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12 Diário da Câmara dos Deputados

querem a desordem, quando eu quero o triunfo dos princípios da igualdade e da fraternidade pelo caminho da evolução das ideas! (Apoiados).

Sr. Presidente: devo mais uma vez afirmar que o Govêrno se mantêm na linha que até aqui tem mantido, isto é, sem exercer nenhuma coacção contra os operários sensatos e bem intencionados. E se outro dia mandou encerrar a sede da União Operária Nacional é porque lá se reuniam elementos que não pertenciam às associações de classe operárias e que são conhecidos agitadores, alêm de lá só armazenarem nas suas salas bombas e diverso material de guerra. Quando, porém, as associações respeitarem os seus estatutos para conservar-se abertas.

A fôrça protege tanto os industriais como protege os operários.

Disseram para aí que, na segunda-feira passada, eu ti ma andado de braço dado com o Sr. Alfredo da Silva, que é, ao que consta, monárquico. Alcunharam-me assim de monárquico também, vejam V. Exas....

O Sr. Augusto Dias da Silva: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - É o costume de V. Exa. Já nos Conselhos de Ministros estava sempre com interrupções...

O Sr. Augusto Dias da Silva: - Já vê V. Exa. que é um costume antigo.

O Orador: - E. É um costume de creancinha.

Mas, Sr. Presidente, falou-se no caso do Depósito de Fardamentos; esta associação, porém, está numa situação muito diferente das outras, porque tem um regulamento do exército a que e obrigada a obedecer, e nós, os superiores, cá estamos para fazer cumprir êsse regulamento disciplinar. Para terminar eu faço uma categórica afirmação.

Emquanto eu estiver no Poder garanto a ordem, a República progressiva e a defeza contra todos os ataques à integridade da Pátria, e ai daquele que entrar na desordem à valer.

Reparem bem no aviso que lhes faço: ai daquele que na gravidade dêste momento histórico tentar perturbar a ordem, servindo-se para isso de dinheiro proveniente de origens suspeitas,. como se fez no Barreiro, em que se distribuíram avultadas quantias que vinham dos cofres do incendiário da Madalena.

(Muitos apoiados).

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Augusto Dias da Silva pediu a palavra para um negócio urgente, a fim de tratar da alteração da ordem pública do Barreiro.

É, porém, a hora de passarmos á ordem do dia e eu só posso conceder a palavra a S. Exa. mediante autorização da Câmara.

Nesse sentido consulto a Câmara.

Foi concedido o uso da palavra ao Sr. Augusto Dias da Silva.

O Sr. Augusto Dias da Silva: - Sr. Presidente: é sempre lamentável que no momento era que a República mais e mais precisa da colaboração dos que trabalham; no momento em que a República, está provado, não tem condições de vida quando as classes trabalhadoras não estão com ela; quando se demonstra que os Governos, sem o auxilio do operariado, caem, porque não têm prestígio para se aguentar nas cadeiras do Poder...

Sussurro. Trocam-se apartes. Agitação.

O Orador: - V. Exas. já se não recordam de que foram os indivíduos de mãos calejadas quem puseram termo à reacção sidónica em Monsanto.

Continuam os apartes.

O Sr. Bartolomeu Severino: - Os Srs. é que ajudaram o dezembrismo.

O Sr. Ladislau Batalha: - Já se esqueceram de que quem foi a Monsanto combater foi o povo.

O Orador: - E lamentável que os exemplos passados não sirvam de lição.

Se V. Exas. querem lançar êsse repto, se V. Exas. querem levar esta parte da Câmara para um acto revolucionário, então tambêm eu repto V. Exas. a que se aguentem seis meses nessas cadeiras. Ver-se-há então quanto vale a classe trabalhadora.