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Que esse homem mudou de opinião, e por signal a favor da annexação para Abrantes! Temos por tanto que isso não é argumento contra producentem: além de que, um só homem nada prova. Oppostas representações vieram á Commissão, umas que pediam a annexação, e outras que pediam o contrario, estamos pois iguaes por este lado, e então vencerá o numero e não foi ainda negado que duas são em um sentido, a favor de Abrantes, e uma informe a favor do Gavião: o Congresso decidirá tambem sobre isto. Quando a notar-se que a Commissão foi muito indulgente, fazendo regressar para o concelho da Abrantes tantas das freguesias desanexadas delle pela nova divisão territorial dos concelhos, privando dellas os concelhos limitrofes, que as haviam adquirido, digo que a Commissão resolveu fazer outra vez juntar a Abrantes muitas das freguezias desannexadas, e porque conheceu, a injustiça (ou antes precipitação) praticadas na divisão d'aquelle districto. Nós não temos uma lei que marque o numero de fogos, que deve ter
como me parece aconteceu com o concelho de Thomar, outros menores, como succedeu ao de Abrantes, que ficou reduzido a pouco, mais de metade da sua população; e dada: esta desigualdade, onde havemos de ir buscar uma razão, que nos guie? A importancia dos concelhos. E quantos concelhos no reino, se poderão reputar mais importantes do que o de Abrantes? Chave de tres provincias, onde tem de soffrer-se tudo, quando haja qualquer movimento de guerra, satisfazer a tantas, requisições de transportes de todas as especies, as exigencias das tropas estacionadas; e tem transito, e das repartições civis e militares, tanto de ambolancia como permanentes n'aquella praça? etc. E então porque Abrantes teve a desgraça: de nunca lhe serem attendidas as suas reclamações, e porque não tivesse um só procurador, e ficou, para assim dizer, sem padrinho, na junta de districto, para a qual os póvos appellnram logo, entendeu-se por isso que elles não mereciam ser atendidos? Em tempos criticos como poderá um concelho, como está Abrantes, satisfazer as requisições daswa capital? Se houver qualquer movimento repentino, em consequência do qual precisem alli passar tropas, como sempre aconteceu n'aquelle ponto tão central, e que se ressente tanto das com moções acontecidas no reino, como o coração a respeito de todo o corpo, como se hão de preencher as exigencins rápidas do serviço publico, se Abrantes não poder contar com os recursos dos póvos, que compozerem o seu concelho? É impossivel.

O concelho de Abrantes tinha, dezesete freguezias, das quaes lhe tiraram dez, ficando por conseguinte com sete: acha-se na verdade tão providentemente organisada, e com tanta commodidade, que as torres, da sua desmoronada praça podem, por assim dizer com sua ferrugenta, e grossa artelharia, defender todos os habitantes do concelho, salvas poucas excepções, e faze-los recolher com um toque de sino de recolher da sua casa da Camara! E eis-aqui porque appareceram tantas representações, e recusações dos póvos contra a desannexação; porque, o que disse o Sr. Soares Caldeira não é o facto como elle existe, pois foram os póvos d'Alvega dos primeiros que reclamaram contra a sua annexação ao Gavião, logo que apparecea a idéa da nova divisão do território, e a sua primeira representação junta á da Camara d'Abrantes, que é feita em nome dos póvos, e não por simples particulares. Já lá vai o tempo, em que os camaristas tinham a preponderância nos conselhos, e o tempo em que, segundo dizem os Srs. Deputados, que impugnam esta pertenção, os cargos dos municipios andavam como em patrimonio de certas pessoos da governança; hoje os póvos usam muito bem do sen direito em escolherem os seus procuradores municipaes e depressa os mudam, se lhes não agradam. Essa primeira representação existe no sentido dos póvos se pronunciarem altamente, dizendo que não queriam ser desmembrados do concelho d'Abrantes, e