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26 Diário da Câmara dos Deputados

Porque a República, por parte dos seus Ministros da Agricultura, quis colocar-se no moio de todos os interêsses que se suscitam á volta do problema.

A República, pela preocuparão do voto, tinha de garantir aos consumidores um regime de protecção. E vivendo numa política do logro, ela pensou que, através dessa política, poderia obrigar o lavrador a cultivar a terra, na esperança de uma tabela compensadora, que mais tarde lhe é negada.

Apoiados.

O que se não pode admitir, Sr. Presidente, a meu ver, é que se esteja desprotegendo uns em benefício de outros; porém é esta a orientação política que ou vejo que infelizmente se vem seguindo.

Eu entendo, na verdade, Sr. Presidente, que, se querem dar essa protecção à lavoura, o devem fazer desassombradamente, isto é, como na realidade se fez no tempo da monarquia, quando era Ministro o Sr. Elvino de Brito.

Tenham a coragem de o fazer, como o fez a monarquia, repito, dizendo-o clara e desassombradamente ao povo, pois na verdade não julguem os homens da República que podem continuar com os processos que têm usado até hoje, em defesa de um regime que não agrada a ninguém, nem à indústria nem à lavoura.

Para mim, Sr. Presidente, a única protecção que se pode dar à lavoura é fornecer-lhe em boas condições os adubos necessários para ela poder adubar as suas terras.

Terrenos há entre nós que são pouco recomendáveis para a cultura do trigo, prestando-se mais para a cultura de árvores de fruto.

Eu tive, Sr. Presidente, ocasião de ver, numa das minhas recentes viagens ao estrangeiro, que têm sido poucas, por isso que as faço à minha custa, venderem-se pêssegos embrulhados em papel do seda, no mercado do Paris, por três e quatro francos, que nós aqui costumamos dar aos porcos.

Eu sei que uma das causas da grande fortuna do célebre Leandro do incêndio da Madalena foi a exportação para Espanha das porás de Aragão - as nossas pêras saloias!

O problema da produção do nosso país está no âmbito do Ministério da Instrução porque é necessário mandar para a escola a maior parte dos nossos lavradores.

Os nossos frutos e os nossos legumes têm nos mercados da Europa uma grande aceitação, não só pela sua excelente qualidade, mas porque êles nascem um mês mais cedo do que nos outros países.

Eu sinto ainda na face a vergonha que senti quando, conversando com um francês, êste me contou que num mostruário de resinas de diversos países a nossa resina estava cheia de pedras e pregos!

Ainda há pouco tempo um italiano contava me que as conservas de sardinha eram pelos balcânicos comidas da seguinte forma:

Na lata faziam um furo e chupavam porque nós só lhe mandávamos cabeças e tripas de sardinha!

São os mixordeiros do Douro quem desacredita os vinhos daquela região!

Não há ninguém que possa afiançar que o nosso país tem condições de poder concorrer com as culturas da América o da Rússia!

As tabelas da nossa produção cerealífera estão falsificadas, porque as bases estão duplicadas.

Nós atiramos para fora do país com alguns milhões de libras sem nos preocuparmos com mais nada.

Quem tudo ganha são os intermediários que fazem fortuna com a importação do trigo, sem mais trabalho do que avisar quando o navio está no Tejo!

Não há risco de capital porque êle sai do Banco de Portugal que ainda há pouco pagou o seguinte:

Leu.

Em Portugal, todos o sabem, pequenas fortunas se fazem pelos agentes de fiscalização.

Não podendo realizar lucros honestamente, entram pelo terreno da fraude.

O Sr. Joaquim Ribeiro (em àparte): - Tenho agora pena da moagem...

O Orador: - Vejo fazer a defesa da grande moagem e não da pequena.

Os interêsses da moagem não são interêsses de classe ligados em conjunto.

Há impossibilidade de transportes em certas regiões, por isso é prejudicado o regime dos próprios trigos, o que faz