6 DE FEVEREIRO DE 2016
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O Sr. Presidente: — Boa tarde, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr.as
e Srs. Funcionários, Sr.as
e Srs. Jornalistas,
declaro aberta a sessão.
Eram 15 horas e 5 minutos.
Peço às autoridades que abram as galerias.
Como não há expediente, vamos entrar de imediato no primeiro ponto da ordem do dia, com a discussão
conjunta e na generalidade dos projetos de lei n.os
15/XIII (1.ª) — Estabelece o princípio da não privatização do
sector da água, através da alteração à Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro (Aprova a Lei da Água), com as
alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 60/2012, de 14 de março, e pelo Decreto-Lei n.º 130/2012, de 22
de junho (Os Verdes) e 116/XIII (1.ª) — Impede a mercantilização do abastecimento público de água, de
saneamento de águas residuais e de gestão de resíduos sólidos urbanos (PCP).
Para apresentar o projeto de lei de Os Verdes, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Os Verdes reapresentam
hoje na Assembleia da República um projeto de lei que visa fazer uma alteação à lei-quadro da água no
sentido de nela inscrever um novo princípio, o princípio da não privatização do sector da água.
Todos sabemos que a água é fundamental à vida humana e a todas as outras formas de vida. Sendo
essencial, ninguém pode prescindir dela. E isto, Sr.as
e Srs. Deputados, torna este sector profundamente
apetecível para o negócio privado. E aquilo que Os Verdes dizem é que a água é um direito, não é uma
mercadoria, e, neste sentido, é fundamental que a gestão pública da água seja assegurada e contrariar a
gestão privada da água. Porquê? Porque esta gestão deve ser feita em função das necessidades das
populações, da necessidade do território, da necessidade de desenvolvimento e não da necessidade de
garantia do lucro das empresas. Ou seja, não deve ser gerida em função dos interesses das empresas mas,
sim, em função dos interesses do País e das populações.
O certo, Sr.as
e Srs. Deputados, é que, desde os anos 90, paulatinamente, se vêm dando passos no sentido
de abrir o sector da água ao sector privado, designadamente com diversas reestruturações do sector da água
que têm vindo a ser feitas.
Na Legislatura passada, Os Verdes entenderam que era tempo de, de uma vez por todas, consagrar na lei
aquilo a que não se poderia chegar, que era a privatização do sector da água. Infelizmente, este projeto foi
chumbado pelo PSD, pelo CDS e pelo PS.
Estamos, nesta Legislatura, a reapresentar o projeto, com um trabalho previamente feito. Na posição
comum que assinámos com o Partido Socialista, Os Verdes fizeram finca-pé relativamente à matéria da não
privatização da água, e o Partido Socialista aceitou.
Nesse caso, Sr.as
e Srs. Deputados, estamos disponíveis para aperfeiçoar o texto do nosso projeto de lei,
mas o que queremos, de facto, é que o princípio fique consagrado na legislação nacional.
Aplausos de Deputados do PCP.
O Sr. Presidente: — Para apresentar o projeto de lei do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana
Mesquita.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A vida, tal como a conhecemos, não
existe sem água. E é o facto de ninguém poder viver sem água e de não poder haver desenvolvimento sem
água que a torna tão tentadora e tão apetecível para o sector privado, que vê neste recurso finito uma infinita
fonte de lucro. Só que, quando falamos de água, falamos de direitos fundamentais, falamos de direitos
humanos, tal como reconheceu a ONU numa resolução do Conselho de Direitos Humanos.
Assim, há que pôr as coisas às claras: privatizar a água é privatizar um direito fundamental, e isto só pode
ser considerado como inaceitável.
No nosso País, desde 1993 que se tem caminhado a passos largos no sentido da privatização, com a
aprovação de um conjunto de leis que permitem uma maior participação de entidades privadas na gestão de
serviços públicos de águas e de resíduos sólidos urbanos.