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ao grande e imperioso fim da defeza que governo póde, ser brando, moral, respeitador dos direitos, individuais, e protector da justiça, e da ordem? Nenhum, Sr. Presidente; e aquelle que se, esquece da, sua posição, e quer tomar os habitos do tempo de paz, acaba deshonrado, e com o crime de ter deixado perder, o paiz que lhe cumpria deffender. (Apoiado, apoiado.)

Sr. Presidente, a guerra; terna commum a situação de, todos os governos, e, igual a sua politica; felizmente ou Governo da Terceira soube conhecer, este grande, principio, e sujeitar-se às consequencias. Foi um Governo tão, irregular, como eram irregulares ás circumstancias, em que elle se achava. A diferença que; ha nestas circumstancias, entre governos regulares, e irregulares, é que, os regulares, depois de anda a guerra tratara seriamente de indemnisar os cidadãos de todas as perdas, que por elles tiveram; de reparar todas as ruinas, que ella causou; pagar todas as despezas, que se fizeram; mas a respeito das Ilhas é mister confessar, que os nossos, Governos não tem sido regulares; porque depois da paz fecharam-se os, olhos a, todos os soffrimentos dellas.

Nós chegamos á Terceira, e d'ahi era diante, converteu-se ella em uma praça d'armas: parou a industria, parou o commercio, e não parou a agricultura, porque nós precisavamos dos produtos della para nosso sustento; os filhos da Terceira com a enchada, com que abriam, a terra para as sementeiras, levantaram as trincheiras, e abriam, os fossos combatiam conmosco nas mesmas fileiras,
davam-nos todos auxilios para combater, e toda a consolação para os desastres da guerra. Na Terceira, Sr. Presidente, só se tratava da defeza, e tudo era sacrificado a este grande objecto. Depois tratou-se da conquista das outras ilhas, e com os meios que nos dava a Terceira, podemos, faze-la som quebra do credito das nossas armas. Quando parecia que estavam acabados os trabalhos para os Açorianos, quando uma quadra de descanço se esperava, e desejava, então nós lhe dissemos: - Agora é preciso que nos acompanhem a, Portugal; resta acabar a nossa obra; uma grande campanha nos chama. Disse-se, e executou-se. Fez-se um recrutamento horroroso, que pesou sobre todas as ilhas, e a juventude açoriana acompanhou-nos para Portugal. Eu fiz parte dessa expedição, mas alguém lá ficou que me contou as acenas - melancólicas, que alli se passaram durante a campanha, de Portugal. Longa era a demora das nossas correspondências: quando se divisava algum navio juntavam-se nu praia as mais, os pais, os filhos, as esposas, e algumas outras, que esperavam sê-lo (Riso.), e às vezes esse temido, e desejado navio,, mandava para terra uma noticia de morte, e de lucto geral, Eis-aqui, Sr. Presidente, o que fizeram as ilhas, e o que soffreram pela nossa causa, isto não soffreu terra alguma em Portugal.

Diz-se que as ilhas passaram descançadas o tempo da guerra peninsular, em quanto sobre Portugal pesaram todos os incommodos d'uma companha devastadora. Sr. Presidente, nas Ilhas não se, vê a pegada do soldado conquistador, mas ver-se a pegada da guerra, dessa fúria que deixa vestigios, mesmo no territorio, que não pisa; eu lá vi ainda parapeitos meios destroçados, baterias arruinadas; e
perguntando aos filhos do paiz para que se tinham construido tantas fortificações, elles me responderam: - Isso foi da guerra do francez (é frase delles); então, Sr. soffremos nós grandes desgraças, soffremos.... soffremos... Ah! que o recitado do que então ouvi, seria a resposta a mais concludente á historia de exagerados descanços, e fortunas, de que se nos pintaram gosando os açorianos no tempo da guerra peninsular! Nas ilhas não se vê a pegada do soldado conquistador; mas veem-se os vergonhosos documentos, do desprezo e desleixo de todos os nossos governos. Sr. Presidente, entre nós, a acção das medidas bemfeitoras, as mais das vezes, não passa da cabeça dos homens d'estado, que as conceberam; as aguas do Oceano principalmente, afrouxam-na, de todo. A's nossas possessões ultramarinas só chega o, mal, e raras vezes apparece o bem.

