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CAMARA DOS DIGNOS PARES

SESSÃO DE 25 DE FEVEREIRO DE 1867

PRESIDENCIA DO EX.MO SR. CONDE DE LAVRADIO

Secretarios os dignos pares

Conde da Ponte

Visconde de Soares Franco.

Depois das duas horas da tarde, tendo-se verificado a presença de 25 dignos pares, declarou o ex.mo sr. presidente aberta a sessão.

Leu-se a acta da antecedente, contra a qual não houve reclamação.

Não se mencionou correspondencia.

O sr. Mello e Carvalho: — Sr. presidente, talvez que eu não carecesse de pedir hoje a palavra, porque o tinha feito antes da ordem do dia da sessão passada, quando fallava o digno par o sr. visconde de Chancelleiros, e de fazer uso d'ella não desisti; creio seguramente que V. ex.ª me conservou inscripto.

Se então não insisti em tornar a fallar é porque acato devidamente as determinações de V. ex.ª, que com tanta dignidade dirige os trabalhos d'esta camara, e com muito maior rasão me cumpria faze-lo, conhecendo que V. ex.ª, quando me declarou que não podia conceder-me de novo apalavra, era por já ter decorrido a meia hora que o nosso regimento marca para se poder fallar antes da ordem do dia; mas usando da palavra n'esta occasião, farei todo o possivel para ser tão laconico quanto o exige o pouco tempo que ha, a fim de que tambem alguns dignos pares, que queiram fallar antes da ordem dia, o possam fazer dentro do praso que se acha marcado pelo regimento d'esta casa.

Sr. presidente, eu sinto não ver presente o digno par, o sr. visconde de Chancelleiros, porque é a s. ex.ª que tenho de me dirigir; mas se o digno par não comparecer hoje emquanto eu estiver fallando, e por isso hoje não me podér responder, responderá depois. No entanto eu é que não posso deixar agora de dar algumas explicações em resposta ao que s. ex.ª havia dito na sessão passada;.isto não é querer eu aproveitar-me da ausencia de s. ex.ª, é desejar unicamente saír da pressão em que fiquei depois das palavras que o digno par proferiu.

Sr. presidente, na ultima sessão chamei eu a attenção do governo sobre certos actos e violencias que se estavam praticando, segundo me informaram, contra individuos que tinham distribuido alguns papeis impressos, que me parecia não conterem doutrina que podesse ser prohibida. Então o nobre visconde de Chancelleiros, tomando a palavra e lançando mão de um d'esses impressos que eu trazia e que mostrei a s. ex.ª, levado mais pelos vôos de sua phantasia e fertil imaginação, do que talvez pelos dictames de sua consciencia, declarou-me suspeito na defeza que eu tomava d'aquella causa; acrescentou depois que n'esses impressos se combatiam os impostos, e que eu defendendo essa doutrina collocava-me em muito mau terreno, porque me pronunciava contra os impostos, sem os quaes é impossivel existir sociedade alguma.

Não posso portanto deixar de perguntar a s. ex.ª com que direito e com que precedentes da minha vida publica se auctorisa a accusar-me de suspeito. O digno par no seu brilhante discurso mostrou mais uma vez os dotes oratorios que possue com tanta profusão; no entanto s. ex.ª attribuiu-me, querendo d'isso arguir-me, o professar principios que eu nem sequer enunciei, e declarou-me tambem impugnador dos impostos, quando eu não só os não combato, mas até não pronunciei uma unica palavra a respeito d'elles.

Sr. presidente, eu não tratei, como digo, de impostos, tratei de actos praticados contra alguns individuos que haviam distribuido certos papeis impressos; não me pronunciei contra os impostos, pois que julgo serem uma condição essencial da sociedade, o preço das vantagens que cada um