O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

25 DE NOVEMBRO DE 1955 635

trias químicas e metalúrgicas, de uma maneira geral, relativa estabilidade.

17. Pelo que respeita à produção ultramarina, no que tem de mais relevante para a economia metropolitana, pela sua repercussão no abastecimento do País ou pelo seu reflexo directo na balança de pagamentos, há que contar com os efeitos de uma diminuição muito sensível na produção de algodão, com a continuação das baixas cotações do sisal e, no café, com a acção depressiva resultante de se cumularem uma produção muito baixa e a queda de cotações nus mercados internacionais.

18. O comércio externo da metrópole com o estrangeiro acusa no período de Janeiro a Agosto de 1905, em relação ao correspondente do ano anterior, um agravamento de déficit de 332 000 contos (total 2 381 000 contos) proveniente de um aumento de 941 000 contos na importação e de mais 609 000 na exportação.
Proporcionalmente aos valores respectivos em 1954, o aumento das exportações foi maior que o das importações (13,7 por cento contra 17,7 por cento), mas o maior volume do comércio aumentou o valor absoluto do déficit.
Contribuíram especialmente para o aumento da importação os algodões em caroço ou rama (215 000 contos), o (ferro e aço em bruto (173 000), os óleos em rama para destilação (121 000), as embarcações (33 000) e os automóveis (34 000 os de transporte de pessoas e 38000 oa de carga). Quanto às restantes mercadorias de importação, as que maior aumento acusam são no conjunto as matérias-primas, manufacturas diversas e substâncias alimentícias. E de notar que, exceptuadas as embarcações e os automóveis, a importação da classe v baixou de maneira sensível em relação a 1954.

19. Na exportação merecem mencionar-se aumentos na cortiça em bruto (181000 contos) e em obra (89 000), nas conservas de peixe (141 000), na amêndoa (70 000), na madeira em obra (49 000), nas pirites (31 000) e no minério de volfrâmio (27000). Baixaram sensivelmente as exportações de tecidos de algodão (128 000 contos) e de óleos combustíveis e gasolina (32 000). A baixa verificada nos vinhos (12 000 contos) é, proporcionalmente ao valor da exportação, insignificante, mas a estabilidade assim acusada aconselha o emprego de acrescidos esforços para a desenvolver de maneira substancial.

20. No comércio externo ultramarino nota-se, infelizmente, como facto mais relevante nos primeiros sete meses do ano corrente, um agravamento sensível da balança comercial com o estrangeiro, proveniente de um aumento de 174 000 contos na importação (que deve corresponder a aquisição de equipamentos e, nesta medida, não representa por si tendência patológica) e uma lamentável queda de 520 000 na exportação - resultado das más colheitas de alguns produtos e de quebra de algumas cotações nos mercados externos, a que já se fez alusão.
Quanto ao comércio da metrópole com o ultramar, manteve-se sensivelmente a exportação daquela nos valores de 1954, mas a importação de produtos ultramarinos sofreu uma quebra sensível (27700 contos), por diminuição dos fornecimentos de algodão e de açúcar, que o aumento nos de café não foi suficiente para compensar.

21. Estes os elementos mais recentes acerca das tendências da balança comercial com provável repercussão na conjuntura económica nacional em 1956. Se é de esperar que algumas produções ultramarinas recuperem, pelo menos em parte, a quebra verificada no ano corrente - como é o caso do algodão e do café -, não é de contar para algumas delas modificação sensível das cotações mundiais. Por outro lado, se a balança do conjunto poderá beneficiar dessa recuperação e de tendências para o progresso em algumas exportações metropolitanas - como as conservas, cortiça e resinosos -, não deve esquecer-se que a baixa produção de trigo em 1955 se vai traduzir em pesado encargo da importação. É a esta situação que terá de fazer fico a política comercial a que mais adiante se fará referência.

22. Na balança de pagamentos da zona escudo nota-se pela primeira vez, depois de alguns anos, no 1.º semestre de 1955, um saldo negativo, que atingiu 376 000 contos. Como em igual período do ano anterior a balança acusou um superavit de 912000 contos, o agravamento relativo ao ano corrente atinge 1 288 000 contos, com a proveniência seguinte:

Balança comercial:

Agravamento do saldo negativo da metrópole ....... 282
Diminuição do saldo positivo do ultramar ......... 601 883

Balança de invisíveis:

Metrópole e ultramar - Diminuição do saldo positivo .......... 405
1 288

Não é ainda possível fazer a discriminação do saldo da balança ide invisíveis e determinar, portanto, quais os movimentos que estão na base da forte diminuição verificada, mas, sabido que em 1954, como pode ver-se do relatório das contas públicos, cerca de 50 por cento daquele saldo era constituído por invisíveis no ultramar, e que estes estão, em parte, ligados ao comércio externo do ultramar; é de supor, sem grandes possibilidades de erro, que ainda aqui se trata apenas de um reflexo da crise de algumas exportações ultramarinas, a cujas principais causas já se fez referência. Quanto aos outros invisíveis, não há índices que permitam supor ter diminuído o seu saldo, normalmente positivo.

23. Não se mostram, assim, favoráveis as perspectivas do comércio externo e da balança de pagamentos, embora nos primeiros meses do 3.º trimestre do ano se verifiquem algumas melhorias, a que o relatório faz referência, e seja ide esperar, como se disse, progridam um tanto não só a produção e exportação do ultramar como algumas exportações metropolitanas.
Não deve esta situação ser causa de alarmes nem exige medidas de emergência, visto que, felizmente, o País dispõe de reserva»cambiais que lhe permitem fazer com calma, e apenas pelas reacções naturais ou pela política de fomento nos pontos sensíveis que lhe dão causa, a correcção destas tendências; deve, porém, ser considerada, no desenvolver daquela política, em ordem a atenuar os seus efeitos sobre a conjuntura interna e a conferir à nossa balança de pagamentos -em tão grande parte ainda dependente das contingências, no mercado mundial, de um restrito número de produtos - condições de maior estabilidade.
Com razão se frisa no relatório da proposta que, sem desprezar a importância crescente que vão tendo na balança de pagamentos alguns invisíveis, como o turismo, e a que podem voltar a ter as remessas de migrantes, é ainda no desenvolvimento da produção