Tambem se disse que se não sabia como o recrutamento iria deixar augmentar a emigração nos Açores; e eu julgo que isto é muito facil de conceber. Qualquer incommodo faz deixar a terra, ao habitador, que nella não está bem. Nos Açores a classe mais numerosa vive em uma especie, de, servidão pessoal; os possuidores de, terras são, poucos, são os morgados; elles pagam os serviços do campo com os productos, que o campo lhes dá; mas pagam-nos pelo, preço, que lhes parece, e, ha trabalhador que tem o seu braço empenhado pelo sustento, que consumiu ha mezes. Muitas vezes com, o trabalho d'uma semana, apenas pagam o trabalho de uma semana apenas pagam a sustentação de tres dias. Quem assim vive não deixará por pouco tão ingrata terra? O recrutamento sem duvida augmentará a emigração dos Açores.

Diz-se, nas ilhas não se gosta do recrutamento porque em parte nenhuma se gosta delle. Nós não devemos condescender com esta repugnancia: assim será mas ouçam este facto, talvez seja o único a respeito de recrutamento na historia portugueza. Quando se faziam recrutamentos pelo antigo systema de vilencia nas ilhas dos Açores inutilisavam-se os moços, morriam de fome pelas brenhas para fugirem ás armas fez-se um recrutamento por ordem da Regencia, pelo methodo porque se costuma fazer em toda a parte, e os recrutados correram sem hesitação ao sorteamento, e depois ás levas no logar e hora aprasadas,. Houveram algumas ilhas em que os pais de familia se reunram e disseram entre si: - pedem.nos tanto filhos, vamos vêr quaes havemos dar, e quaes nos fazem menos falta. Depois de ter accordado entre entre si o mlhor modo de satisfazerem aos seus deveres, sem offenderem os seus interesses, elles mandaram apresentar ás authoridades os moços que tinham apurado em suas reuniões familiares. Nas ilhas obdece-se só quando há razão, justiça, e bom modo de mandar. E preciso não perder de vista que aqui não se trata de uma exepção, trata-se de justiça; exigindo-se das ilhas agora um recrutamento exige-se mais do que de Portugal. Fez-se um recrutamento cá no continente; mas para que? Para defender o usurpador!

Sr. Presidente, a questão veio complicar-se ultimamente com os parallelos; a comparação?............Concluo votando pelo parecer da Commissão.

Tendo dado a à ura, adiou-se a discussão.

O Sr. Vice-Presidente disse que a ordem do dia para à sessão seguinte seria a mesma, que fora dada para a de hoje; ç levantou a sessão depois dag quatro horas da tarde.

SESSÃO DE 18 DE MARÇO.

(Presidencia do Sr. Dias d'Oliveira, Vice-Presidente).

Abriu-se a sessão pelas onze horas da manhã, estando presentes noventa e nove Srs. Deputados.

O Sr. Secretario Rebello de Carvalho leu a acta da sessão precedente, e foi approvada.

O Sr. Secretario Vellozo da Cruz deu conta da seguinte correspondencia.

1.º Um officio do Ministerio dos negocios do reino, remettendo para serem presentes às Cortes, vários papeis relativos á divisão do território. A
Commissão, d'estatistica.

2.° Outro do Ministério dos negocios da fazenda, rémettendo sete exemplares do orçamento da despeza do Ministerio dos negocios do reino para o anno economico de 1837 a 1838, para serem distribuidos pelos membros, da Commissão d'admnistração publica. Assim se verificou.