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»a discussão, entendeu que no fim da votação da resposta devia votar-se o bill, e por isso propoz que a commissão de resposta se encarregasse de apresentar esse bill. Esta proposta foi apoiada pela camara, decidindo-se que fosse á commissão, A commissão deu o seu parecer, ficou sobre a mesa, votou-se a resposta, e o que se devia fazer em virtude da resolução da camara? Era votar-se o bill. Agora sobre o que podia haver questão, era sobre a formula da apresentação d'essa proposta; mas em quanto a essencia não póde haver questão, que dê logar a uma reconsiderarão. Não fulmino as reconsiderações; a camara e os homens podem reconsiderar, mas quando se reconsidera é necessario que se prove que ha motivo especial que nos leva a isso. N’esta questão não o ha.

Argumentou-se que o bill devia partir do governo, que devia ser da iniciativa d’elle e portanto ir a uma commissão especial. Nós não sabemos tudo isto? Todos o sabem, mas a decisão da camara sobre a proposta do sr. Casal Ribeiro alterou essa marcha: logo não podemos estar a contrariar o que a camara já decidiu. Lastimo o tempo que estamos a gastar com questões d’esta ordem, porque estamos a convencer o paiz de que estamos a gastar o tempo por capricho. Cada um vote como quizer, e perdoe-me o meu amigo o sr. Xavier da Silva que divirja da sua opinião. Não sou suspeito, dizendo que estou sempre prevenido quando apparece alguma proposta da parte da opposição, e quando estou em duvida do sentido com que ella é apresentada, voto sempre contra: Timeo Danaos.

Aqui não se diz uma palavra que não seja politica, embora se diga que o não é; mas os factos provam; queiramos ou não queiramos, que todas a propostas que se fazem têem um alcance politico, é que lá fóra sr lhe ha de dar a sua significação propria.

Ora eu estou n’este raso, e digo ao sr. Casal Ribeiro, que é da opposição, e que eu sou ministerial: estamos em guerra; e d'aqui a dois dias podemos catar em paz, formando o mesmo partido. Mas n’este raso não sou tão rigorista como o sr. Xavier da Silva, que declarou que era capciosa a proposta do sr. Casal Ribeiro, attendendo-se á sua origem; mas desde o momento em que a maioria d’esta rasa e o governo aceitaram esta proposta, tirou-se-lhe por esse facto todo o caracter de opposição.

Agora, regularmente fallando, o bill de indemnidade devia partir da parte do governo; mas vindo de outra parte e aceitando-o o governo, não ha inconveniente algum, nem entendo que haja tanto interesse em zelar as honras ministeriaes. O governo pediu á commissão de resposta que separasse as duas questões, a de direito e a de responsabilidade ministerial. Todos nós sabemos, mesmo os que vieram aqui a primeira vez, que na resposta não póde ir uma lei, que depois de ser aqui approvada, ha de passar para a outra camara. Se a camara quer com isto abrir novamente a discussão, é darmos lá fóra um testemunho de que queremos outra vez fallar na questão da barra Charles et Georges; e agora o que eu peço, para interesse de todos, é que acabe esta questão e que vamos votar o bill de indemnidade, e quem não o quizer vota contra, e quem o quizer vota a favor. Se todas estas grandes vistas não são para estabelecer a questão novamente no campo em que estava, então não sei para que vem isso.

Portanto o que pedia é que nos concentrássemos n’este caminho, e que não fizessemos uma questão de regimento, quando o alterâmos todos os dias. Não tenho vontade de dizer mais nada.

O sr. Mello Soares: — -Sr. presidente, quasi que vexado fallo n’esta questão; mas como v. ex.ª me concedeu a palavra, uso d’ella, para em breves palavras mostrar as rasões porque voto contra o adiamento. O adiamento foi sustentado pelo illustre deputado o sr. Xavier da Silva. Referirei apenas os principaes fundamentos com que os illustres deputatados entenderam por bem sustentar, e mostrarei, segundo a minha opinião, qual é o valor d’esses argumentos.

