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309 8 DE MARÇO DE 1957

tigo não é um remédio, é uma represália e o que sobretudo nos interessa é prevenir; o que sobretudo impera em nosso espirito é o respeito pela vida humana.
Um prédio de dez andares não é uma arribana que se possa rebocar sobre um escadote de fasquias.
Um prédio de dez andares é um opulento manancial de rendimentos, em cuja construção não há o direito de olhar a despesas, sobretudo quando as exige a vida dos seus operários.
Onde a madeira não chega recorra-se ao ferro ou mesmo à boa madeira, porque há andaimes desta natureza, e alguns pré-fabricados, que merecem confiança.
O que não podemos admitir ó que se procure uma desculpa ou uma evasiva no estado do tempo. O que sucedeu não tem justificação de espécie alguma.
Os problemas de resistência de materiais são sempre resolvidos com uma larga margem de segurança e todos os coeficientes que afectam as suas fórmulas foram calculados por excesso.
Para um engenheiro pode haver azares, mas não há surpresas; o apanágio da engenharia é a previsão.
Há em tudo isto um lapso lamentável, que não compreendemos: a atitude inoperante da fiscalização, que só agora, depois do incidente, mandou apear todos os andaimes do prédio, como se ato então não estivessem à vista.
Que isto sirva ao menos de lição para quem compete zelar pela solidez da construção civil e pela segurança dos trabalhadores e dos inquilinos.
Nesta altura, infelizmente, só nos resta reclamar das entidades competentes as necessárias medidas preventivas.
Portanto, Sr. Presidente, para que estes factos se não repitam, para que o tempo dos gaioleiros, de tristíssima memória, não ressurja impunemente, empenharemos o nosso esforço, na certeza de que actuamos em cumprimento do nosso mandato: apela lei e pela grei».
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Tito Arantes: - Sr. Presidente: pedi a palavra para enviar para a Mesa a seguinte nota de
Aviso prévio
«Pretendo tratar em aviso prévio da situação dos magistrados o funcionários judiciais, especialmente em Lisboa e Porto, pois reputo o seu número insuficiente (como é insuficiente a sua remuneração), razão aquela que motiva graves prejuízos para quantos tom de recorrer ou são chamados aos tribunais, além de obrigar muitos dos que trabalham a um esforço e regime de vida verdadeiramente inaceitáveis».
O Sr. Presidente: - Vou dar conhecimento do aviso prévio de V. Ex.ª ao Governo e oportunamente será designado para ordem do dia.
Tem a palavra o Sr. Deputado Augusto Simões.
O Sr. Augusto Simões: - Sr. Presidente: atingiu as altas culmináncias de inolvidável triunfo o sarau preenchido pelo Orfeão Académico de Coimbra no Pavilhão dos Desportos desta capital na noite de 28 do próximo findo mês de Fevereiro.
Fiel ao seu desígnio de praticar a beneficência, tão bem vincado como, aliás, todos os restantes fins da sua notável actividade- no longo desbobinar de quase oito décadas de existência, este categorizado organismo da Academia de Coimbra mais uma vez colocou os seus muitos valimentos ao serviço de uma meritória iniciativa, concorrendo agora para o auxílio à cruzada do mais alto fim social e nacional em que as missões ultramarinas tanto se abnegam da apostolização das almas, difundindo a palavra dos evangelhos e, por ela, o amor a Cristo Redentor e aos mandamentos sublimes da Sua doutrina.
O facto, porque se evade aos domínios da banalidade, merece uma palavra de referência nesta Assembleia, onde, com alto sentimento de justiça, é costume vincar os factos mais salientes, tributando-lhes a consideração que merecem.
E digo, Sr. Presidente, que não foi banalidade a vinda a Lisboa do Orfeão Académico de Coimbra, porque ela encerra, além de muitos outros aspectos, o da relevância do total desinteresse pela retribuição material da sua colaboração, desinteresse tanto mais valioso quanto é certo que, no momento, muito viva é a necessidade de criar possibilidades financeiras para uma projectada viagem à América do Norte.
Eu creio que para muito poucos ou para nenhuns daqueles que nessa noite inesquecível e no calor dos seus vibrantes e inundáveis aplausos glorificaram o Orfeão Académico de Coimbra pude constituir surpresa o nível elevado do espectáculo a que assistiram. Igual a tantos outros que em horas de apaixonante triunfo este grupo coral tem feito viver a muitos auditórios de Portugal de aquém e de além-mar do Brasil da França, da Espanha e da África, dele manou, fluente, inconfundível, arrebatadora, natural, a arte, uma arte puríssima, sem quaisquer artifícios, traduzindo certamente a expressão dos poemas líricos e das cauções executadas que fora sonhada pelos seus autores no momento decisivo em que as lançaram no mundo do belo!
Ao serviço da dignificação das gentes das mais desvairadas latitudes, entre as quais os reverendos missionários do Espírito Santo procuram derramar a fé e instilar as leis do um viver civilizado o digno, a caridade e a arte irmanaram-se num mesmo sentimento de nobreza, sob as expressivas capas dos estudantes de Coimbra, fazendo irradiar torrentes de altruísmo e de evocação ...
E consoladora tal afirmação de elevada espiritualidade neste mundo ignaro, cada vez mais poluído pelas deletérias emanações do materialismo pagão.
Mas o valor do Orfeão Académico de Coimbra - tão largamente reconhecido e reafirmado na perenidade dos sentimentos básicos em que repousam os incontáveis triunfos da sua já longa vida e também demonstrado quando no tablado os que alguma vez foram orfeonistas fazem acrescer às dos actuais as suas vozes a que nem a vida nem a saudade conseguiram furtar a juventude, que teima em não morrer, projectando-se amplamente em verdadeira escala nacional- também é justamente reputado em muitas cidades do estrangeiro.
Não há muito ainda que o Brasil o acolheu triunfalmente, abrindo-lho os braços em demonstração da mais viva e fraterna das amizades, repetindo o que acontecera em outros países visitados.
O Sr. Paulo Cancella de Abreu: - V. Exª dá-me licença?
Em reforço do que V. Ex.ª acaba de referir, informo-o de que assisti em 1055, em S. Paulo, a um extraordinário sucesso do Orfeão Académico, tão grande que comoveu profundamente todos os portugueses que tiveram a felicidade de presenciá-lo.
O Orador: - Agradeço muito sensibilizado as palavras de V. Ex.ª.
Arrecadando todas essas provas de deferência e de interesse, o Orfeão sente-se verdadeiro embaixador da cultura portuguesa, porque tão alias demonstrações de