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Sess&o de 27 de Março de 1916

alta importância política, militar e administrativa.

E extraordinário que não trepidasse em fazer uma acusação desta natureza, dando-lhe toda a publicidade, sabendo, evidentemente, que ela era falsíssima.

É que este homem não trabalha por sua conta, digo-o aqui bem alto, trabalha por conta alheia, por conta de quem lhe ensinou a má acção e certamente lhe pagou a vil proeza.

Haja dias — preciso dizer à Câmara — que eu sinto em volta de mim a preparação da atmosfera para se lançar no mercado a denúncia vil e infame, a fim de se colher dela aquele resultado a que se referia Mariano de Carvalho — da calúnia alguma cousa fica sempre.

De facto, vários amigos pessoais tem-me prevenido ultimamente de que anda de boca em boca que no campo entrincheirado disse isto e aquilo e que, em conversas, fiz estas e aquelas afirmações, etc., etc.

Evidentemente, alguns destes ditos baseiam se, até certo ponto, era factos mas com eles deturpam-se os pensamentos e os actos dando-se-lhes uma significação absolutamente inexacta.

Imaginem V. Ex.as que se chegam a fazer afirmações desta ordem: Houve há dias uma sessão do Conselho de Defesa do Campo Entrincheirado a que eu não pude assistir de princípio a fim. Tinha necessidade de comparecer aqui no Senado para me ocupar de qualquer questão 'que se debatia então e, nessa conformidade, dirigi--me ao Sr. general que presidia à referida sessão para o informar de que desejava sair mais cedo para poder aqui comparecer.

S. Ex.a, da melhor vontade, acedeu ao meu pedido e ás 15 horas eu despedi-me para me encaminham para o Senado. Pois, foi o bastante para se dizer que o coronel Silveira abandonara o Conselho com ares desdenhosos não querendo colaborar com os seus colegas na discussão dos graves assuntos submetidos á deliberação do Conselho de Defesa. E isto explica-se e diz-se por toda a parte em termos de desgosto pelo meu desnorteamento que só podem atribuir à obsecacão política!!!

j Veja V. Ex.a., Sr. Presidente, como os actos mais simples e naturais se transformam e se deturpam!

Nos meios militares fazia-se uma propaganda hábil destes e doutros ditos e factos todos falsos, mas todos preparados para fazerem a atmosfera que se desejava.

Agora deixe me V. Ex.a, Sr. Presidente, dizer aqui algumas palavras — porque é uma afirmação que ficará na acta,— referentes aos «meus ares desdenhosos».

O meu desdém pelo que se estava passando é tal, que rne basta dizer o seguinte: todas as actas das sessões do Conselho do Campo Entrincheirado tem mais de dois terços de discursos meus sobre assuntos militares. E, faço aí com a mesma sinceridade de sempre, com a mesma honradez, com a mesma honestidade e o mesmo patriotismo, a discussão dos assuntos militares, que não consinto que ninguém a faça com melhores intenções do que eu.

jPois os desprezos que tenho pelos assuntos que se tratam naquele Conselho, são desta ordem!

Se fosse preciso, pedia à Mesa que requisitasse as actas das sessões do Conselho do Campo Entrincheirado, para se ver o desejo por mim sempre manifestado de que se prepare militarmente bem o país.

Sr. Presidente: o facto grave a que aludo, não pode deixar de ter sido um desses processos miseráveis de que se tem feito uso neste país, para demolir um homem de bem.

Aos mandatários da infâmia, alguma impressão faz que haja um homem de bem, um homem honrado, para que se voltem para mim, nessa faina vilíssima de tentarem mergulhá-lo na mesma lama em que eles chafurdam.

Não o conseguem.

Toda a minha vida tenho trabalhado muito para sustentar a minha família honradamente, e para educar os meus filhos.

Se um dia morrer varado a uma esquina por uma bala de pistola, tenho a certeza que deixo dois vingadores, os meus dois filhos, porque sempre os eduquei no amor da Pátria e da família, e sei bem como eles me querem e eles sabem bem como eu lhes quero. Portanto, ficará quem vingue o meu sangue e o meu nome honrado de patriota!

Tenho dito, Sr. Presidente.