I SÉRIE — NÚMERO 13
2
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr.as
e Srs.
Jornalistas, Sr.as
e Srs. Funcionários, temos quórum, pelo que declaro aberta a sessão.
Eram 10 horas e 5 minutos.
Solicito às autoridades que abram as galerias.
Peço aos Srs. Membros do Governo e às Sr.as
e Srs. Deputados que tomem os seus lugares.
Srs. Deputados, vamos continuar o debate sobre o Programa do XXI Governo Constitucional. A Mesa
pensa concluir o debate durante a manhã, deixando para a tarde o encerramento do mesmo e a votação.
Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Há
quem tenha ido votar, no dia 4 de outubro, acreditando que a sobretaxa iria ser devolvida e que o esbulho
fiscal seria ressarcido. Há quem tenha encontrado, na promessa de uma economia a crescer, a redenção
pelos sacrifícios que sofreu. Há quem pensou que a asfixia da escola pública ou do SNS seria agora
compensada com um défice finalmente controlado.
Não deixa, por isso, de ser estranho que a direita, tão empenhada em repetir à exaustão a teoria da
ilegitimidade do Governo, como se os Deputados e Deputadas eleitos não tivessem todos a mesma
legitimidade na criação de soluções de governo, e que tanto falou de ilegitimidade neste debate, não tenha
encontrado, ainda, um segundo sequer para falar da fraude eleitoral que foi a sua campanha.
Aplausos do BE e do PS.
Não há uma palavra sobre a sobretaxa, que, afinal, não é devolvida. Foi tudo mentira! Nada sobre a
economia estagnada e de não haver meio de o desemprego descer, depois de todos os anúncios da
recuperação que, afinal, não chegou e de todos os sacrifícios que impuseram! Nada mais sobre um falhanço
da meta do défice, sobre os continuados problemas do sistema financeiro, sobre a dívida, que triplicou, depois
de tudo o que fizeram o País passar!
Ao Bloco de Esquerda os números que têm vindo a público não surpreendem, dissemo-lo desde logo:
propaganda e mentira!
Protestos de Deputados do PSD.
A confirmação pública e oficial do que era evidente não nos sossega, não gostamos de más notícias para o
País, mesmo quando nos dão razão —, mas é mais uma demonstração da absoluta necessidade de uma
solução de governo que afaste PSD e CDS e que possa travar o empobrecimento do País.
Tirem-nos de lá! «Tirem-nos de lá» era a exigência de um País farto de ser enganado e que não suportava
mais empobrecimento, e foi a esta exigência que respondemos!
O acordo que foi possível estabelecer para uma solução maioritária que trave o empobrecimento não
assenta apenas no afastamento da direita, o que já não era coisa pouca. Assenta em compromissos concretos
para reconstruir direitos laborais, recuperar salários e pensões, proteger o Estado social, travar privatizações.
O empenho do Bloco de Esquerda, na criação desta solução, será o mesmo para que seja bem-sucedida a
partir do dia de hoje. Sem ambiguidades, mas também sem transigências, seremos garantia do cumprimento
do acordo para travar o empobrecimento.
Aplausos do BE e do PS.
E do mesmo modo franco com que participámos na construção desta solução e com o mesmo empenho
com que a defenderemos quotidianamente, comprometemo-nos, também, a não abdicar do nosso programa.
Fazê-lo seria abandonar a força que permitiu este acordo. Foi quem votou pela mudança, quem com o seu
voto reforçou o Bloco de Esquerda, que provocou a alteração da relação de forças no Parlamento e abriu
portas à esperança que alimenta o compromisso que sustenta um Programa para parar o empobrecimento.