O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

SESSÃO N.° 21 DE 16 DE ABRIL DE 1909 5

O Orador: - Estou convencido que sim, mas o illustre Deputado sabe que não tenho gerido a pasta da Marinha.

O Sr. Claro da Ricca: - Eu não posso suppor que um assunto d'esta gravidade não tenha sido tratado em Conselho de Ministros. (Apoiados).

Ápartes.

O Orador: - A outra pergunta respondo que o texto definitivo não está ainda conhecido.

O Sr. Claro da Ricca: - Mas o Governo conhece decerto as bases d'esse contrato.

Sussurro.

Vozes: - Não conhece nada, não sabe nada, (Apoiados).

Ápartes.

A sessão torna-se agitada.

O Sr. Ernesto de Vilhena: - Eu affirmo ao Sr. Presidente do Conselho que os jornaes de Lourenço Marques e o Times de 3 de fevereiro inseriram as bases d'esse tratado.

Sussurro.

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros e Ministro do Reino (Sebastião Telles): - Os illustres Deputados devem saber que este assunto corre pelo Ministerio da Marinha.

(Ápartes).

O Sr. Presidente: - Peço aos Srs. Deputados o favor de não interromperem o Sr. Presidente do Conselho; d'este modo não pode continuar a discussão. (Apoiados).

O Orador: - O illustre Deputado perguntou-me se conhecia o texto do tratado. Respondi que não, mas isso não quer dizer que no Ministerio da Marinha elle não seja conhecido. (Apoiados).

(Ápartes).

O Sr. Claro da Ricca: - As minhas perguntas foram formuladas ao Governo e não especialmente a V. Exa.

Se me dirigi a V. Exa. foi na qualidade de chefe do Governo.

O Orador: - Certamente que no Ministerio da Marinha existem documentos relativos ao contrato, e talvez exista o convénio definitivo, mas não o vi. Eu não tenho sido Ministro da Marinha.

Tenha S. Exa. a certeza que, logo que o convenio seja presente ao Governo e se averigue que ha necessidade de elle vir á Camara, elle virá.

O modus vivendi não teve a approvação das Côrtes, mas o tratado, se se reconhecer haver necessidade de elle vir á Camara, repito, elle virá.

O Sr. Claro da Ricca (Interrompendo): - A Carta Constitucional e o Acto Addiccional são expressos. (Apoiados da esquerda).

O Orador: - Mas se não se conhece ainda o convénio como quer S. Exa. que elle venha á Camara?!

(Ápartes. - Sussurro).

O Orador: - Ouvi com toda a attenção as considerações e as perguntas que fez o illustre Deputado Sr. Claro da Ricca, a Camara ouvi-o silenciosamente; parece-me pois que, respondendo eu a essas perguntas e a essas considerações, tinha direito a ser escutado. (Apoiados da direita).

Poucas mais considerações farei, mas peço para ellas a attenção da Camara.
Direi apenas que acho inopportuno e inconveniente estar-se a levantar uma questão desta gravidade sem se saber quaes são as bases do tratado.

(Ápartes. - Sussurro).

O Sr. Affonso Costa: - A questão está resolvida; não sei por que não a querem discutir, tanto mais que a Inglaterra a discutiu com o Transvaal. (Apoiados da esquerda).

(Sussurro).

Vozes da direita: - Ordem, ordem.

(Sussurro. - Ápartes).

O Sr. Presidente: - Peço ordem.

(Ápartes. - Sussurro).

O Orador: - Como a Camara me não deixa continuar no uso da palavra eu termino as minhas considerações.

(O orador não reviu).

O Sr. Presidente: - Eu peço aos Srs. Deputados o favor da sua attenção.

Evidentemente, a sessão, assim pela forma como tem decorrido, não pode continuar; portanto, eu peço aos Srs. Deputados o favor de não interromperem o Sr. Presidente do Conselho, a não ser aquelles a quem S. Exa. o permitta.

Continua no uso da palavra o Sr. Presidente do Conselho.

O Orador: - Dizia eu, Sr. Presidente, que achava inconveniente e inopportuno estar-se a discutir uma questão desta gravidade sem bem se conhecer.

O Sr. Alexandre de Albuquerque (dirigindo-se á minoria): - V. Exas. não sabem mais do que nós, que não sabemos nada!

O Sr. Presidente: - Peço ordem.

O Sr. Antonio José de Almeida:-Já temos de pedir contas e empregar os mais violentos meios para que seja desfeita essa obra iniqua que começa a esfrangalhar a patria! Querem-nos vender, mas não deixaremos!

Protestos da esquerda. Levanta se enorme sussurro. O Sr. Presidente agita constantemente a campainha.

O Sr. Affonso Costa: -O povo não quer! O povo não consente que sejam assinados contratos subrepticiamente!

Vozes na direita: - Ordem, ordem!

O Sr. Presidente: - Chamo a attenção da Camara. Queira o Sr. Claro da Ricca mandar para a mesa o seu requerimento.

Peço aos Srs. Deputados que occupem os seus logares.

Lê-se na mesa o requerimento do Sr. Claro da Ricca.