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Diário das Sessões do Senado

Esse amigo alarmou-se com o facto., e calculando pelo menos que fosse verdadeiro o facto de eu estar em casa, foi procurar-me a minha casa, pelas 11 horas da noite,,

O Sr. Presidente: — Se V. Ex.a entender, eu mando saber se está algum dos . Srs. Ministros na outra casa, para vir cá.

O Orador: — Como V. Ex.a entender. Eu posso interromper as minliás considerações, mas parece-me que os Srs. Ministros tem o Sumário -das Sessões e mesmo V. Ex.a transmitirá as minhas considerações.

Como disse, um amigo pessoal que estava no café Martinho foi procurar-me em minha casa para me dar conhecimento do que se passava. Não me encontroa, mas preveniu do facto a minha família, três senhoras, cujo alarme e incómodo é fácil de 'calcular.

Pois, Sr.. Presidente, nessa ocasião já a minha pobre casa, cujas paredes são, felizmente, duma grande transparência, como, aliás, tem sido.sempre, a minha pobre casa, repito, estava cercada de elementos civis, que a vigiavam e que, portanto, me vigiavam a mim, republicano de sempre, republicano desde os bancos da escola, como V. Ex.a, Sr. Presidente, muito bem sabe.

Pouco depois de dada a prevenção, chegava a minha casa meu filho, solteiro, que, como eu, é também republicano e que em 5 de Outubro de 1910 desempenhou uma grande missão, que muito o honrou.

E nunca pediu atestados desse facto, nem os pedirá, posso afirmá-lo à Câmara.

Meu filho, tendo conhecimento do que se tratava, foi procurar-me ao local onde eu me encontrava e onde, em geral, passo as minhas noites, excepção feita duma ou outra em que vou a alguns desses teatros que para ai existem.

• Meu filho procurou-me, pois, na redacção da Luta, sede do Partido Unionista, a que tenho a honra de pertencer, e dea-me a notícia.

Fui imediatamente à polícia; procurei o oficial de serviço e pedi-lhe para mandar chamar o denunciante e fazer com que a denúncia ficasse feita por escrito, para por ela eu poder devidamente responsabilizar o denunciante junto do Sr. juiz de invés-

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trgaçao criminal, a quem no dia seguinte apresentaria a minha queixa.

Conquanto o Sr. oficial de serviço não tivesse acedido ao meu pedido, porque se limitou apenas a transmitir ao juiz de investigação verbalmente a denúncia, eu procurei este magistrado e perante ele apresentei a minha queixa.

Era a única forma legal de desforço que ea tinha ao meu dispor, a única forma legal de me desafrontar da vil calúnia.

Como se vê, Sr. Presidente, não se trata de um facto vulgar.

O denunciante, segundo informações que me foram dadas, chama-íje Santos Tavares e tem por alcunha O rato dos armários.

Trata-se, Sr. Presidente, de um homem que com toda a certeza não procede por suaf conta.

É um homem que nlEo conheço.

Esse homem, como disse, não foi por seu livre alvedrio dar publicidade a uma atoarda>tam monstruosa.

Tratava-se de mais a mais duma acusação que não incide sobre qualquer anónimo, parque eu, permita-se-me a imodéstia, não posso ser considerado no meu país como uma pessoa anónima (Apoiados).

Sr. Presidente: o meu passado é a segurança do presente e do meu futuro (Apoiados).

Por mais estúpido que seja o denunciante, devia lembrar-se que não sou um anónimo na República; que fui comandante da polícia durante três anos sucessivos e duas vezes Ministro da Guerra em dois Ministérios seguidos, e está alguém aqui nesta sala que sabe bem as circunstâncias difíceis e a enorme dedicação com que desempenhei estes cargos políticos.

O Sr. Estêvão de Vasconcelos : — Apoiado!

O Orador:—Não se vexa assim um homem que ocupa um dos mais "altos postos do exército; não se fazem acusações desta. ordem a um indivíduo que é Senador da República e que representa a sua província no Parlamento desde que se fizeram as eleições das Constituintes.