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ta, as condições era tam favoráveis para o Tesouro Público, que até a casa vendedora se dispunha a receber o valor do seu preço em bilhetes do mesmo Tesouro.

Pois, Sr. Presidente, o certo é que esta proposta não foi aceita pelo Estado, e hoje verifica-se, com grande desgosto, que essa aquisição, então, havia sido um magnifico negócio.

Não teríamos chegado á situação de vermos o Estado na necessidade de aproveitar os barcos da Empresa Nacional de Navegação para o transporte de tropas per preço excessivo, e com prejuízo para o tráfego dos produtos coloniais.

E era precisamente para isto que eu quisera que o Poder Executivo voltasse as suas vistas.

Sr. Presidente: é de todos visto, conhecido e sabido, que. a bem do fcmento agrícola, nada. ou quási, se tem feito.

Houve, é certo, a criação de Oaix£s de Crédito Agrícola, ainda mal dispersas e incompreendidas por grande número de agricultores. Pois o que se devia ter feito era estimular a nossa indústria, com o fiin de produzir bom e barato por meio de medidas protectoras, e não asfixiá-las com medidas fiscais onerosas.

E pelo que respeita às Caixas Agrícolas, que acabo de apontar, dever-se-ía intensificá-las, para que a agricultura se libertasse da use rã a que está sujeita.

Mas infelizmente observo que. bem pelo contrário, em vez dessas medidas de fomento, em vez de se proteger a agricultura e a indústria, o Governo apresenta esta proposta de lei, que quanto a raini e também na opinião do Sr. Ministre do Fomento, pelo que respeita ao barateamento das subsistências, nada resolve nem pode resolver.

Sr. Presidente: eu não tenho a pretensão de querer convencer a maioria, que certamente há de votar este projecto.

Permitam-me, todavia, S. Ex.as que eu faça umas simples observações. Precisamos ter todo o caidado no estado actual em que nos encontrámos.

Precisámos ter toda a cautela no estado em que se encontra toda a sociedade portuguesa com a prática de certas medidas.

Verificámos o resultado que deu a proibição da exportação do ouro.

Todos conhecem esses resultados.

Diário das Sessões do Senado

f Ocioso é, pois, pô-lo em relevo. ( Mas esse- resultado profetizei-o eu; isto é, o fundo agravamento do câmbio e a completa desaparição do ouro.

Está nas casas bancárias particulares que o não largam senão em certas circunstâncias e possível é até, que o Estado a elas tenha de recorrer, ou então ao particular, qus por sua vez fcambêm o não larga por cousa alguma, pois ainda há quem destas questões se informe e leia o Diário do Governo*

Porque, Sr. Presidente, ao passo que nós temes uma circulação fiduciária de 114:000 contos, a reserva de ouro e prata a fazer-lhe face, a baseá-la, é tam somente de 12:000 contos, quando nós precisávamos, pelo menos, duma reserva de 30:000 contos.

Já vê y. Ex.a, Sr. Presidente, a desconfiança que lavra justificadamente no espírito público, para haver o receio de deixar que a moeda de ouro desapareça das mãos dos particulares e do país, e a desconfiança com que o público, na incerteza do dia de amanhã, há-de receber as bases constitutivas da proposta de lei, sobretudo aquelas que se ligam ao comércio.

Sr. Presidente: não desejo que se suponha que com as minhas palavras estou fazendo uma oposição à outrance; não desejo que o pais pense que tento tirar ao Governo os meios para minorar a situação em que está a sociedade portuguesa.

Mas, Sr. Presidente, no estado actual da sociedade portuguesa preciso é ter todo o cuidado na promulgação de medidas de carácter radical, como esta que constitui uma ameaça constante sobre todos .que exercem o comércio.

Bem sei eu, Sr. Presidente, convencido estou de que esta proposta de lei atenua a actual situação, como estou convencido de que, no dia em que o« humildes sentirem uma diferença para menos no preço das subsistências, agradecerão aos poderes públicos os seus esforços e o seu procedimento. (Apoiados).

Não há dúvida.

Mas também sei que há almas más, corações de lodo que se não envergonham de explorar a miséria do operário e das classes pobres (Apoiados).