O illustre deputado o sr. D. Rodrigo, com uma modestia que o caracterisa sempre, soccorreu-se á sua fraca intelligencia. Não posso concordar nem testemunhar que seja fraca intelligencia, antes pelo contrario, entendo que é muito superior; mas quando mesmo fosse verdade, que não é, que tinhamos nós que um ou outro illustre deputado por falla de intelligencia não tenha entendido uma questão? Que obrigação tinha a camara, para arredor ao conhecimento de um deputado, que talvez não fosse sincero, de protelar uma discussão? Admittido este principio, nunca se julgava materia alguma discutida. O illustre deputado disse tambem que sentiu que o auctor da proposta se désse por satisfeito, e que não está disposto a ir de accordo com os ditos dos outros. Mas s. ex.ª que quer esse direito para si, que ninguem o póde contestar, que está nos seus principios, com que direito o ha de questionar aos outros? Isto não é nada em proporção da proposição que s. ex." avançou, de que quando se apresentou a proposta ainda a discussão não estava senão em meio.

Oh! sr. presidente, medir o principio, o meio e o fim de uma discussão, quando ainda se não sahe a que altura possa chegar, parece-me que é avançar muito! Para s. ex.ª podia estar no meio, para mim podia estar no fim, e para a camara que estava discutida. Já sr vê que este argumento não colhe e não é motivo para sustentar que a discussão deve continuar.

Mas disse o sr. D. Rodrigo, que a principal questão que se tratou foi a questão internacional, e não se trataram dos outros pontos. Perguntarei aos illustres deputados, a todos que fallaram: porque não discutiram todos os pontos da resposta? E entrando ou deixando de entrar em todos elles, que relação tem o bill com esses pontos, á excepção d’aquelle que diz respeito á barca Charles et Georges? Não tinha nada. Já sr vê que quando se (ralasse do bill, a questão devia contrahir-se a esta questão eminentemente grandiosa. Não foi ella tratada até á saciedade? Creio que demais; e que não ha um unico deputado que não lenha habilitada a sua consciencia para votar segundo entender, e segundo quizer sobre ella. Chamar a questão outra vez a lume, é uma occiosidade, é uma superfluidade, para não dizer o epitheto que ella merece. Mas o sr. D. Rodrigo, que muitas vezes não quer que o regimento prevaleça, agora usa (lo regimento, e não foi só elle, foram mais dois illustres deputados. Regimento fatal! É como a boceta de Pandora, d'onde sáe todo o bem e lodo o mal, segundo a vontade de um individuo ou de uma parcialidade; e quando o regimento não faz conta é mau, e quando faz conta é um idolo, diante do qual todos ajoelham! Já se vê que a questão tratada na essencia, está resolvida, e na formula o está tambem. Em consequencia d'isso deixo agora o sr. D. Rodrigo, r vou para o meu lado esquerdo responder a dois illustres deputados que trataram da questão.

Principiarei pelo meu nobre amigo o sr. Xavier da Silva, que me accusou de ler pedido em nome da commissão que a proposta fosse á mesma commissão. Fui, mas estava no meu plenissimo direito. Quem me ha de questionar que eu peça, que esta ou aquella proposta vá á commissão? Digo mais: estou no meu direito de requerer uma cousa que não seja racional. O que posso é passar por homem ignorante, mas o direito de pedir, ninguem me póde questionar, nem o illustre deputado me póde pôr em duvida.

O sr. Xavier da Silva: — Previno o illustre deputado, de que o regimento manda que os srs. deputados fallem para a presidencia.

O Orador: Pois eu me volto para a presidencia; mas 0 illustre deputado disse que não estava cá na segunda feira, e se estivesse, protestava. Quem tem culpa de que não estivesse cá na segunda feira para protestar? -Mas achou o regimento offendido, não eram estas as praticas. Mas, sr. presidente, as praticas são o contrario do que disse o illustre deputado; tanto é pratica vir o governo pedir o bill, como uma commissão ou um individuo propo-lo, e elle aceita-lo. O illustre deputado, e peço-lhe uma reverente licença para fazer uma observação, diz que a resposta não estava completa, e que o bill não estava completo, porque se devia fazer uma lei com relação ao processo. Peço licença para dizer, como hontem tive occasião de observar, que nem o governo linha auctoridade de soltar o processo, nem nós camara temos au-