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16 DE ABRIL DE 1942 273

São de há sete anos, das vésperas da eleição presidencial, e dizem:

«Não há na gerência dos negócios terrenos funções mais altas, mais difíceis, mais delicadas. Deve aferir-se por elas o conjunto de qualidades que deverá ter quem haja de desempenhar essa missão».

A Nação, elegendo V. Ex.ª já pela terceira vez, consagrou definitivamente a pessoa que disfruta de tam excelsas qualidades.

Por isso a Assemblea Nacional interpreta nesta hora o sentimento unânime do País, unindo aos votos que formula pelas prosperidades pessoais de V. Ex.ª os que eleva ao céu pela grandeza e prestígio de Portugal.

Terminado o discurso do Sr. Deputado Madeira Pinto, S. Ex.ª o Sr. Presidente da República, erguendo-se, lê a seguinte mensagem, perante toda a assistência de pé.

As palavras de saudação que V. Ex.ª acabam de dirigir-me vieram obrigar mais ainda o agradecimento devido à Nação pelo entusiasmo e carinho com que decidiu renovar-me o mandato de continuar a presidir aos seus destinos.

A autoridade em que acabo de ser investido existe para bem de todos os portugueses, e a todos os que comungam na unidade da Pátria, embora vivam ou cumpram a sua missão em terras distantes, se dirigem as minhas saudações e a expressão do meu reconhecimento.

Não aludirei às deficiências da minha pessoa e da minha idade para sopesar a mais alta magistratura do País, nem que não seja senão porque, ante a insegurança que avassala o mundo e a grandeza dos acontecimentos, já os maiores valores humanos se reputam insuficientes.

Patriòticamente coagido a continuar no exercício da Presidência da República, quero sómente dizer que, tendo aprendido a servir a Nação no decorrer de uma vida inteira, da melhor vontade lhe ofereço as energias que me restam e todo o esforço de que for capaz para a sustentação inquebrantável dos seus direitos, para a defesa do seu maior prestígio, da sua integridade e independência.

Estas palavras do compromisso constitucional, que podem, em épocas de calma normalidade, parecer simples manifestação da majestade do poder público, envolvem, nesta hora conturbada, responsabilidades que todos conhecem e a muitos causam justa apreensão.

Mas jamais, em qualquer época da história, a missão altíssima de governar andou insenta das maiores dificuldades e perigos; para os vencer e conjurar se reuniram sempre à volta dos chefes todas as energias nacionais, desde a força da tradição, pela qual as nações são o que são ao longo dos séculos., até aos sacrifícios mais devotados dos seus continuadores no presente; desde os desígnios, formados pela falível inteligência dos homens, até aos que encontram decisivo apoio no favor da Providência. E rodeada de todas estas energias e valores que a voz de um homem, embora imperfeito ou alquebrado, se fala em nome de uma pátria, assume ressonâncias infindas; nela ecoam direitos e obrigações dos antepassados, nela vibram as esperanças dos homens de hoje, nela vivem antecipadamente as ânsias de verdade, de ventura e de justiça dos homens de amanhã.

Sei bem que posso contar com esta admirável força patriótica no desempenho da minha árdua missão; conheço-lhe as raízes que a prendem na história e tenho podido avaliar, nas altas funções que me foram confiadas, a sua fecundidade construtiva na preparação de novos tempos; e se é crucial o momento histórico que atravessamos, também sinto essa força patriótica cobrar novos alentos pela união dos corações e das inteligências E. volta dos supremos interesses nacionais.

Vale a pena, Srs. Deputados, viver e morrer por uma Pátria que ainda na hora em que, parece, o mundo tudo despreza e tudo subverte encontra justos motivos para o respeito dos outros povos.

De muitos dos seus ilustres Chefes, como do Sumo Pontífice, tive a honra de receber palavras de apreço pela minha reeleição; quero renovar-lhes também os meus agradecimentos, em nome da Nação Portuguesa, que com todas tem procurado manter amistosas relações e só deseja poder continuá-las, animada do bom propósito de converter em proveito comum não só a tranquilidade que felizmente disfruta, mas ainda os sacrifícios que as lutas alheias imerecidamente lhe imponham.

Lida a mensagem, S. Ex.ª o Sr. Presidente da República foi alvo de calorosos e prolongados aplausos.

O Sr. Presidente da Assemblea, em nome de S. Ex.ª o Sr. Presidente da República, declarou encerrada a sessão.

O Chefe do Estado, calorosamente aplaudido, retirou-se da sala das sessões com o mesmo cerimonial da entrada.

Eram 17 horas e 40 minutos.

O REDACTOR - M. Ortigão Burnay.

IMPRENSA NACIONAL DE LISBOA