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18 DE JANEIRO DE 1951 249

mocidade ao espírito, a vivacidade de inteligência de um novo, com o coração aberto às mais amplas realizações nacionais.
Desde o 28 de Maio que o Dr. Antunes Guimarães enfileirou entre os primeiros nacionalistas e foi sempre dos nacionalistas mais dedicados.
Ocupou logo a seguir ao 28 de Maio a presidência da Junta Geral do Distrito do Porto, onde exerceu e desenvolveu uma obra valiosíssima, lugar que abandonou para ocupar, em 1929, o de Ministro do Comércio e das Comunicações, onde afirmou todo o seu carácter e demonstrou toda a sua competência, deixando o seu nome ligado a algumas das grandes realizações da Revolução Nacional. Nos melhoramentos rurais essa obra foi de alento e vida para todos os pequeninos centros populacionais, dando-lhe a alegria de viver e uma vida mais tranquila o mais cómoda. Efectivamente, hoje, quem percorrer o País não pode desconhecer a sua obra nem olvidar o nome a que ela se liga.
Vimos o Dr. Antunes Guimarães, sempre debruçado sobre os pequenos e sobre os pobres, perscrutando as aspirações e os interesses das populações rurais. Ele foi o paladino daquela lavoura nortenha, como V. Ex.ª há pouco salientou o que ele chamava "a sua lavoura nortenha" -, mas porque considerava que a defesa das pequenas actividades agrícolas constituía, na verdade, a defesa dos interesses gerais da economia nacional.
Foi também o Dr. Antunes Guimarães quem lançou as primeiras bases para a construção do porto de Leixões. E ninguém hoje poderá negar os resultados dessa obra, o movimento de tonelagem do porto de Leixões e que ele representa para o País, designadamente para o Norte, que excedeu todas as perspectivas, mesmo as mais optimistas.
A muitas obras ligou Antunes Guimarães o seu nome, e muitas delas recordarão com saudade aquele que as levantou o animou.
A sua paixão pelo Porto o os serviços a ele prestados tiveram a sua consagração na nomeação de cidadão honorário dessa cidade, honra que muito o desvaneceu.
Aqui, nesta Assembleia, encontrámo-lo como o mais assíduo, o mais pertinente de todos os oradores. Ele tinha a paixão da Assembleia, a paixão dos problemas que aqui se discutiam. Intervinha em quase todos os debates e ouvia-se sempre com agrado, porque, através daquela sua bonomia e daquela simplicidade que comprazia em admirá-lo, aparecia sempre um comentário inteligente e consciencioso da pessoa que estudava os problemas e procurava descortinar o caminho das realizações.
Era um homem bom, um homem leal, um camarada que todos nos habituámos a respeitar. Com a sua morte fica mais pobre esta Assembleia, mas também o País, que, perante o seu cadáver, lhe presta a homenagem devida a quem o procurou servir em larga caminhada.
Curvemo-nos respeitosos perante os desígnios da Providência e aproveitemos a lição da sua vida para o imitarmos nas lutas que hão-de vir.
Tenho dito.

Vozes : - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Melo Machado: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: calou-se para sempre aquela voz que nos habituámos a ouvir quase diariamente nesta Assembleia. O Sr. Dr. Antunes Guimarães ora, na verdade, aquilo que antigamente se chamava um homem-bom. Apreendia com a sua inteligência e o seu bom senso as necessidades dos povos e vinha transmiti-las a esta Assembleia, procurando remédio para as queixas e ansiedades de que era intérprete.
A forma por que o fazia, o bom senso inigualável que punha sempre nas suas intervenções, a preferência que pequena lavoura e pequena indústria, eram um espelho do seu coração e da sua inteligência.
Mas o Sr. Deputado Antunes Guimarães não foi só um parlamentar ilustre, parlamentar que ou acompanhei desde o início desta Assembleia e cuja falta sinto sinceramente; S. Ex.ª foi, ao mesmo tempo, um homem de acção, e na sua passagem pelo Ministério do Comércio, que elo tantas vezes se comprazia em recordar, manifestou as suas qualidades como homem de Estado.
Felizmente que ainda na sua presença o há poucos dias pude recordar naquela tribuna a sua acção como Ministro do Comércio, numa das, leis mais inteligentes, mais sensatas e, ao mesmo tempo, mais úteis que se têm promulgado neste país. Refiro-mo aos melhoramentos rurais.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Orador: - Essa ideia, aparentemente simples, mas ao alcance político e económico de enorme extensão, traduziu bem o talento e as qualidades de estadista de S. Exa.
Todos os benefícios que por esse Portugal fora os concelhos e as freguesias puderam obter através dessa lei admirável devem traduzir-se num agradecimento sincero ao Sr. Deputado Antunes Guimarães.
Se todos os políticos se baseassem no bom senso, no conhecimento íntimo e profundo das necessidades dos povos, certamente seria possível governar com mais humanidade o com mais satisfação de todos aqueles que pedem justiça.

vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - À memória do nosso querido camarada e colega de tantos anos, o Sr. Deputado Antunes Guimarães, eu presto, Sr. Presidente, na certeza de interpretar o sentimento de toda a Câmara, de novos e velhos Deputados, a minha profunda e sentida homenagem.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Manuel Cerqueira Gomes: - Sr. Presidente: não vou dizer nada sobre o valor político do Sr. Dr. Antunes Guimarães; outras vozes mais autorizadas do que a minha o acabaram de fazer. Mas sobre outro aspecto, e quero recordar e homenagear nesta hora.
Sou Deputado pela cidade do Porto, como ele o era também, e, se aqui dentro temos um sentido nacional, não podemos também esquecer o valor local que representamos. O Dr. Antunes Guimarães tinha, na realidade, a paixão do Norte, mas em especial da cidade do Porto.
As suas intervenções nesta Casa gozavam de especial favor naquela cidade. Era sempre ansiosamente lido, dedicadamente amado. O Porto sentia que tinha na voz do Dr. Antunes Guimarães um defensor continuo e um de votado amigo de todos os seus interesses.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A cidade queria-lhe, a cidade destacava-o no preito que rendo aos seus melhores procuradores. O coração da cidade está hoje, positivamente, de luto. E é como tradução desse luto que quero aqui falar, é em nome do Porto, que ele muito amou e dignificou, que ele procurou defender e prestigiar, que eu presto à