O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 2 de Dezembro de 1919 7

que a, minoria do Partido Liberal, votando no nome de V. Exa. de velho e honrado republicano (Apoiados), deu a prova de que quere sempre, qualquer que seja a conveniência e ensejo, colaborar com os outros partidos em pró da República.

Mas sabe V. Exa. que, pelo resultado dessa eleição da Mesa, houve um desdobramento por parte da maioria contra um membro indicado da minoria liberal.

Não me compete por ora, porque ainda não é caso para isso, fazer comentários sôbre êsse acto da maioria porque ainda, em minha consciência, não o posso considerar como acto de consciente hostilidade.

Acredito mais que seja um acto de inconsideração, mas, como quere que seja, êsse acto tem de ter da minoria liberal a competente resposta. (Apoiados).

Nestas condições, esta minoria votará em listas brancas nestas eleições de comissões, e se, porventura, chegar a ser eleito algum Deputado dêste lado da Câmara, êle renunciará, não tomando parte nos trabalhos das comissões.

O orador não reviu.

O Sr. Álvaro de Castro: - Sr. Presidente: desejo explicar alguns factos sucedidos na eleição da Mesa.

A maioria parlamentar não procedeu de maneira hostil para qualquer partido desta Câmara.

Se, porventura, a votação deu resultados que podem surpreender, não podem êles ser tomados nunca como um acto hostil e consciente, e um desejo de abrir represálias, ou criar uma situação que nesta Câmara tornaria absolutamente impossível o trabalho regular dela para a obra que necessitamos levar a cabo.

Nas minhas palavras, quando felicitei V. Exa., disse que a maioria desta Câmara desejava viver em harmonia com todos os Srs. Deputados, embora de correntes diversas, e não podia ter nunca a maioria, e quem a dirige, qualquer intuito que seja de hostilidade ou de menos deferência e correcção para com todos os Deputados, como merecem, qualquer que seja o seu partido ou grupo.

Por conseqùência, se houve um acto que surpreendeu êsse lado da Câmara, não foi devido à atitude tomada, pela maioria, que só tem o desejo de, nesta obra que temos a fazer, colaborar com todas as fôrças políticas pertencentes aos outros grupos parlamentares.

O orador não reviu.

O Sr. António Granjo: - Agradeço as palavras do Sr. Álvaro de Castro que refletem o seu pensamento sem reservas. Creio bem que S. Exa. será o primeiro a quem a votação de hoje teria surpreendido desagradávelmente. Mas a verdade é que o facto se deu em tais termos que muito benévolo fui quando disse que o não interpretávamos como um acto de hostilidade ao partido a que tenho-a honra de pertencer.

O Sr. Álvaro de Castro: - O acto de hostilidade, se o houve, foi para o meu partido.

O Orador: - O facto é que a votação reuniu quarenta sufrágios em benefício dum membro do Grupo Parlamentar Popular. Ora sabendo nós o número de parlamentares de que êsse grupo dispõe...

O Sr. Afonso de Macedo: - Essa é boa! Nós não temos de indagar o número de Deputados de que dispõe cada grupo parlamentar. A votação é individual! -(Apoiados).

Sussurro.

O Orador: - Eu estou falando com sinceridade e por isso exijo que todos me ouçam com o devido respeito.

Houve um desdobramento superior a vinte votos em favor dura determinado partido e, embora o Sr. Álvaro de Castro afirme que êle não representa um acto de hostilidade da parte do Partido Republicano Português, o certo é que o facto se deu e deu-se por culpa de quem dirigia os trabalhos da votação...

Vozes: - Não apoiado.

O Orador: - Assumiu-se, portanto, uma atitude que, se nós temos a benevolência de não considerar como hostil, pelo menos devemos considerar como leviana e imprudente.

Nestas condições, a minoria liberal não tem mais do que manter a sua resolução