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4 Diário das Sessões do Senado

que tratou com paixão e carinho várias questões que se referiam a assuntos agrícolas, que eu muito estimava e a cajá memória eu presto a minha homenagem mais sentida.

O Sr. Queiroz Veloso: — Sr. Presidente: é esta a primeira sessão que se realiza, depois do falecimento de um dos mais eminentes escritores do Brasil. Refiro-me ao grande poeta Olavo Bilac que, sendo uma Edima glória das letras brasileiras, o era tambêm das nossas, como um dos mais admiráveis cinzeladores, um dos modernos mestres da língua portuguesa.

V. Exa., Sr. Presidente, e toda a Câmara sabem como o Senado e a Câmara dos Deputados do Brasil se associam sempre, calorosamente, a todas as nessas manifestações de dor ou de alegria. Cabe-nos agora a obrigação de manifestar tambêm ao Senado Brasileiro as condolências desta Câmara pelo falecimento de um dos seus homens de letras mais ilustre, o suborne criador da Via Láctea, das Penóplias de Caçador de Esmeraldas) poemas de imarcescível beleza, dignos de figurar em todas as antologias.

Alêm disso, Portugal deve a êsse maravilhoso poeta lírico serviços de alto valer: foi êle um dos mais indefessos propagandistas da união intelectual de Portugal e Brasil; foi êle um dos que mais celebrou e animou a formosa iniciativa da criação, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, de uma cadeira de Estudos Brasileiros, para cuja regência escolhido, numa sessão da Academia de Letras do Brasil, o Sr. Dr. Miguel Calmon, homem de Estado e homem de sciência de incontestável valor, que por motivo da guerra, não pôde ainda, infelizmente vir temer conta da sua cadeira.

Não sei, Sr. Presidente, só algum dos Srs. Senadores presentes assistia a um banquete que em 1916, por ocasião da sua última passagem por Lisboa, a revista literária, a Atlântida, promoveu em honra de Olavo Bilac. Pois todos os que então o ouviram discursar, e eu tive essa fortuna, não esquecerão nunca o que foi essa, brilhantíssima lição sôbre a história da nossa literatura, essa entusiástica apoteose da língua portuguesa e da sua graça, da sua precisão, da sua sobriedade, virtudes máxima e do génio latino.

Por isso, Sr. Presidente, é com o mais profundo sentimento que eu me associo ao luto geral do Brasil pelo prematuro falecimento do grande mestre do lirismo, que à infinita ternura dos seus versos uma o mais fervoroso amor da Pátria, como tam eloquentemente o demonstrou na sua admirável campanha em favor do serviço militar obrigatório.

Nestes termos, tenho a honra de propor que V. Exa. transmita ao Senado Brasileira as condolências desta Câmara pela morte dêsse altíssimo poeta.

Vozes: — Muito bem, muito bem.

O Sr. Presidente: — Serão satisfeitos os desejos de V. Exa. e de toda a Câmara.

O Sr. Severiano José da Silva: — Sr. Presidente: pedi a palavra para me associar do fundo da a]ma à homenagem prestada ao falecido parlamentar Sr. António Macieira.

Não podia deixar de manifestar êste sentimento, porque fui companheiro dele; reconheci as suas belas qualidades de parlamentar e as suas belas qualidades de carácter, pois que êle militava no mesmo campo em que eu militava, que era o da República.

Por tal motivo, comovidamente e consequentemente me associo ao voto que V. Exa. acaba de propor.

O Sr. Presidente: — Vou encerrar a sessão, mas antes desejo recomendar aos Srs. Senadores que não estão ainda constituídas todas as comissões e para fazerem na Mesa, como é do Regimento, pelos Srs. secretários ou presidentes, a devida declaração, pois que há vários projectos que exigem parecer.

O novo Ministério apresentar-se há amanhã ao Senado, visto os trabalhos da outra Câmara estarem muito demorados.

Está encerrada a sessão.

Eram 17 horas e 35 minutos.

Rectificações

No discurso do Srs. Nogueira de Brito, sessão n.° 3, de 9 de Dezembro de 1918:

A pág. 7, linha 16 da 2.ª coluna, onde se lê «passamos», leia-se «possamos».