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4 DE DEZEMBRO DE 2015

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É uma questão de aritmética: 107 são menos do que 122. Dito de outra forma, antes, os dois — PSD e

CDS — podiam mais do que todos os outros, nesta Assembleia da República; agora, os dois podem mais do

que um, mas não podem mais do que quatro.

Aplausos do PCP, do PS, do BE e de Os Verdes.

Se quiserem, ainda de uma forma mais clara: comparando a Assembleia da República que temos hoje e a

que tínhamos antes das eleições de 4 de outubro, quais foram as únicas forças políticas que perderam votos e

percentagem nas últimas eleições? O PSD e o CDS!

Quais foram as únicas forças políticas aqui representadas que perderam Deputados? O PSD e o CDS!

Quais foram as únicas forças políticas que viram reduzida a sua expressão parlamentar, perdendo a

maioria de que dispunham? O PSD e o CDS!

Se PSD e CDS foram os únicos a perder, não podem continuar a dizer que ganharam as eleições.

Aplausos do PCP, do PS, do BE e de Os Verdes.

E, sobretudo, Sr.as

e Srs. Deputados do PSD e do CDS, não podem querer impor a vontade de 107

Deputados a outros 122, como se isso correspondesse a alguma regra da democracia.

A vontade popular expressa nas eleições não atribui aos vossos 107 Deputados a possibilidade de

imporem aos outros 122 a vossa pretensão de governar. A vontade popular expressa nas últimas eleições

compôs esta Assembleia da República de forma a que houvesse uma maioria de Deputados que rejeita a

continuação do Governo PSD/CDS e que criou condições para que haja uma solução governativa diferente,

com um Governo do PS.

Insistirem na tese da ilegitimidade de qualquer solução governativa que não passe por um governo do PSD

e do CDS é insistirem no desrespeito pela vontade popular.

Ao PSD e ao CDS pode parecer incompreensível terem de deixar de governar, mas os milhões de

portugueses que lutaram e fizeram tudo o que podiam para vos derrotar, incluindo os 700 000 portugueses

que deixaram de votar no PSD e no CDS, porque não vos queriam mais no Governo, esses milhões de

portugueses que quiseram, nas ruas e nas urnas, livrar-se do Governo PSD/CDS fizeram sacrifícios que não

podem ser desperdiçados, e é com isso que PSD e CDS devem conformar-se de uma vez por todas.

Aplausos do PCP, do PS, do BE e de Os Verdes.

Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Membros do Governo, Sr.as

e Srs. Deputados: PSD e CDS têm preferido

entreter-se a descobrir o que nunca foi escondido. Surpreendem-se com diferenças e divergências entre o

PCP e o PS que não são de hoje, nem nunca foram escondidas, e procuram concentrar todas as atenções

mediáticas em aspetos secundários que durarão tanto quanto a promessa que fizeram de devolução da

sobretaxa.

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Ainda assim, tivemos já neste debate, em intervenções do PSD e do CDS,

uma amostra da visão que teríamos como futuro, se os dois continuassem a governar.

Ambos, PSD e CDS, criticam as medidas de recuperação de rendimentos, de salários e de pensões,

porque permitem o aumento do consumo e isso é errado, em termos abstratos.

Sr.as

e Srs. Deputados do PSD e do CDS, o aumento de consumo que possa resultar da recuperação de

rendimentos que está em perspetiva não é o aumento de consumo que os senhores promoveram e que se

traduziu no aumento da venda de produtos de luxo, nomeadamente de automóveis de luxo, em anos de crise.

A realidade é outra!

No País, que os senhores já não desgovernam, as vossas políticas deixam mais de um em cada quatro

portugueses na pobreza, num total de quase 3 milhões de pobres. Pior do que isso: há um em cada quatro

portugueses que se encontra em privação material, o que significa que não tem dinheiro para manter a casa