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Sessão de 24 de Outubro de 1922

O Sr. João Bacelar:

Nem ninguém.

O Orador: — O Governo, repito, não contribuiu, não solicitou, nem influiu absolutamente nada na nomeação de qualquer funcionário para o Rio de Janeiro. O Sr. Comissário é que, segundo a autorização que tinha, determinou os funcionários de que precisava para aquela Ex- " posição. Fê-lo, pois, com a autoridade e responsabilidade absolutamente suas.

O Sr. Carvalho da Silva:—

O Orador: — O Sr. Comissário nomeou esses funcionários segundo sua absoluta responsabilidade. Sucedeu que telegramas enviados do Rio a jornais de Lisboa dizem que entre a «corte», como chamavam ao funcionalismo que o Comissário levou consigo, iam bailarinas e cantores, que com S. Ex.a tinham .desembarcado.

Telegrafei imediatamente ao Comissário Geral, perguntando-lhe o que havia a esse respeito, tendo-me ele respondido dizendo que era absolutamente falso o que.se dizia.

Se eu soubesse que o ilustre^Deputado tencionava referir-se ao assunto, eu teria tazido comigo o telegrama que rocobi do Comissário Geral para o ler à Câmara, para ela assim .melhor tomar conheci-rneuto dessa resposta.

O Sr. Carvalho da Silva: — Era desnecessário; basta que V. Ex.a diga a resposta que lhe foi dada.

O Orador: — O que 'eu posso garantir à Câmara é que a resposta que 6lo me deu foi bem clara, dizendo peremptoriamente que era falsa a declaração que se lhe atribuía.

Já vê, portanto, V. Ex.a que o Governo nenhuma responsabilidade t.jm no assunto, tanto mais quanto é certo que ele declara terminantemente que mão IJVQU para o Brasil os cantores e as bailarinas, e que, se efectivamente seguiram a bordo do Lourenço Marques, o foram corno sim-pies passageiros, pois a verdade é que a bordo do Lourenço Marques seguiram, além do Comissário Geral e dos funciona-rios que o acompanharam, vários passageiros, isto de conformidade com os anún-

cios que foram feitos de que aquele navio receberia carga e passageiros.

Assim natural é, Sr. Presidente, que esses cantores e essas bailarinas seguissem a bordo do Lourenço Marques, tanto-mais quanto é certo que as passagens eram um pouco mais baratas do que a bordo dos navio ingleses.

Natural é pois que tivessem aproveitado essas passagens mais baratas, não representando isso encargo algum para o Estado, antes pelo contrário representando uma receita.

Preguntou ainda S. Ex.a quais as quantias que receberam os funcionários que acompanharam o Comissário Geral, pre-gunta esta a que eu .não posso desde já responder por isso quê não tenho aqai os elementos necessários para o fazer.

Pelo que respeita a uma entidade a que S. Ex.a ironicamente se referiu, o barbeiro...

O Sr. Carvalho da Silva: — Ironicamente não é assim, é uma classe de que necessito, embora pareça quê não.

O Orador: — Devo dizer que não seguira como funcionário do Governo pessoa alguma no desempenho dessa função; pessoa alguma.

E possível que algum funcionário na sua vida particular acumulasse as funções oficias com as de barbeiro.

O Sr. Carvalho da Silva (aparte}: — As funções oficiais com as de oficial... de barbeiro, ó isso (Riso}.

O Orador: — Como fundamento para atacar o Governo, o facto .cai peia base.

O Sr. Carvalho da Silva: —Não quero atacar ò Governo nem a navalha de barba.

O Orador: — Às vezes parece. S.Ex.a deve estar satisfeito com as minhas explicações.

O Sr. Carvalho da Silva:—Desejava ainda saber se o Governo mantém © sanciona essas nomeações e se mantém esse Comissário.