foi presente neste Congresso pelo Sr. Deputado Raivoso. Quando eu tive a honra de tomar assento n'este Congresso, (em 15 de Março) havia uns dias que se tinha trazido a Lisboa a segunda representação, que é a primeira em que fallou o Sr. Deputado por Lisboa, e observei que só está acreditada pela assignatura que ahi pôz de proximo Sr. Soares Caldeira; depois appareceu uma, que eu apresentei neste Congresso, que foi trazida pela juiz de paz, mandado para isso por aquelle povo, e em que os póvos se queixam da extorsão, que se fez a alguns individuos d'entre elles, por um homem, de mau caracter; e traz duzentas assignaturas reconhecidas:

Temos por tanto o voto de dous Deputados contra o de um (por mais respeitavel que este seja, por maior o seu peso); e temos duas representações do mesmo povo contra uma que se fez a favor da annexação ao Gavião; para conhecer da conveniencia local, o Congresso póde examinar o mappa, e decidir como entender. Ora a mim parece-me que está destruido o fundamento da segunda representação, que diz o Sr. Soares Caldeira ser, o obrigarem os barqueiros de Alvega a pagarem o imposto do carvão, estabelecido nos portos do concelho d'Abrantes. Por decreto de 4 de Fevereiro de 1835 foram as municipalidades anthorisadas para lançar impostos directos, indirectos, ou mixtos, a fim de occorrerem aos encargos dos respectivos concelhos; e a Camara d'brantes julgou estar no seu direito quando lançou um vintem por cada sacca de carvão, que embarcasse nos portos do concelho d'Abrantes para exportação; mas os habitantes d'Alvega, que estão persuadidos; ou antes por alguem illudidos, de que se forem para o concelho de Gavião não pagariam esse imposto, nem outro que tal, querem agora desannexar-se d'Abrantes; mas este imposto já está hoje acabado, e mais não fica ao arbitrio das camaras pela disposição do novo codigo administrativo, e por tanto nem este motivo tem a seu favor, porque o decreto mencionado só tinha força por um anno. A falta de consumo, e pouca importação da pequena villa do Gavião, fazem que alli não appareça muitas vezes um arratel de manteiga para levar a Alvega, se lá se for procurar, assim como quasi tudo; de que se fornecem os póvos das aldeias por miudo; alli ha falta de medicos, de peritos de boticas, de tudo; aquelles póvos todos dependem d'Abrantes; quando quizerem ir buscar os materiaes necessarios para concerto, e factura, de seus barcos, hão de ir a Abrantes; no Gavião não ha um só calafate, nem um official, nem cousa alguma para semelhantes obras. Estou bem persuadido de que as minhas razões são de convicção, a pezar d'ellas serem inteiramente em opposição com as idéas do meu illustre amigo o Sr. Soares Caldeira. Reduziram-se tambem os argumentos do illustre Deputado a dizer que a Camara d'Abrantes quiz arrogar a si os direitos, e pagamentos dos moradores de Alvega, e não tinha feito obras, em proveito da mesma freguezia: sobre isso tinha feito tambem aqui meus apontamentos, e então já disse que a despeza da estrada, que se acha em tão mau estado, sempre esteve a cargo do concelho do Gavião, por lhe pertencer. Tenho pois combatido esses argumentos, e, recapitulando digo dous Deputados igualmente desinteressados informam este Congresso da necessidade de ficar Alvega pertencendo d'Abrantes; demonstra-se isto pelo mappa, demonstra-se pela conveniência, e pela vontade dos póvo assaz manifestada por duas representações, e de muito grande numero de assignaturas; porque a segunda é de duzentas assignaturas; ora numa freguezia, que tem trezentos e cinco fogos, duzentas assignaturas masculinas são alguma cousa. Por consequencia o Congresso tome isto em consideração; tome mais em consideração, que á vista destas representações é bem manifesta a vontade dos póvos; e se o Congresso lhes não deferir, elles não poderão deixar de submetter-se certamente; mas será com uma resignação bastante forçada, e tanto mais pela desigualdade de decisão, em igual-