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74 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

quanto ha de verdadeiramente liberal em Portugal (Apoiados) desde as reformas constitucionaes até ao alargamento do suffragio; desde a extincção de privilegios economicos ate á realisaoão do uma politica colonial que, representada nos nomes de Andrade Corvo, Pinheiro Chagas e Julio de Vilhena, manifesta um espirito largo, aberto a todas as innovações do progresso, e nunca preso a quaesquer antigualhas. (Muitos apoiados.) Sim, somos soldados d'essa conservação e regeneração ao lado da qual o illustre deputado combateu ainda ha dias, o a que se deve até a liberal reforma do municipio de Lisboa. (Apoiados.)
São assim os conservadores; são os regeneradores que vem de 1852, e que, ao menos, têem um merecimento: não são esquecidos dos actos que praticaram hontem, nem do respeito devido áquelles que nos fizeram, a nós, herdeiros do nome do nosso partido.
Não são esquecidos relativamente á attitude que hontem assumiram; e hoje, sempre regeneradores como hontem, hoje em 1890, regeneradores como eram em 1852, estarão n'este logar emquanto tiverem todas as condições de governo, não permittindo a mais pequena macula, a mais ligeira nodoa em tudo quanto respeite á honra e ao timbre do nome portuguez, o pretendendo ser os interpretes leaes, fidedignos, serenos, mas firmes e valorosos dos sentimentos do paiz.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem.
(S. exa. não reviu as notas tachygraphicas.)
O sr. Presidente: - A commissão de inquerito aos negocios do caminho de ferro do Salamanca fica composta dos seguintes membros:

Antonio Eduardo Villaça.
Augusto Fuschini.
Firmino João Lopes.
Francisco de Almeida e Brito.
Francisco Felisberto Dias Costa.
Francisco José Machado.
João Candido Furtado Dantas.
José Dias Ferreira.
José Julio Rodrigues.
Luiz Emilio Vieira Lisboa.
Luiz de Mello Bandeira Coelho.

O sr. Francisco Machado: - Discursa largamente, commentando o programma, do governo, e dirigindo-lhe algumas perguntas. Fica com a palavra reservada.
(S. exa. não restituiu o discurso a tempo de ser pullicado n'este logar.)
O sr. Barbosa de Magalhães: - A gravidade e a urgencia do assumpto que desejo tratar, obrigam-me a roubar alguns minutos á camara; mas serão poucos.
Vejo com estranheza o governo, representado n'esta camara, extraordinariamente, por um membro só, e de certo o menos competente para responder ás perguntas que lhe vou dirigir e que já hontem annunciei, sobre objecto alheio á sua pasta.
Refiro-me aos gravissimos conflictos e desordens de Ovar, que deviam ter merecido ao governo, pelo menos, a considoracão de os vir communicar ao parlamento, tanto mais que sobre elles já foi aqui interrogado por mim na sessão anterior.
Eu desejo sabor que noticias tem o governo d'esses acontecimentos, quaes as providencias que tomou para os impedir e castigar, e se está sinceramente, efficazmente, disposto a manter a segurança individual e a paz publica n'aquelle importante concelho.
Aguardo a resposta do sr. ministro, e peço desde já a v. exa. que me reserve a palavra para fazer depois as considerações que essa resposta me suggerir.
O sr. Ministro da Marinha (João Arroyo): - Não me occorreu, quando respondi ao sr. Fuschini, referir-me á parte do discurso de s. exa. em que estranhou a ausencia dos meus collegas d'esta capa, o que tambem agora acaba de fazer o sr. Barbosa de Magalhães.
A arguição parece-me injusta. Não esqueçam s. exas. que o gabinete tomou conta das pastas, ha quarenta e oito loras apenas, e que o seu caminho não é de rosas e de facilidades; alem do que, todos sabem que, nos primeiros dias, os ministros o ministerios vêem-se obrigados a attender a certas necessidades do serviço publico, que se impõem pela urgencia.
Relativamente aos factos a que o sr. Barbosa de Magalhães se referiu pouco posso dizer.
O governo teve participação resumida d'esses factos: e o meu collega da respectiva pasta providenciará, firmemente decidido a manter a ordem n'aquella localidade e a fazer entrar tudo dentro do respeito á legalidade.
A villa de Ovar, que o iliustre deputado conhece perfeitamente, está em um estado anormal, o que eu deveras lamento; mas ao governo regenerador, como a outro qualquer, incumbe a obrigação de ser verdadeiramente energico e firme para tirar aquelle desgraçado concelho d'essa deploravel situação, fazendo com que a lei seja ali comprehendida e a segurança dos cidadãos garantida. (Apoiados.)
N'estes termos podo o illustre deputado ter a certeza de que encontrará no governo um firme esteio e um seguro penhor á realisação dos desejos que acabou do manifestar.
(S. exa. não reviu as notas tachygraphicas.)
O sr. Barbosa de Magalhães: - Uso novamente da palavra para agradecer ao sr. ministro da marinha, não a sua resposta por que a não tive, mas a boa vontade que mostrou de dar-m'a. É pois que o faço, não posso tambem deixar de dizer-lhe que fui sobretudo menos justo quando affirmou que o estado da villa de Ovar é, ha muito tempo, anormal.
Creio que s. exa. se quiz referir aos acontecimentos que ali se deram ha tres ou quatro annos; mas devia lembrar-se, o acrescentar que de então para cá nunca mais a paz publica foi alterada senão agora.
O illustre ministro da marinha sendo assim preoccupadamento injusto com aquella teria laboriosa e honrada, dá-nos também a nós o direito do suppor que o governo não será tão imparcial e recto, como lhe cumpre, na acção que promotte exercer para manter ali a ordem.
Pareceu me ver nas entrelinhas do seu discurso um sentimento do vingança de factos antigos e julgados. Deus livre o governo de, que assim seja. E Deus nos a livro nós imaginar que os actuaes ministros da corôa hajam subido ao poder para serem instrumento cego de vinganças partidarias e de rancores pessoaes.
N'estas graves circumstancias em que se encontra o paiz, eu não quero levantar difficuldades ao governo e muito menos em questões de ordem publica; limito me por isso a pedir-lhe que de fórma alguma inspire os seus actos em sentimentos de revindicta ou de vingança, e que muitos menos ainda tente justificar assim os graves altentados que ali se estão praticando contra a liberdade e a vida dos cidadãos.
Devo sinceramente declaral-o: se poço energia e severidade na manutenção da ordem publica em Ovar, é mais no interesse dos amigos do governo, do que no dos meus proprios amigos.
A estas horas alguns dos meus amigos politicos, e entre elles um dos cavalheiros mais respeitaveis e bemquistos da terra, estão ali nas vascas da agonia; victimas de um infamissimo attentado, que nos annaes da atrocidade cobarde não tem igual; mas tenho tambem a infeliz certeza de que a esta hora muitos dos meus adversarios politicos estão em risco de soffrer represalias crueis, e é mais em defeza d'elles, da sua propria segurança individual, que eu faço este pedido, porque os progressistas de Ovar têem por si a força do numero e portanto o direito da força que, n'um momento de justificada desesperação, podem