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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS 1463

esta camara só, durante o corrente anno civil, foi mandada abonar alguma gratificação a empregados da alfandega.

Roqueiro tambem copia de qualquer informação dada pelo director da alfandega de Lisboa, ácerca da suspensão de um despachante no corrente anuo civil. - Rodrigues da Freitas.

Mandou-se expedir com urgencia.

O sr. Tavares Crespo: - Mando para a mesa uma representação dos guarda-mor, officiaes, amanuenses e guardas menores da secretaria da relação do Porto, pedindo melhoria de vencimentos.

Abstenho-me do fazer considerações ácerca d'este pedido, o qual está redigido em termos convenientes para poder ser publicado no Diario do governo ou no Diario da camara; e peço a v. exa. que se digne remettel-o á commissão respectiva para seguir os tramites logaes, esperando que a commissão attenderá os fundamentos deste pedido como entender de justiça.

Aproveito a occasião de estar com a palavra para me referir a um assumpto de que acabou de tratar o meu illustre e estimável collcga, o sr. Mariano de Carvalho.

O sr. Mariano de Carvalho disse que tinha sido um dos primeiros iniciadores do grande melhoramento do porto de Leixões, por se haver occupado d'elle nesta casa, ainda quando o Porto não pensava na realisação d'esta idéa, e quando s. exa. não tinha a honra de representar no parlamento aquella importante cidade.

Folgo de confessar que isto é verdade; nem o illustre deputado precisa que lhe confirmem as suas affirmações.

O sr. Mjirinno de Carvalho tem sido incansavel em pugnar pelo engrandecimento da cidade invicta, e em trabalhar para que se consiga por qualquer modo o accesso fácil á navegação do Douro, accesso que interessa não só, e especialmente, o circulo que me fez a honra de me eleger, o simultaneamente o Porto, mas a todo o pai z. Mas eu como representante do circulo de Bouças o os illustres deputados pelos circulas do districto do Porto, associámo-nos tambem ao sr. Mariano de Carvalho. Nós, apesar de não termos tomado a iniciativa na obra de Leixões, temos todavia interesse em que ella se realise para beneficio do paiz, e temos instado pela sua realisação.

babemos todos que a concorrencia da bahia de Vigo póde fazer um grande mala Portugal; e é necessario olharmos com toda a solicitude, para tratar de se resolver esta grande questão, antes que as communicações directas com a Hespanha pela construção da ponto da linha ferrea internacional sobre o rio Minho venham desviar a corrente do commercio para a cidade de Vigo, que tem uma bahia excellente e onde podem facilmente entrar navios de todas as lotações e em todas as occasiões.

Peço, portanto, á camara o a todos os bons patriotas, que olhem por este assumpto importantissimo, a rim de não se comprometterem os grandes interesses do commercio e de navegação da Portugal, em beneficio da nação vizinha.

Desviada do Porto a corrente do commercio, difficilmente voltará ao Porto.

Eu tambem me associo ás palavras que o sr. Mariano de Carvalho acabou de proferir a respeito da necessidade de se estudar este assumpto. Pelo lado technico não havemos de ser nós que o resolvamos.

Não é de certo esta camara, que nau é composta só de engenheiros, a que ha de declarar se o melhor systema a seguir será o porto do Leixões ou as obras na barra e no rio Douro.

É certo, todavia, que tanto os engenheiros portuguezes, como os estrangeiros, que foram consultados e ouvidos sobre esto assumpto, quasi unanimemente deixaram de parte o reputaram difficil, senão impossivel, o melhoramento da barra, do Douro, pronnuciando-se a favor do porto artificial de Leixões.

Sou representante de um circulo que interessa directamente na construcção do porto artificial de Leixões, mas declaro a v. exa., á camara e ao sr. Mariano de Carvalho, que se os interesses do meu circulo podessem estar em opposição com os do meu paiz, eu optaria pelos interesses do paiz contra os do meu circulo.

Sou deputado da nação, o não deputado para zelar sómente os interesses de uma circumscripção eleitoral.

Faço esta declaração francamente, embora ella possa desagradar a alguns dos meus eleitores; porque acima de todas as considerações está o bem da pátria, que não deve sacrificar-se ao bem de uma só povoação.

Desejo, primeiro que tudo, que se olhe com patriotismo para os grandes interesses da naçfio portugueza. (Apoiados.)

Como creio, porém, em vista do parecer quasi unanime dos technicos, que a obra do porto artificial de Leixões é a unica possivel para que a navegação da barra do Douro se faça com facilidade, não tenho duvida em declarar que pugnarei assiduamente pela realisação das obras em Leixões, até que os pareceres meditados e os estudos sérios dos peritos mais competentes da Europa venham abalar esta minha convicção. Advogando os interesses do meu circulo, advogo os do paiz.

A questão ha de ser estudada pelos engenheiros competentes, e esses é que hão de deliberar o que deva fazer-se.

Eram estas as explicações que desejava dar á camara, e que reputei necessárias, em vista das observações do sr. Mariano de Carvalho.

Concluo declarando mais uma vez que, acima dos interesses do meu circulo, estão os interesses do meu paiz; e que insto pelo engrandecimento do circulo, porque promovo assim o engrandecimento da nação.

O sr. Scarnichia: - Pedi a palavra para protestar contra a doutrina apresentada, na sessão de hontem pelo illustre deputado por Angola, o sr. Barbosa Leão. o. exa. disse que considerava a provincia de Macau á dos chins, e que, quando elles quizessem, o governo portuguez não tinha outro remedio senão entregar-lha. Eu, como deputado por aquella provinda, cumpre-mo, como já disse, protestar, e explicar ao illustre deputado que as condições de Macau são muito melhores do que se suppõe.

Macau tem na sua historia paginas gloriosas. (Muitos apoiados.)

Macau em 1622 oppoz-se a ser tomado por uma esquadra hollandeza com tropas de desembarque; e no tempo em que a Hespanha dominou Portugal, nunca deixou de ser hasteada nos fortes d'aquella cidade a bandeira das quinas.

Quando ali teve logar o assassinato do sempre chorado governador Amaral, tinha Macau cento e tantos homens de guarnição e defendeu-se, ajudado com a sua população, distinguindo-se n'essa lucta o valente tenente, hoje coronel reformado, Vicente Nicolau de Mesquita, que, com um punhado de bravos, da força de primeira linha e nacio-: nãos, tornou o forte de Passa-leão, destroçando a importante força chineza, que levou de vencida, embora a grande differença do numero.

Ficou Macau n'essa epocha desembaraçado, mostrando aos chins que nunca lá entrariam: e eu estou completamente convencido d'isto.

Nós não estamos ali por favor dos chins; estamos em consequencia do direito que temos do ali estar. (Apoiados.)

Em tempos antigos, e não mui remotos, foi Macau com os seus navios e o seu dinheiro que salvou a corôa do imperio celeste, destruindo a esquadra do famigerado pirata Apó Chá.

A historia menciona esse facto, e proximamente vae publicar-se um livro, que explicará como as cousas se passaram.