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7 DE JULHO DE 1956 943

cotas superiores a 30 m, em dunas na sua maioria já fixadas pela arborização.
Raramente é necessário profundar abaixo de 2 a 3 m para se encontrarem quantidades apreciáveis de água utilizada para rega e usos domésticos.
Quanto ao clima, pode afirmar-se que é propício à vegetação de todas as culturas dos climas temperados. A proximidade do mar regulariza extraordinariamente a temperatura, não se registando nos meses mais cálidos temperaturas muito altas, nem muito baixas nos de Inverno; a chuva distribui-se regularmente por todo o ano, raro sendo o mês em que não chove; os números que exprimem o estado higrométrico do ar são dos mais elevados registados no País; os nevoeiros são cerrados e persistentes, as geadas e trovoadas são pouco vulgares. Pena é que, por vezes, a cerração dos nevoeiros e a intensidade dos ventos, especialmente do N. W., prejudiquem a excelência de tal clima.
O solo agrícola da Gafanha pertence ao cenozóico moderno e classifica-se, quanto à sua textura, em tipicamente arenoso, ou «de pinhal». Destituído de compacidade e de tenacidade, e por isso muto permeável ao ar e à água, é extremamente pobre em todos os elementos principais: calcáreo, húmus (por vezes só vestígios), matéria orgânica, azoto, fósforo e potássio.
A cultura nestes terrenos só é econòmicamente possível à custa de lautas fertilizações, que vão melhorando lentamente a constituição física do solo. Nestas transformações intervêm ainda o clima excepcional, a permeabilidade das areias e a existência de grande humidade nas camadas subjacentes ao solo arável.

6. O primeiro projecto de colonização referente a uma pequena parcela - 441 ha da Mata Nacional da Gafanha - foi já objecto do parecer desta Câmara em 4 de Maio de 1944. Assinou-o o Digno Procurador engenheiro Ezequiel de Campos. Considerava-se a instalação de setenta e cinco casais, e a Câmara aprovou-o com pequenos reparos, tendentes a alguns ajustamentos e estudos complementares.

7. Julga-se ser agora conveniente apresentar uma súmula do que foi feito nesta i parte da colonização da Gafanha desde o início dos trabalhos - 1937 - até agora.

Do estudo feito chegou-se à conclusão de que, dadas as condições especiais de localização, vias de comunicação e características agrológicas, a parte da Mata Nacional da Gafanha situada a norte da estrada de Ílhavo-Costa Nova, numa área de 441 ha, apresentava condições favoráveis para os primeiros trabalhos de colonização dirigida.
Assim, foi elaborado o primeiro projecto, em que não se considera a construção dos edifícios, mas apenas um crédito necessário, sob a forma de subsídio reintegrável, para a construção de casa e dependências, de harmonia com o projecto previamente estudado pela Junta.
O casal era constituído por 3 ha de regadio e 1 ha de sequeiro, estando prevista uma incorporação de moliços da ordem das ,200 t por hectare, não se considerava a macadamização das estradas e a adaptação ao regadio reduzia-se a uns ligeiros nivelamentos dos terrenos de 2.ª e 3.ª classes, utilizando principalmente pás-de-cavalo e vagoneta.
Passado pouco tempo, verificou-se que as famílias não mostravam o interesse necessário para proceder ao rápido povoamento da zona considerada. Revisto novamente o problema, procedeu-se a um certo número de modificações que levassem os terrenos a uma mais rápida produtividade, melhorando desta forma a vida dos colonos nos primeiros anos de ocupação ria terra.
Assim, a área do casal foi fixada em 3,3 ha de regadio, depois de elaborados contas de cultura e mapas de distribuição do trabalho, reorganizados os efectivos pecuários previstos e procurada uma melhor utilização do lençol freático, bem como do aproveitamento de novas fontes de matéria orgânica: fabrica de estrumes artificiais e utilização dos lixos da cidade de Aveiro.
Verificou-se também que se tornava indispensável a prévia construção das casas a habitar pêlos futuros colonos, bem como proceder a uma mais cuidadosa adaptação ao regadio, compreendendo um perfeito nivelamento em tabuleiros, dominados por uma rede de rega e com a consequente rede de drenagem.
Posto o problema neste pé, e depois de se solicitar a necessária autorização superior, procedeu-se em primeiro lugar à abertura e macadamização de uma rede de estradas, num desenvolvimento total de 15 910 m, onde se gastaram 26 000 m3 de materiais diversos e 214 000 torrões para as bermas, com um encargo aproximado de 18$50 por metro quadrado. Concluídas as vias de acesso, procedeu-se à construção das casas a habitar pêlos colonos, primeiramente um grupo de seis e, sucessivamente, um grupo de quatro e outro de sete e, finalmente, o último grupo de sessenta casais. Ao mesmo tempo procedia-se à adaptação ao regadio, à abertura de valas de drenagem, construção de caleiras e estrumação de fundo.
Construção das casas. - A casa agrícola ocupa uma área coberta de 137 m3 e é constituída por duas partes: residência do colono e instalações necessárias à exploração agrícola. A primeira é constituída por três quartos, que permitem a separação dos sexos, uma cozinha e um W.C. com chuveiro e fossa séptica. A segunda é formada por um estábulo, alpendre e dois silos e no pavimento superior um armazém e água encanada; exteriormente deste conjunto está instalada uma nitreira descoberta, com a área de 30 m2, e ainda duas pocilgas, uma destinada a criação de porco de engorda e outra a uma marrã. O custo global desta construção foi de, aproximadamente, 70.000$, sendo de 60.000$ para a casa, e correspondendo 10.000$ ao anexo nitreira-pocilga.
Adaptação ao regadio. - Seguindo o mesmo critério, executaram-se estes trabalhos deixando os terrenos nivelados a uma altura máxima cio lençol freático de 1,80 m no Verão. Esta orientação baseou-se no estudo apurado e completo da variação do lençol freático, elaborado durante cinco anos sucessivos nas areias da Gafanha. Este sistema, embora ocasionasse maior encargo no estabelecimento dos casais, contribuiu para um melhor aproveitamento agrícola dos mesmos.
Drenagem. - Verificou-se também que para os terrenos estarem em condições normais de cultura se tornava necessário proceder à sua drenagem; para isso foram abertos cerca de 16 km de valas de secção trapezoidal, defendidas por duas linhas de canavial.
Rede de rega. - A prática demonstrou que, embora utilizando a tradicional junção, de «lama da ria» ,na água de rega, o movimento desta era ainda assim extremamente lento, originando, portanto, um elevado volume de perdas. Procedeu-se então à construção da rede de rega, formada por caleiras