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4 DIÁRIO DAS SESSÕES DO SENADO

O Sr. Presidente: - Nesse caso vou consultar o Senado.

Vozes: - Fale, fale.

O Sr. Presidente: - Então pode V. Exa. continuar.

O Orador: - Documentos da natureza dos que passo a expor tenho talvez uns cento e tantos; mas os que vou ler são quadro, e isto basta para, de momento, scientificar o Senado do que ocorreu. Como já disse, êste primeiro é de Matias dos Santos.

"A fim de que a verdade se restabeleça cumpre-me declarar que eu procedi desde que acampamos na Rotunda por meu próprio critério sem haver nenhuma direcção superior, quando precisava munições mandava-as buscar ao quartel, e quando queria qualquer outro entendimento mandava perguntar ao primeiro sargento Encarnação; entendo em minha consciência que desde a retirada dos Srs. oficiais nunca mais ouve direcção superior, sem ser aquela mútua combinação entre os sargentos que comandavam as suas tropas, mas cada um fazendo o que muito bem entendia.

Chegados ao quartel fiquei surpreendido por me dizer que nos promoviam a oficiais, quando na propaganda nos diziam o contrário, o que nós de boa vontade aceitávamos.

No dia imediato surpreendo os Srs. Brito Camacho e Machado Santos a fazerem promoções a seu talante e reconhecendo que se estavam fazendo graves injustiças, dando altas graduações a quem as não merecia., e deprimindo outros que tanto produziram, eu indignado, puchei da pistola que tinha ao lado pedi licença e meti-me no assunto, dizendo a êstes senhores que até ali tinha sido republicano, e que se, se não fizesse justiça, que me faria anarquista prático; êstes senhores atrapalhados aconselharam-me prudência, e então o Sr. Machado Santos começou a falar de mim ao Sr. Brito Camacho e eu enjoado com tais procedimentos retirei-me e fui para minha casa onde permaneci três dias sem mais voltar ao quartel. = Matias dos Santos, segundo sargento de artilharia N.° 1 da 4.ª bataria".

Vamos agora ao segundo. É o relatório de José de Lima. Ouça a Câmara.

"Declaro que tendo pertencido ao Regimento de infantaria N.° 16 fiz parte do movimento revolucionário de 1910 que implantou a República.

Guiado pelo cabo Correia, à hora indicada começou o movimento.

Passado um quarto de hora apareceram os civis com o Machado Santos, que estavam no Centro de Santa Isabel à espera que o regimento se revoltasse, entraram pela porta da arrecadação regimental que préviamente nós tinhamos desaparafuzado para que não houvesse resistência na entrada.

Pouco depois o Sr. Machado Santos desfralda uma bandeira republicana e deita a fugir pela parada fora, gritando: "Rapazes fujamos todos para artilharia 1 que vem aí a guarda municipal", e assim fomos de enchurrada a correr para artilharia, a ponto dalguns nos perdermos no caminho, dando o resultado de irem uns pela Cruz das Almas, outros pelas Amoreiras, indo todos acoitar-se no regimento de artilharia 1 que a essa hora já estava revoltado.

Saiu com a primeira fôrça a artilharia, tivemos fogo na Rua Ferreira Borges, em seguida voltamos para trás, juntámos todos com a restante artilharia na rua de S. João dos Bemcasados, e fomos para a Rotunda, tivemos fogo na Rua das Amoreiras, na Rua Alexandre Herculano e Rotunda antes do romper da manhã.

Depois disto ficámos em completo sossego; sôbre a manhã correu o boato que ninguêm mais tinha aderido, nem Marinha, nem Exército, nem povo, e por esta altura começaram a desaparecer os soldados e o pouco povo que aí havia, apenas ficando os garotos dos jornais a brincar com as muares e por cima das peças e alguns militares.

Eram proximamente 10 horas da manha quando estava tudo no mais completo abandono e sem governo, começámos então os poucos soldados que lá havia a subir para a Feira de Agosto onde nos apoderámos das barracas de comes e bebes, e cervejarias com doces, sendo o maior despercício na barraca das garrafas, onde havia aproximadamente 1:500 garrafas, chegando a correr o vinho pelas valetas e aos