194 164 ha, 86,6% da área ardida

por fogos iniciados a 14-16 de outubro. Genericamente, e com uma só exceção, estes mega-

incêndios são florestais no sentido restrito, ou seja, a área queimada de matos estremes é

minoritária. O pinheiro-bravo foi o tipo de coberto globalmente mais atingido, representando

quase metade do total da área queimada e dominando em todos os incêndios, exceto

Vilarinho-Lousã (eucalipto) e no complexo Seia-Gouveia (matos).

Além dos eventos do Quadro 3.2 são relevantes pela sua extensão os incêndios de Macieira

de Cambra – Vale de Cambra e Fornos de Algodres – Cortiçô, ambos acima de 5000 ha, e

mais oito ocorrências que excederam 1000 ha, nos concelhos da Guarda, Monção, Pinhel,

Sabugal, Vieira do Minho, Castelo branco, Cabeceiras de Basto e Castro Daire, por ordem

decrescente de importância. A localização destes fogos indica em geral predomínio de matos,

pelo que a sua inclusão na análise resultaria em algum acréscimo do contributo deste tipo de

coberto.

Quadro 3.2. Distribuição (%) da área ardida por ocupação do solo nos mega-incêndios alvos de estudo,

designados pelo nome do município em que se deu a ignição.

Ocupação do solo Alcobaça1 Figueira da Foz2

Lousã Sertã3 Arganil4 Seia5 Vouzela6 Total

Pinheiro-bravo 93,79 64,04 34,27 50,64 49,50 19,52 34,42 48,21

Pinheiro-manso 0,01 0,00 0,24 0,00 1,05 0,43 0,01 0,35 Outras resinosas 0,05 0,01 0,17 0,27 0,49 1,89 0,01 0,36 Eucalipto 2,39 17,89 45,39 21,87 6,31 0,65 23,21 19,72 Acácia 1,11 4,45 1,74 0,16 2,27 2,04 0,05 1,69 Sobreiro 0,00 0,00 0,02 0,01 0,01 0,00 0,00 0,01 Castanheiro 0,00 0,00 0,03 0,32 0,20 0,02 0,01 0,11 Carvalhos 0,00 0,00 1,31 0,07 1,88 7,34 7,96 2,00 Outras folhosas 0,27 3,47 8,47 3,76 8,68 3,46 7,17 5,98 Floresta 97,61 89,85 91,63 77,10 70,39 35,36 72,82 78,44

Matos 1,54 2,31 2,33 18,95 17,81 56,67 19,61 14,48

Espaço florestal 99,15 92,16 93,96 96,05 88,20 92,03 92,44 92,92

Culturas anuais 0,44 5,36 0,96 0,17 2,51 2,07 2,90 1,83 Pastagens 0,02 0,45 0,12 0,07 0,95 0,15 2,48 0,53 Vinhas 0,00 0,09 0,25 0,00 0,35 2,77 0,02 0,37 Pomares 0,00 0,01 0,04 0,00 0,25 0,05 0,02 0,09 Olivais 0,00 0,00 0,56 1,47 2,04 0,65 0,01 0,94 Policulturas 0,23 0,88 3,41 2,11 5,09 2,16 0,76 2,75 Agricultura 0,69 6,78 5,35 3,81 11,20 7,85 6,19 6,51

Áreas urbanas 0,16 1,06 0,70 0,15 0,60 0,12 1,37 0,57 1 Agregação de duas ocorrências em Pataias; 2 agregação de Quiaios com várias ocorrências em Vagos; 3 agregação

de duas ocorrências, Nespereira e Figueiredo; 4 agregação de três ocorrências, Esculca (dois pontos de ignição) e,

no município de Seia, Vide e Sandomil; 5 agregação de duas ocorrências, Sabugueiro e Casal Boavista–Folgosinho-

Gouveia; 6 agregação de Albitelhe-Vouzela com pelo menos uma outra ocorrência significativa, não identificável.

A floresta folhosa caducifólia, nomeadamente carvalhal, constitui uma fração significativa (10-

15%) da área ardida pelos mega-incêndios de Esculca-Côja-Arganil, Sabugueiro-Seia e

Albitelhe-Vouzela. Estes tipos de vegetação são potencialmente mitigadores da velocidade e

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