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8 Diário das Sessões do Senado

com o seu esfôrço e com a sua boa vontade para que, pelo menos, a vida estacionasse, desde que se limitassem ao lacro legitimo de antes da guerra.

Os comerciantes afirmam, porém, que não há já possibilidade de só aterem às percentagens antigas, por isso que os seus encargos são muito maiores e portanto precisam de anterior muito maiores receitas.

Mesmo assim não é necessário que, em vez dos 5 ou 10 por cento que antigamente estavam estabelecidos, os seus interêsses passem para 20 ou trinta por cento, porque aquilo que custava 10$ passou a custar 100$, de onde resulta que se na venda de um artigo de 10$ a 10 por cento, o comércio ganhava antes da guerra W, êsse artigo é hoje vendido por 100$ e aplicando idêntica percentagem, o comerciante já não tem 1$ de lucro mas sim 10$. E como todos sabem que o número de transacções não deminuíur antes aumentou assombrosamente, porque a febre de gastar, de consumir, de ombrear com os demais é cada vez, e infelizmente, maior, segue-se que o comércio por grosso, sobretudo mesmo com a taxa antiga, auferiria lucros compensadores. E quem os escuta em separado assim conclui, porque o comerciante de fazendas aponta os lucros fabulosos do comerciante de calçado, êste demonstra com números o ganho formidável dos armazenistas de géneros alimentício"; êstes por sua vez provam fàcilmente os interêsses desmedidos das alfaiatarias, e assim por diante.

Mas eu admito ainda como justo que duplicassem os lucros do seu comércio, isto é, que em lugar de ganharem 10 por cento passassem a ganhar 20, Toda a gente, porém, sabe que não é assim, e agora mesmo o Sr. Artur Costa, no seu àparte, acaba de salientar que muitos comerciantes não se contentam com menos de 100 por cento, não ao ano, mas ao mês ou menos de mês, pois compram um artigo e põem-no logo à venda pelo dôbro!

Reclamo, por isso, e de novo, que o Govêrno intervenha em quanto é tempo.

Não quero criar embaraços à vida do Govêrno ou fazer qualquer pressão no momento grave que atravessamos.

Se o Govêrno não encontrar no seu caminho senão as dificuldades que nós os Reconstituintes lhe levantarmos, terá a sua vida muito desafogada. Mas é preciso que o Govêrno intervenha duma maneira directa e eficaz contra os especuladores que vão tornando a vida insuportável e estabelecendo uma atmosfera favorável a todas as perturbações, porque de facto desde que todas as classes se sintam mal, desde que todas vejam crescer dia a dia as suas necessidades e multiplicarem-se os seus embaraços caseiros, a atmosfera proporciona-se para todos os destemperos, que só Deus sabe onde nos conduzirão!

Eu referi e torno hoje a repisar que ao governador civil de Lisboa foram entregues provas pelas quais podem ser chamados à responsabilidade aqueles que mais têm concorrido para os altos preços dos artigos de primeira necessidade, apertando cada vez mais ò círculo de ferro que a quási todos esmaga.

Para tal chamo a atenção do Govêrno, porque, neste momento, o que haveria de mais salutar e eficaz para pôr um dique ao desencadear de graves acontecimentos seria o procedimento enérgico contra os culpados desta situação, pois V. Exa. sabe que a população ordeira e pacata, mas que tem estômago, desde que veja que o Govêrno não hesita em castigar sem contemplações os que sugam sem misericórdia o sangue do povo, evitará que êsses acontecimentos se desenrolem ou pelo menos que se não desenrolem com consequências muito graves.

Dando o meu brado de alerta em face dos factos ontem ocorridos em Lisboa e que são muito significativos, eu faço votos para que êles não representem o início do cataclismo há tanto anunciador que só poderá evitar-se se os que ocupam as cadeiras do Poder derem insofismáveis provas de que estão decisivamente ao lado dos explorados contra os exploradores.

O Sr. Ministro da Justiça e dos Cultos (Catanho de Meneses): - Eu estive atento, como sempre, às considerações feitas pelo ilustre parlamentar e meu prezado, amigo, Sr. Vasco Marques.

Eu cumpro apenas um dever, vindo a esta Câmara, e se acontece que eu a frequente com mais assiduidade, isso não si-