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6 Diário da Câmara dos Deputados

sas que contra muitos políticos só fazem, o diabo sabe por vezes com quanta injustiça, maldade e reservada intenção.

O debate político português, para vergonha nossa o digo, não tem sido na maior parte dos casos o debate dos homens de boa fé e límpido coração que lutam por princípios, que defendem ideas, que combatem na arena pública pelas justas aspirações das classes que representam; tem sido o choque sujo, pequenino e mesquinho das lutas pessoais, das intrigas, do corpo a corpo violento, onde há apenas, à falta de argumentos, rasteiros insultos, facadas ou rugidos da fera que quere dominar.

É necessário que essa política acabe para bem da nossa terra, para honra de todos nós!

Apoiados.

Mas porque não temos uma opinião pública que compreenda e conheça o combate político nestas condições, e está educada - de longo tempo vem essa educação - na suspeita de tudo e de todos, o ambiente que agora se exala, em torno de um hediondo crime praticado contra o país e contra a economia nacional, oferece um perigoso momento para a República Portuguesa.

Estou daqui espreitando e vislumbrando o salto feroz do um ditador sôbre as liberdades públicas.

Estou daqui espreitando o vislumbrando, com o pretexto de uma campanha de moralidade, o salto de um grupo saído das alfurjas revolucionárias para se assenhorear das cadeiras do Poder o suprimir a liberdade de discussão no Parlamento o na imprensa.

De um e de outro lado se pretende neste momento de perigo enxovalhar a República e a dignidade da Pátria a golpes brutais de violência; o a todos nós portugueses, democratas ou não, cumpre neste momento compreender que a suprema garantia que a nação encontra para ver claro neste escuríssimo caso do Banco Angola e Metrópole é o Parlamento aberto diante da consciência nacional.

Apoiados.

Não se encerram as portas com o pretexto de fazer justiça; o acto nobre de julgar realiza-se de portas abertas, com plena liberdade de discussão na imprensa e no Parlamento, com plenas garantias

para todas as correntes nacionais de opinião do que quaisquer absolvições ou condenações, que venham a proferir-se, são consequência do cuidadoso exame e o honesto conhecimento da causa em discussão por homens que pertencem a todos os lados da Câmara.

Não há, efectivamente, perante êste problema, dentro da terra portuguesa, monárquicos, republicanos nem socialistas; há, evidentemente, monárquicos que combatem o regime, mas que não combatem a própria Pátria onde nasceram, desacreditando-a aos olhos de todo o mundo, como terra dominada por ladrões e por falsários.

Apoiados da minoria monárquica.

Não há, por honra de todos nós, republicanos que só sentem nesta Câmara que possam ligar à defesa dos seus princípios a de criminosos que porventura possam existir nas suas fileiras, por mais altos que estejam colocados no seu partido e nas cadeiras da administração pública.

Apoiados.

Se tal sucedesse, nós socialistas apenas receberíamos da democracia burguesa uma herança do cinzas, vergonhas e ruínas.

Já de interêsse para nós todos a questão, de tamanho interêsse, que a presença do Govêrno não nos pode sôbre ela esclarecer, não nos faz falta.

Não faço neste gravíssimo momento ataque político, mas na hora era que os corações e as consciências devem vibrar com sinceridade - digo e repito, sem preocupações políticas - não nos fazem falta os homens - tam infelizes nos seus actos! - que acabam de deixar as cadeiras do Poder.

O Sr. Ramada Curto: - Isso é benevolência!

O Orador: - A falta de coragem moral para arcar com as responsabilidades de uma questão pública desta magnitude foi manifesta nesses homens.

Ah! Se não fôsse por temer acusações partidárias, a maioria da Câmara devia apoiar me nestas palavras; está apoiando-me no seu foro íntimo.

Não faz falta o Govêrno perante a representação da soberania popular para esta tomar contas aos criminosos que ha-