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12 Diário da Câmara dos Deputados

nunca chega ao coração; a mulher quero soberbia, não quero humilhação ...".

A ruim, que não sou mulher, não há quem me domine com soberbias. E, faço justiça aos meus colegas desta Câmara pensando que êles também se não deixarão para o futuro dominar pela "soberbia" do Sr. Cunha Loal.

Falo claro o com audácia: a audácia, que nunca me falta para contestar e repelir todas as afirmações audaciosas que sejam postas diante do mim.

Não aceito, nem por mim, nem pelos meus colegas desta Câmara, a suspeição de que representamos qualquer interesso vergonhoso quando defendemos os nossos princípios e as nossas opiniões.

E é curioso como neste momento, defendendo princípios antagónicos, nos encontramos combatendo os mesmos pontos do vista, nós, socialistas, e o ilustre Deputado monárquico, Sr. Pinheiro Tôrres. Mas não se entenda que esta concordância de ataque significa concordância de opinião.

Ainda ontem, Sr. Presidente, um Sr. Deputado aqui disse que a razão fundamental porque o Banco de Portugal pagou 90:000 contos, aproximadamente, de notas falsas, foi a defesa do crédito o interêsses nacionais.

Ao fazer-se esta afirmação é necessário ligá-la a uma outra que não foi produzida, mas que representa a verdade dos factos. E que, tendo sido o pagamento dessas notas feito em nome do crédito e interêsses nacionais, - como se disso, - o Banco tomou tal iniciativa, sem ligar à sua responsabilidade a orientação, a decisão e o conselho do Govêrno. Procedeu por sua conta.

Incoerências desta ordem, entre as afirmações o os actos, não hão-de ser ouvidas partir das bancadas do Partido Socialista, como também não há-de a Câmara ouvir de nós a afirmação de que que todos os que vivemos em Portugal temos lugar debaixo das colunas sagradas do templo da nossa Pátria.

Esta afirmação, que tem seu sabor um tanto lírico o romântico, embora esteja um pouco démodce, não colhe quando algumas das pessoas que se propõem tomar lugar nesse templo são os homens da alta finança, cuja principal qualidade é a desnacionalização.

O dinheiro não tem pátria. A condição fundamental da actividade financeira dos nossos dias é o internacionalismo financeiro.

Não tentemos, portanto, meter no tal glorioso templo a pobre maltazinha humildo, que não cabo nos antros dos banqueiros, de braço dado com êles.

E eu, ao falar em maltazinha humildo, tenho receio de cair no ridículo, porque há a um tempo a esta parto estou vendo que se faz troça nesta casa dos que faliam dos pobres, dos esmagados, dos oprimidos.

A malta humilde e desconhecida dos pobres trabalhadores portugueses, que não tem cotas, nem percentagens, nem ágios nas negociatas da alta finança, nunca pode entrar para o lado dela nesse templo da Pátria decantado.

Quando em Portugal se vendeu a Pátria aos retalhos, em 1580, as cédulas do Cristóvão de Moura não caíram nos bolsos dos humildes trabalhadores populares, mas sim nas algibeiras da alta aristocracia portuguesa, porque, sendo os seus interêsses de casta internacionais, preferiu o domínio espanhol da sua classe ao domínio da ralé portuguesa que acompanhava o Prior do Crato.

Não se olho desdenhosamente para êste lado da Câmara, quando se fala de patriotismo, porque nós aspiramos a possuir uma Pátria prestigiada e engrandecida pelo trabalho honrado, sem aventuras imperialistas, que não seja velha como de financeiros internacionais.

Não se nos apresente o modelo estafado do um patriotismo, que nem sequer já é tolerado pelo público das revistas do ano, e que nos mostra a figura da Pátria num fóssil e respeitável personagem do barbas compridas, com uma armadura de latão o uma espada de lata.

Essa figura antiquada não pode o nosso tempo ressuscitá-la.

Aceitemos o Portugal dos nossos dias, como devo existir para ser nação civilizada, o Portugal respeitador das garantias o interêsses das classes trabalhadoras, o Portugal onde a violência não esmagasse as normas inflexíveis da justiça que devem nortear as acções dos homens.

Não se faz justiça com os nervos, não só realiza com a medula uma sábia obra