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Sessão de 24 de Maio de 1926 11

sa, dias depois da presumida intervenção dos seus representantes nesta sala das sessões.

O Sr. Agatão Lança (interrompendo): - A última sessão foi na sexta-feira passada.

O Orador: - Estive também aqui na sexta-feira, e não vi cousa alguma, não vi um gesto, não ouvi uma palavra sequer.

Só o Sr. Agatão Lança tem muita coragem moral - o eu creio que a tem muita, mais do que nós- nós também temos alguma...

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Manuel José da Silva: - Sr. Presidente: não assisti ao começo da sessão, e, consequentemente, não me foi possível ouvir as considerações feitas pelo Sr. Agatão Lança. Mas, já se todos os lados da Câmara se pronunciaram sôbre êste incidente, entendo também dever dizer da minha justiça.

Sou, tenho sido e serei contra todas as intervenções da galeria. A minha posição sempre que só dê uma intervenção da galeria será esta: pôr-me hei ao lado dos enxovalhados pela intervenção da galeria.

Não sei se da tribuna da imprensa partiu qualquer comentário mais ou menos azedo na última sessão desta Câmara. É possível que tenha partido; mas a responsabilidade dêsse facto não pode - quero fazer esta justiça - caber aos jornalistas, a maior parte dos quais há muitos anos trabalham nesta Câmara. Se algum deles é, porventura, portador de qualquer, pequena ou grande, paixão política que o faz olhar os acontecimentos apaixonadamente, êsse ou êsses jornalistas sabem de ante mão que têm na sua mão uma arma que podem pôr com mais utilidade ao serviço da sua paixão do que com quaisquer simples comentários.

Assim, Sr. Presidente, as censuras que o Sr. Agatão Lança fez, possível é que sejam bem cabidas; mas não devem, talvez, dirigir-se aos trabalhadores da imprensa.

É vulgar saírem da boca dos parlamentares quaisquer palavras - sempre fáceis e tantas vezes suspeitas - que possam traduzir lisonja aos que na imprensa trabalham. Não o farei eu, apesar de dever alguma cousa de gratidão aos cronistas parlamentares desta Câmara. Não é que essa boa vida de relações que tem existido entre mim e os trabalhadores da imprensa tenha tido reflexo nas colunas dos jornais. Quantas vezes lá vemos atribuídas a nós próprios afirmações que são perfeitamente antagónicas às que produzimos! Isso, porém, pouco importa com relação à minha pessoa, porque tenho e continuo a ter pelos trabalhadores da imprensa a mesma consideração que sempre tive.

Mas, porque no decurso dêste incidente foram, ainda que muito à vol d'oiseau, postos em foco os acontecimentos que até certo ponto serviram de razão para essa suposta intervenção da galeria, entendo também dever dizer alguma cousa que marque a minha posição.

Os homens públicos têm de olhar para os acontecimentos que interessam a vida política da Nação não por aquilo que êles representam de lógica ou de justiça mas pelo que representam de brutal realidade. Bem ou mal, vários grupos oposicionistas entenderam aproveitar a questão dos tabacos para marcarem a sua posição. E o resultado tem sido a inutilização dos trabalhos da Câmara dos Deputados. Neste ambiente a situação de V. Exa., Sr. Presidente, é das mais ingratas.

V. Exa. teve ensejo de verificar, pelas palavras proferidas por todos os lados da Câmara, a consideração e respeito que a Câmara lhe deve e ainda não foram alterados.

Quando na última sessão se deu o incidente por causa da chamada do Sr. Ministro da Agricultura, eu compreendi que V. Exa. se sentisse magoado; mas pelas declarações feitas por todos os lados da Câmara, viu-se que a atitude da Câmara não era de desrespeito por V. Exa.

O problema está pôsto: é um conflito entre várias minorias e o Govêrno.

Sôbre êle já tive ensejo de dizer o que pensava; o que não disse é o que penso acerca daqueles que tem o dever de contribuir para a sua solução, cuja única finalidade deve visar a prestigiar a instituição parlamentar.

Há, porém, um aspecto da questão que é preciso pôr em foco.