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DIÁRIO DAS SESSÕES — N.° 163
Rui Pereira da Cunha.
Salvador Nunes Teixeira.
Ulisses Cruz de Aguiar Cortês.
O Sr. Presidente: — Estão presentes 41 Srs. Deputados.
Está aberta a sessão.
Eram 15 horas e 37 minutos.
Antes da ordem do dia
O Sr. Presidente: — Está em reclamação o Diário da última sessão.
Pausa.
O Sr. Presidente: — Como nenhum Sr. Deputado deseja usar da palavra, considero-o aprovado.
Pausa.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra antes da ordem do dia o Sr. Deputado Silva Dias.
O Sr. Silva Dias: — Sr. Presidente e Srs. Deputados: passou ontem o 19.° aniversário do movimento nacional de 28 de Maio.
Passaram assim dezanove anos na vida de muitos que se não conformaram com o que então existia e, de diferentes maneiras e seguindo caminhos convergentes, prepararam êsse movimento e esperaram a sua inevitável vitória, com a certeza de que a Nação merecia, e devia ter, um destino diverso daquele em que jazia — absorta, retalhada, desvairada e quási perdida.
Nestes últimos dezanove anos passaram extraordinárias cousas no mundo: crises de sistemas, revoluções, derrocadas de tentativas orgulhosas de domínio e muitas vezes vimos as massas populares desprezarem, entre amargas desilusões, aquilo que pouco antes delirantemente tinham aplaudido!... Vivemos nestes dezanove anos em movimentos vertiginosos de ideologias com ocasos bem perto das respectivas alvoradas, em arrojadas e efémeras mutações políticas e até nas modificações do mapa do mundo, com vitórias fugazes e derrotas tremendas, o espaço histórico e os tormentos de um século. Mas entre nós é com a mesma límpida constância e o mesmo vivo entusiasmo de há dezanove anos que eu aproveito esta posição de Deputado para afirmar a minha fé nos princípios morais e nacionais do movimento de 28 de Maio, a minha admiração por todos os que o tornaram possível, a minha satisfação pela obra já realizada e a minha esperança nos frutos que ela produzirá para assegurar às gerações vindouras a existência digna de Portugal entre os outros povos.
Vozes: — Muito bem, muito bem!
O Orador: — Sr. Presidente: neste glorioso aniversário, façamos agora um alto na caminhada histórica que seguimos, para olhar atrás o rememorar todos aqueles que pelo seu penetrante espírito e heróica tenacidade preferiram as veredas árduas e espinhosas dos sacrifícios e das renúncias à via larga, cómoda e aliciante da corrupção dos partidos e da subserviência à demagogia infrene.
Vozes: — Muito bem!
O Orador: — Entre os pioneiros do espírito não posso esquecer aquela alma gentil que, catorze anos antes do 28 de Maio, lançou no meu juvenil coração as sementes do Portugal Maior e que, antes de morrer, previu uma outra manhã de Ourique, que já anunciara então tam gloriosa como a primeira.
E também não esquecerei aqueles que caíram gloriosamente nas encruzilhadas da política na defesa intransigente da honra e da dignidade das forças armadas, da tranqüilidade dos lares portugueses, das certezas da nossa história e da idea, forte como o sol, do ressurgimento nacional e que pela sua fé inquebrantável e corajosa vontade morreram bem, como Sidónio, e nos ordenaram a salvar a Pátria.
Apoiados.
Os nossos guias espirituais e os nossos heróis estão aqui todos connosco e comandam-nos a sermos dignos das suas palavras de ordem e dos seus sacrifícios.
Apoiados.
Sr. Presidente: depois de rememorar os que já cumpriram até ao fim o seu dever e hoje vivem nas portadas da História, eu quero ainda saüdar o Exército e a Armada, que, correspondendo ao imperioso mandato da Nação, iniciaram com a sua bela arrancada êste renascimento, e como figura máxima do Exército o Sr. general Carmona {Apoiados), que, pela sua clara inteligência, persistente vontade e exemplar amor patriótico, criou as condições de continuïdade governativa absolutamente indispensáveis à realização plena do pensamento do 28 de Maio.
Vozes: — Muito bem! Muito bem!
O Orador: — À magnífica unidade de inteligência e de vontade, de admiração e de estima do Sr. general Carmona e do Sr. Doutor Oliveira Salazar devemos nós a consecução dêste transcendente e fecundo período da História de Portugal.
Vozes: — Muito bem, muito bem!
O Orador: — Nunca talvez, nestes últimos séculos, o Govêrno, as forças armadas e o povo português viveram tam entranhadamente a realização de um empreendimento de tam vasto e profundo alcance nacional.
Vozes: — Muito bem, Muito bem!
O Orador: — Temos sobejos motivos para admirar e manifestar a nossa satisfação pela obra de ressurgimento o prestígio internacional levada a cabo nestes últimos dezanove anos. Não é só o que se fez — é também o que virtualmente está contido nos alicerces já traçados e abertos e nas sementes lançadas à terra. Não são apenas as pedras dêste ou daquele imponente trabalho — os portos, as barragens, os edifícios, tudo emfim que contribue para a reconstituïção económica do País, sem a qual se tornam promessas ilusórias os propósitos de elevação do nivel de vida dos portugueses. Mas é também a obra espiritual, êste orgulho de ser português e, sobretudo, esta visão e esta certeza dos esplêndidos resultados que a unidade nacional pode produzir no engrandecimento e defesa do património moral e territorial do País.
É vasta e grandiosa a obra já realizada, quer a examinemos no seu conjunto, quer em alguns dos seus aspectos. E está certa, porque nem doutra maneira seria possível traçar, seguir e levar a cabo sem subterfúgios nem deslealdades, mas antes com firmeza, seriedade e coerência, a difícil e ingente tarefa da política externa do País durante o período europeu da actual guerra mundial. E convém não esquecer que nada poderia ser tentado e efectuado sem o concurso de tudo o que antes se fez, pedra a pedra, a começar pelo que muitos julgavam então inútil ou impossível — o equilíbrio financeiro, que nos permitiu a liberdade das nossas decisões e constituiu o seguro alicerce dessa política externa.
Vozes: — Muito bem, muito bem!