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SESSÃO DE 24 DE JANEIRO DE 1913 7

ali um ferido, êles então abriram um carreiro muito estreito para eu passar, em seguida deitaram-me em cima dum banco e um homem curou me, e fui em seguida para o hospital de S. José.

Notei à saída que os homens eram tantos que, não cabendo dentro de casa, estavam fora encostados ao passeio e todos armados, sem de modo nenhum quererem voltar para o quadro e apresentando tal cara de terror e medo, que até me fizeram rir.

Arsénio Rasteiro, soldado servente N.° 83/1:083 da 5.ª bataria do regimento de artilharia N.° l, hoje paisano, natural do concelho da Lourinhã.

Juro pela minha honra que é verdade tudo o que acima fica escrito dito pelo Arsénio Rasteiro = José Lopes Moleiro, 1.° cabo condutor.

Juro pela minha honra que o Arsénio Rasteiro confirma tudo o que acima disse, José Calado de Almeida, natural da freguesia de Pedrógão Grande".

Sr. Presidente e Srs. Senadores: Da leitura dêstes relatórios o importante é o seguinte: Que o número de revolucionários não correspondeu ao que se esperava. ¿Não foram avisados? Não sei. Dizem que êste resultado se deve à morte do Dr. Bombarda. Mas êles deviam saber o ponto para onde deviam ir, e a artilharia deu o sinal da Revolução; toda a cidade o devia ter ouvido.

O facto é que êles não apareceram em parte alguma. Senão vejamos: o esquadrão de cavalaria da guarda municipal do Cabeço de Bola saiu e percorreu as ruas de Lisboa pelo itinerário marcado pela divisão, e o comandante declarou que não ouvira gritos de vivas ou morras à guarda municipal. Completa liberdade, não houve o mais pequeno protesto.

A artilharia monárquica percorreu as ruas de Lisboa livremente, de dia e de noite. Os regimentos sairam dos seus quartéis, e foram tomar as posições que a divisão marcara, sem o menor inconveniente. Onde estavam então es revolucionários? Onde estavam as bombas? Onde estavam ao pistolas? Como vê, Sr. Presidenta, o plano falhou completamente.

Vejamos agora o que sucedeu ás forças republicanas. Artilharia 1 saí do quartel e encontra pela sua frente a 4.ª companhia da guarda municipal. Bateram-se. Segue depois para a Retunda; novos encontros nas ruas das Amoreiras e Alexandre Herculaoo. Neste momento seguia uma fôrça composta de cavalaria e infantareia pela rua do Salitre. Ninguém a incomodou. De modo que, nos primeiros momentos da Revolução só as forças republicanas foram incomodadas. Nas ruas de Lisboa o silencio, na noite de 3 para 4, era completo. Só se ouvia o passo cadenciado das tropas que levavam a bandeira monárquica.

Sr. Presidente: Factos dêstes podia apresentar muitos, mas ficam para a primeira oportunidade, por que não desejo fatigar a Câmara.

Tenho dito.

O Sr. Presidente - Vai ler-se a última redacção da lei relativa à reforma dos estatutos do Montepio Oficial.

Lida, foi aprovada.

O Sr. Presidente: - Vai proceder-se a uma segunda leitura:

Leu-se na meso. É a seguinte:

Segunda leitura

Projecto de lei

Senhores Senadores. - O decreto com fôrça de lei de 26 de Maio de 1911, que reorganizou os serviços de finanças, limitou os concursos dos respectivos praticantes aos indivíduos que possuíssem o quinto ano dos liceus.

O intuito dêste decreto, inserindo aquela restrição, visa certamente ao elevado fim de criar um funcionalismo de finanças ilustrado e competente, apto a bem desempenhar as suas funções.

Anteriormente, porem, o decreto de 24 de Dezembro de 1901, permitia que concorressem aos concursos de segundos aspirantes de fazenda os indivíduos que, con-comitantemente com outros requisitos, tivessem aprovação em português, francês ou aritmética ou passagem no terceiro ano de curso geral dos liceus e ainda os que, tendo apenas exame de instrução primaria, alcançassem prática dum ano nas repartições fiscais, com boas informações de assiduidade, aptidão e conduta.

Muitos indivíduos, contando com as garantias que lhes dava êste decreto, não duvidaram de alcançar a aprovação das cadeiras liceais que êle lhes impunha para