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7 DE JULHO DE 1956 945

nada mais. O aumento da produção, consequência desta melhoria, é um passo mais; mas só quando na terra se instale de maneira fixa e estável uma povoação agrícola teremos dado todo o conteúdo à palavra; quer dizer, a colonização não termina quando os caminhos, as redes de rega, de drenagem, as moradias, os edifícios industriais, as plantações, etc., estão concluídos, mas sim quando se conseguiu o estabelecimento, num meio assim formado, de unidades de exploração de harmonia com ele e se alcançou a produtividade normal dos seus solos e a independência económica das famílias estabelecidas.

Exame na especialidade

I

10. O projecto agora em estudo é de maior envergadura que os antecedentes, pois abrange 3969 ha e compreende quatrocentos e cinquenta e um casais agrícolas.
Alicerçado nos ensinamentos colhidos nos trabalhos realizados na I parte do empreendimento, o projecto apresenta pormenorizados elementos técnicos para justificação da economia do sistema, e que, quer pela forma cuidadosa, como foram recolhidos, quer pela experiência do pessoal técnico que os apreciou, não podem estar em causa.

11. Os 3969 ha delimitados para colonização foram escolhidos de entre uma zona estudada que abrange 15 000 ha, constituídos apenas por terrenos do Estado - matas nacionais - e das autarquias locais - baldios-, com os seguintes limites:

A norte a estrada de Ílhavo à Mata da Encarnação.

A sul o concelho de Cantanhede.

A poente das estremas da anata do Estado e baldios da Verdura do Norte e Arção e o oceano Atlântico.

A nascente os limites este da mata do Estado e baldios da Caniceira, do concelho de Cantanhede.

Consideram-se três núcleos:

Núcleo I - Mata nacional - 1780 ha - 190 casais.
Núcleo II - Baldio da Videira do Norte - 407 ha - 61 casais.
Núcleo III - Pinhal do Costinhas - 1782 ha - 200 casais.

O aproveitamento actual dos núcleos I e III é feito através dos pinheiros e o núcleo n mantém-se em logradouro comum. O baldio de Caniceira, considerado no projecto (1454 ha), não será desde já submetido à colonização, dado que «os povos têm-se defendido tenazmente de qualquer tentativa para modificar o statu quo».
A distribuição da área considerada, em face dos actuais proprietários, é a seguinte:
[Ver Tabela na Imagem]

«Todos estes terrenos confinam com zonas cultivadas e não se vêem motivos impeditivos do seu aproveitamento agrícola», diz-se no projecto. E acrescenta: «O facto de uns se encontrarem na parte do Estado-matas nacionais - e outros -baldios - exigirem a realização de complexos e dispendiosas obras de defesa e de drenagem são, na verdade, as razões que têm obstado à sua cultura e consequente apropriação».

12. A densidade da população, por quilómetro quadrado, é, na região e segundo o censo de 1950, 137,9, superior à média geral do continente - 89,3.
E, se se subtraírem os 15 000 ha considerados -matas e dunas-, sobe para 176,5.
Parece, portanto, que, sob o aspecto demográfico e social, se justifica a tentativa de aproveitamento de tão extensa zona.

13. E sob o aspecto agrológico e agrícola?
O solo agrícola da Gafanha é tipicamente arenoso - o vulgar terreno «de pinhal». São terras em que a cultura só é economicamente possível desde que, mediante fortes e contínuas adubações orgânicas, sofram uma profunda transformação. Mas a existência de grande humidade nas camadas subjacentes do solo arável, a permeabilidade das areias e o clima e a facilidade de se conseguirem matos para o fabrico de estrumes e algas marítimas favorecem a sua transformação.

14. Uma das características do terreno é a existência de um lençol freático, que, não só dá ao mesmo uma humidade que auxilia poderosamente a formação dos solos agrícolas, como assegura as exigências das culturas.
Admite-se mesmo a necessidade de estabelecer desenvolvido sistema de drenagem, para que os terrenos se possam submeter com êxito à cultura, como no núcleo n, por exemplo. Em função da profundidade do lençol e da existência no solo de matéria orgânica, anãs principalmente em relação à primeira, os terrenos foram classificados em cinco classes.

15. Numa região com as características da que estudamos a exploração do solo faz-se intensivamente e a policultura é dominante.
Consideram-se como culturas principais, no Outono, as ervas para pastos e, na Primavera, a batata, o milho estreme ou condicionado ao feijão ou à batata e, nalguns casos, a chicória para a indústria de torrefacção.
Em escala menos acentuada cultiva-se o trigo, a cevada, a fava, o centeio, a ervilha, a mostarda, e ultimamente tem-se recorrido também ao amendoim, que se admite traga apreciáveis vantagens económicas.
Como meio de trabalho e gado de engorda, é habitual cada lavrador possuir uma junta de bezerros e, para complemento da economia doméstica, os indispensáveis suínos e galináceos.
Ultimamente tem-se registado a expansão da vaca turina, explorada com o objectivo de produzir trabalho e leite.
Frisa-se que as características do clima local são favoráveis à expansão da indústria dos lacticínios.
Admitem-se, ao atingir o «período de plena produção», os seguintes rendimentos médios por hectare, que, dadas as fertilizações orgânicas previstas, a facilidade no recurso à água e as doses maciças de adubos químicos habitualmente empregados na região, se consideram aceitáveis:

Produções
Milho com feijão: previstas
por hectare
Milho ...................................... 2 200 kg
Feijão ..................................... 600 l