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DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 163
Contra êsse estado de cousas se levantou o exército no dia 28 de Maio, pois não é possível conciliar a noção de exército com a noção de guerra civil. Por êsse motivo, precisamente, parece que a Assemblea não pode neste momento deixar de prestar a sua homenagem de gratidão comovida, viva e gritante às forças armadas que naquela hora puseram têrmo à anarquia e começaram a tornar possível o esfôrço de ressurgimento nacional.
Foi o primeiro passo; já se efectuaram em dezanove anos caminhadas de séculos; estamos longe de chegar ao fim...
Vozes: — Muito bem, muito bem!
O Orador: — Sr. Presidente: aqueles que não voltaram a cara e logo compreenderam o esfôrço da Revolução Nacional que há dezanove anos começava podem medir com suficiente nitidez a extensão do esfôrço realizado e mantêm no coração a esperança das primeiras horas, o convencimento seguro de que seremos capazes de ir mais longe — e de fazer melhor.
Reconheça-se, porém, que o aspecto transcendente da intervenção de Braga consiste precisamente em haver tornado possível aquilo que nem se pensava então se pudesse fazer — uma Revolução Nacional, larga, generosa e criadora, nem uma revolução de partido ou das ruas a que estávamos habituados —, aquelas revoluções dos que assaltavam, pisavam e deminuíam, em nome da liberdade, a liberdade dos portugueses honrados e persistentes na sua esperança de restaurar Portugal.
Vozes: — Muito bem, muito bem!
O Orador: — Quem anda embrenhado há quási trinta anos nas lutas inclementes da tribuna e da imprensa pelo triunfo da verdadeira expressão, clara e peremptória, da vontade nacional; quem sabe o que era efectivamente a liberdade que nos prometiam então nos palavrões dos comícios e nos recusavam nas singelas demonstrações do dia a dia — os mesmos que ainda agora têm a desvergonha de reclamar de novo — êsses, e somos muitos, não desistem de seguir adiante nem esquecem os pioneiros da grande transformação.
Nem esquecerão tam cedo.
Os que fizeram parte dos jornais assaltados e empastelados em nome da liberdade ou dos organismos em que os chefes eram presos ou abatidos só por quererem garantir-se a si próprios, com a liberdade de pensar diferentemente, o direito de servir Portugal e a sua grandeza, servindo em todos os pontos o interêsse superior do País, não têm ilusões sôbre os objectivos dos «inconformistas», prontos sempre, todavia, às transigências que possam ser úteis aos próprios interêsses. São êsses os que pretendem ainda criticar a obra da Revolução, êsses que tudo prometeram ao povo e nada fizeram em seu benefício!
Vozes: — Muito bem, muito bem!
O Orador: — Só o exército possuía naquela hora autoridade moral e fôrça para intervir. O exército poderia, no decorrer dos tempos, assegurar pelo seu patriotismo e pela compreensão perfeita da sua missão nacional que a Revolução prosseguisse sem desfalecimentos.
Eis algumas das razões da saüdação afectuosa, calorosa e agradecida que se deve dirigir hoje daqui aos que representam o exército de Portugal, representando simultâneamente a Pátria na sua feição e nas suas expressões mais belas, tal como se sintetizariam no desenrolar transfigurador da Revolução.
Sr. Presidente: as minhas saüdações — em que julgo interpretar o pensamento e os sentimentos de toda a Assemblea — dirigem-se em primeiro lugar ao Chefe do Estado, Sr. general Carmona, modêlo de virtudes militares, que, só pela sua presença que fôsse, teria sido o mais digno, o mais alto, o mais desinteresseiro representante do glorioso exército português, para ser, como ficará, o perfeito representante do País aos olhos da História.
Em segundo lugar, dirigir-se-ão as nossas saüdações a Salazar, definidor da doutrina e dos métodos da Revolução, cuja inteligência depuradora soube criar as fórmulas que prenderam de esperanças novas os portugueses de boa fé — afastando ideas que dividam e salientando as que sejam capazes de unir para as grandes emprêsas os que ainda sejam capazes de oferecer-se-lhes de corpo e alma.
Vozes: — Muito bem, muito bem!
O Orador: — Por fim, saüdemos Santos Costa, Ministro da Guerra, e Rodrigues Tomaz, Ministro da Marinha, que se encontram à frente de duas gloriosas corporações, a quem a Nação deve as possibilidades de ressurgimento e em quem vemos a representação inconfundível, nas suas inconfundíveis virtudes, do exército e da armada.
Sr. Presidente: a Revolução Nacional fez ontem dezanove anos. Mas dezanove anos pouco são na vida de um povo que tem oito séculos de existência; e, todavia, fizeram-se nestes poucos anos as grandes obras em que há-de assegurar-se o futuro de Portugal, que a nossa geração deveria receber de herança — as que nos antecipámos a erguer para o futuro.
Saüdamos assim, na obra esplendorosa já pronta — os sonhos que hão-de fazer-se realidades —, os precursores que prepararam e executaram a grande arrancada de 28 de Maio e os reformadores ou criadores que a justificaram perante a consciência dos homens de hoje e a gratidão dos vindouros!
Disse.
Vozes: — Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Presidente: — Vai passar-se à
Ordem do dia
O Sr. Presidente: — A Assemblea passa a funcionar em sessão de estudo da proposta de lei sôbre coordenação dos transportes terrestres.
A ordem do dia da sessão de amanhã será ainda a continuação da sessão de estudo da mesma proposta de lei.
Está encerrada a sessão.
Eram 16 horas e 2 minutos.
Srs. Deputados que entraram durante a sessão:
António de Almeida.
João Garcia Nunes Mexia.
José Dias de Araújo Correia.
José Pereira dos Santos Cabral.
José Teodoro dos Santos Formosinho Sanches.
Juvenal Henriques de Araújo.
Luiz de Arriaga de Sá Linhares.
D. Maria Baptista dos Santos Guardiola.
Sebastião Garcia Ramires.