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Seêêão de 29 de Março de 1922

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que a aviação marítima de todo o mundo tem realizado.

O Sr. Alberto Xavier não censurou o Governo.

Não houve uma voz discordante.

Trata-se dum verdadeiro trabalho de Hércules que neste momento Portugal leva a efeito, e há que admirar todas- as modalidades por que ele se nos apresenta.

Louvo o Governo pelo interesse que tem mantido por esta iniciativa e por a ter alimentado, pois que vamos evidentemente reatar a nossa tradição de navegadores e praticar mais um daqueles eiiormíssimos actos de que a História Pátria é um imenso repositório.

Mas o nosso louvor, o nosso sentimentalismo não exclue de maneira alguma que apreciemos e lamentemos as condições precárias em que está a nossa aviação, não lhe sendo proporcionado aquilo que é necessário para que possa ser realizado esse raid, não em condições limites, mas com o êxito provável que é necessário quási garantir para evitar pre-calç.os que se podem dar numa viagem desta natureza.

Mal iria se numa assemblea desta ordem somente se encarasse a glória do raid pela possibilidade do perigo e não conjugássemos este com a base scientí-fica que o alicerça.

Seria uma injustiça que praticaríamos se apenas reconhecêssemos agora que os dois aviadores iam arriscar a \7ida quando tantas e tam repetidas vezes eles a têm posto em arriscados lances ao serviço da Pátria e da sciência.

Há mais alguma cousa nesse raid em que é necessário atentar, e deixar registado : é o trabalho de gabinete, é o problema scientífico. Gago Coutinho e Saca-dura Cabral mostram ao mundo inteiro que, ontem como hoje, temos óptimos colaboradores à obra do Progresso e à causa da Civilização.

Há a registar o facto da invenção de dois aparelhos para a navegação feita por esses dois portugueses: o corrector ou plaque de abatimento e a adaptação do sextante à navegação aérea.

Nas entrevistas e cartas escritas pelos ilustres aviadores, vê-se claramente o seu desejo de que se aguardo a realização do raid para então nos pronunciarmos; a

sua modéstia e o sossego em que desejam tcabalhar e experimentar os seus processos levou-os a declarar esse desejo, mas o Parlamento está colocado hoje em presença dum voto de louvor e não poderemos portanto conter a nossa admiração e o nosso orgulho, e deixar de entusiasticamente o aprovar.

Disse o Sr. Agatão Lança que os Estados Unidos da América do Norte, que protegeram o raid América do Norte-Inglaterra, não se importaram com despesas, pondo ao longe do oceano 70 unidades de guerra.

Isso faz salientar que o nosso raid se vai fazer em condições muito mais apertadas, pois apenas são três os navios de que dispomos.

O Sr. Agatão Lança (interrompendo):— \r. Ex.a sabe que esses oficiais estão em melhores condições do que estavam os oficiais americanos.

Primeiro porque a sciência da navegação aérea está desde essa data mais aperfeiçoada, e em segundo lugar é que o comandante Sacadura e Gago Coutinho têm processos de cálculos de invenção sua de precisão matemática que os americanos não tinham.

O Orador: — Sr. Presidente: foram muito elucidativas as considerações do Sr. Agatão Lança, e elas mais confirmam o meu critério.

Há duas questões a apreciar neste incidente : uma respeita à aventura ou an-.tes, ao audacioso da concepção: a ontra é o objectivo scientífico que se pretende atingir.

Foi para este objectivo que o Sr. Alberto Xavier chamou a atenção do Governo, para lhe preguntar se à aviação militar foram concedidos aqueles meios necessários para realizar o raid com uma finalidade útil ao progresso e -à humanidade.

Tenho dito.

O Sr. Presidente:—Está à aprovação a acta.

Foi aprovada. Pedidos de licença.