12 DE JUNHO DE 2014
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Nos livros de Ciência Política alguém tratará de ler o discurso mudo nesta cobardia mal disfarçada e o
discurso mudo não revela qualquer crise de funcionamento das instituições democráticas, antes revela isto,
que, para nosso bem, passa.
Como já foi escrito, estamos a lidar com uma direita que da antiga apenas aproveitou a dimensão cínica,
oportunista e hipócrita e da geração anterior. É a direita das «inventonas».
O Sr. José Magalhães (PS): — Isso!
A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — Como o Tribunal Constitucional nunca chumbou uma única reforma
estrutural, e dizendo o Governo que é o Tribunal Constitucional que impede a governação, fica a confissão que
esta é a direita sem rumo e sem reformas, ou apenas com uma única compreensão da palavra reformar:
cortes.
Aplausos do PS.
A direita dos cortes cegos não engana, não ilude os homens e as mulheres que presam as instituições, que
ganharam o direito a olhar sem fumo para quem faz da política um nota de pé de página imoral. Mas apenas
uma nota de pé de página.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos à Sr.ª Deputada Isabel
Moreira, o Sr. Deputado António Filipe, do PCP, e a Sr.ª Deputada Cecília Honório, do BE.
A Sr.ª Deputada Isabel Moreira acaba de informar que responde aos dois pedidos em simultâneo, para o
que dispõe de 2 minutos, assim como os Srs. Deputados para pedirem esclarecimentos.
Tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe-
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Isabel Moreira, quero saudar a sua
intervenção, que trouxe a este Plenário uma questão que já tinha sido de certa forma abordada na declaração
do Sr. Deputado António Braga, respeitante à gravidade da atitude tomada por altos responsáveis do PSD em
relação ao Tribunal Constitucional.
Sublinho que, ao contrário daquilo que a direita procura fazer crer à opinião pública, não se trata do
exercício do direito à crítica ou à discordância relativamente a uma decisão judicial.
Todos temos direito à discordância e a emitir uma opinião contrária a uma decisão judicial. Mas aquilo com
que estamos confrontados não é isso. Esta atitude já passou por várias fases. Começou pela crítica, pela
discordância, depois passou à chantagem. Depois da chantagem passou à ameaça. Agora estamos perante
algo de uma enorme gravidade do ponto de vista democrático e do ponto de vista do funcionamento das
instituições democráticas, que é termos altos responsáveis políticos do PSD a dizer: «Enganámo-nos na
escolha porque, afinal, os juízes que escolhemos para o Tribunal Constitucional não fazem aquilo que nós
queríamos, não decidem politicamente segundo aas nossas orientações, decidem — imagine-se! — pela sua
consciência, decidem de acordo com o entendimento que fazem da Constituição».
Imagine-se o crime de «lesa pátria» que o é o facto de os juízes do Tribunal Constitucional decidirem de
acordo com a Constituição e não de acordo com aquilo que o Sr. Primeiro-Ministro e os Membros do Governo
pretendiam que se decidisse!
Depois, disseram ainda que deveriam pensar em sanções jurídicas a aplicar aos juízes do Tribunal
Constitucional — imagine-se! — porque eles decidem aplicar a Constituição e fazer cumprir a Constituição.
Sr.ª Deputada, isto é, de facto, de uma gravidade extraordinária, tanto mais que estas declarações são
feitas sem que haja, da parte do PSD, qualquer desautorização dos dirigentes que fazem declarações deste
teor.
A questão que se deve colocar é a de saber se esta atitude de confronto, diria, de guerra aberta, contra o
Tribunal Constitucional não configura uma violação gravíssima do relacionamento que deve existir entre
instituições da República. Pergunto se não estamos perante uma atitude que põe seriamente em causa o
Resultados do mesmo Diário
, o Governo rouba nos salários, rouba nas reformas, ataca a contração coletiva, ataca os serviços
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do Orçamento do Estado para 2014 está a tornar-se insuportável. Refiro alguns exemplos
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em encetar uma verdadeira reforma estrutural de um Estado que cresceu desmesuradamente, acumulando
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de médio prazo sobre a sustentabilidade da dívida pública e sobre as reformas para estimular
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do debate sobre a criação da comissão eventual para a reforma do Estado,… Vozes do PSD
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do Estado, há reformas dos sistemas públicos —, o que aqui dissemos foi o seguinte: «Há um calendário
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realmente contará deste incidente. No primeiro Orçamento do Estado, quando o Governo, ao arrepio
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