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6 Diário deu Sessões do Senado

dade cheia de esperança no futuro dos Aliados.

Ao Presidente Wilson não devo a mando apenas a demonstração irrefreável de que a vitória dos Aliados era precisa para a consolidação do império do Direito e da Justiça. Mais, e acima, de tudo, deve-se-lhe o reconhecimento do que valêm essas grandíssimas concepções idealistas da lei o da liberdade, mais imponentes, mais poderosas que os mais poderosos, exércitos.

O futuro da humanidade, cuja marcha evolutiva se filiava até agora no egoísmo, na selecção, na permanente luta pela vida, na guerra entre nações fortes e nações fracas, acaba Wilson de mostrar que não está sujeito a essa terrível fatalidade ancestral. Acima da combatividade e da fôrça estão a Justiça e o Direito da humanidade.

Vozes: — Muito bem.

O Sr. Machado Santos (interrompendo): — Mas isso é lá fora, porque cá dentro não conhece S. Exa. isso.

Vozes: - Há-de fazer-se. Há essa esperança.

O Orador: — O critério fundamental dos Estados Unidos era a doutrina de Monroe; a América para os americanos. Pois Wilson, na sua deliberada fórmula de conquistar a paz pela guerra, conseguiu transformar aquele cómodo isolamento Da mais gigantesca intervenção armada, fazer duma grande nação utilitária o mais entusiástico, o mais desinteressado campeão da Liberdade do mundo.

A remodelação que vai fazer-se, não apenas na Europa, mas na cara política da Terra, deve assentar no Direito e nos laços de afinidade dos povos. Por isso tenho fé, Sr. Presidente, numa, nova era para a humanidade, em que não vigore a lei da fôrça, como até agora, em que todas as nações, por mais humildes, sejam iguais perante a Justiça.

O valor dum país não deve medir-se pela fôrça das suas armas, pelo número
dos seus habitantes, pela importância material das suas riquezas. Há nações pequenas, que representam altos valores morais e sociais. Por isso faço os mais ardentes votos pela união de todos os portugueses, neste momento difícil da nossa história, pois mal parecerá que vamos para a conferência da paz, tam desunidos e discordes como infelizmente temos vivido até agora.

Sr. Presidente, eu não posso deixar de me associar tambêm à saudação de V. Exa. aos heróicos soldados portugueses que, na África e na França, se bateram pela vitória da Justiça e do Direito. Batalhando por êsses ideais, não foi apenas o seu velho prestígio militar que eles honraram. Bateram-se pelo nosso futuro, pela nossa própria existência, como nação autónoma. Na realidade, se a Alemanha vencesse, muito triste seria a nossa sorte! Mas felizmente triunfou quem devia triunfar, para tranquilidade e repouso da humanidade.

Associando-me a essa saudação, muito entusiástica e sincera, eu faço igualmente votos para que, na conferência da paz, sejam equanimemeiito reconhecidos todos os direitos a todas as nações que combateram pela Liberdade dos povos. No congresso de Viena, em 1815, tambêm a Europa foi remodelada; mas, nem se atendeu às verdadeiras conveniências dos povos, nem às mais flagrantes afinidades de raça, de civilização e do língua.

Que o diga Portugal, que nem sequer pode tornar efectivo o seu direito à, reversão duma terra, legitimamente e estritamente portuguesa!

Na próxima conferência da paz, o equilíbrio político do mundo não assentará num jôgo de rivalidades e de influências. Por bem altos ideais se bateram a Inglaterra e os Estados Unidos, para que não possamos ter alguma dúvida acêrca do reconhecimento dos nossos legítimos interêsses. Nem doutro modo podia ser, visto estarmos do lado da Justiça e do Direito.

Tenho dito.

Vazes: — Muito bem, muito bem.