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Sessão de 4 de Agosto de 1922 9

gnifica que os meus colegas do Ministério menosprezem esta Câmara.

Como eu sou Senador, como tenho o meu voto, podendo, portanto, exercer mais a minha acção nesta Câmara, será êsse um dos motivos porque a frequento com mais assiduidade.

O Sr. Vasco Marques (interrompendo): - Com grande aprazimento de nós todos.

O Orador: - Tenha V. Exa. a certeza de que os meus colegas do Ministério, desde que sejam solicitados para virem aqui tratar de qualquer assunto, êles virão.

A ausência de qualquer membro do Govêrno, mais ou menos demorada, não significa menos consideração para com os ilustres Senadores.

Eu ouvi as considerações que S. Exa. fez a respeito das taxas relativas aos direitos de exportação.

S. Exa. sabe que também eu me interesso pela prosperidade daquele belíssimo torrão, daquela terra abençoada pela natureza, que é a Madeira, mas eu neste caso não tenho de olhar somente para a Madeira, tenho de olhar para todo país.

Encarando esta questão das exportações, eu tenho de o ver duma maneira mais geral.

Eu vejo esta questão das exportações ligada intimamente à questão bancária.

Sabe V. Exa. e sabem-no todos, que uma grande parte do comércio vende os seus produtos deixando ficar lá fora os cambiais. Isto é altamente censurável e exige que providências se tomem a êsse respeito.

Foi o que fez o Govêrno ao publicar o decreto a que V. Exa. se referiu.

Acabar com semelhante especulação, para não lhe chamar outro termo, foi o pensamento fundamental dêsse diploma.

Eu estou convencido que a medida que o Govêrno tomou nos há-de trazer bastantes vantagens, e ela está Intimamente ligada a um ponto que V. Exa. se referiu há pouco, e a que se tem referido várias vezes nesta Câmara, e que é a carestia da vida.

V. Exa. disse que ontem se esboçou um movimento resultante da excitação que existe por causa das circunstâncias difíceis da vida.

Creiam V. Exas., e eu estou pelo menos persuadido, de que o movimento que se esboçou não foi só por causa disso.

Alguns de boa fé entraram nele, mas o fim principal dêsse movimento foi uma especulação de carácter político, traduzindo no fundo um vil interêsse.

Fez se espalhar o boato de que o pão havia de ser mais caro, a 1$ o quilograma, quando se sabia que assim não era.

Os pequenos pães que se vendiam a $05 quiseram passar a vendê-los a $10, mas o Sr. governador civil, por instruções do Sr. Presidente do Ministério deu ordem para que êsse pão fôsse apreendido, não se permitindo, portanto, êsse abuso.

O Sr. Ribeiro de Melo (interrompendo): - Há já muito tempo que existia êsse abuso.

A lei estabelecia um tipo único de pão, e as padarias fabricavam outros, chegando até a ter nas montras êsses tais pães pequeninos.

O Orador: - Vê portanto o Senado que o Govêrno deu as ordens necessárias para que fôsse cumprida rigorosamente a lei que o Parlamento votou.

Quanto às medidas á que o Sr. Vasco Marques aqui se tem referido acêrca da carestia da vida, eu não posso deixar de repetir aquilo que tenho dito a semelhante respeito.

Não posso deixar de repetir o que tenho dito sôbre êsse assunto.

A questão da carestia da vida tem origem na questão cambial; se não é essa a origem principal, é, pelo menos, primordial.

O decreto das exportações tende a melhorar o nosso câmbio e a valorizar a nossa moeda.

Na França quis-se fazer alguma cousa nesse sentido, mas os produtores procederam de maneira diferente dos nossos.

Lá os sindicatos produtores uniram-se e estabeleceram umas tabelas para venda dos produtos pelos intermediários, obrigando-os a estar adstritos a essas tabelas.

A Itália, que como se diz é mestra do direito, nas medidas que tem tomado não tem obtidos os resultados que era para desejar.