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550 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 97

evocou - como ele disse - a figura excelsa desse ilustre ausente, mas presente em todos os corações que naquele momento ali pulsavam vibrantes de entusiasmo -Salazar -, eu tive então a nítida impressão de que um coro de vozes se fazia ouvir, num murmúrio de oração, a aflorar em todos os lábios dos presentes: Salazar, Deus vos guarde, e obrigado, muito obrigado.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: pelo que então vi e ouvi posso testemunhar que este é o voto sinceríssimo que está no coração da boa gente do Leste trasmontano.
Julgo ter interpretado fielmente as ideias e os sentimentos de um povo que soube vibrar de entusiasmo e de gratidão perante os dois acontecimentos notáveis que refiro e que jamais se apagarão na sua memória: a inauguração da barragem do Picote e a honrosa e triunfal visita do venerando Chefe do Estado a terras de Moncorvo, Mogadouro e Miranda.
S. Ex.ª, por uma circunstancia feliz, evocadora de um passado glorioso de descobertas de novos mundos, envergava a sua farda honrada de almirante. Refiro aqui o pormenor porque bem senti quanto ele impressionou o povo da minha região.
A mim, a nobre figura do Sr. Almirante, evocou-me, comovidamente, o sentido profundo dos bem conhecidos versos, marulhantes de epopeia, do poema de Fernando Pessoa:

Aqui, ao leme, sou mais do que eu
Sou um povo que quer o mar que é teu.

Sr. Presidente: termino o meu depoimento e, certo de que interpreto fielmente o sentimento do povo que represento e o meu, presto rendido preito de homenagem ao venerando Chefe do Estado, Sr. Almirante Américo Tomás, e ao chefe incontestável e incontestado da Revolução Nacional - Salazar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Como diria o mais humilde e o mais simples dos homens da minha região, numa linguagem simples mas aquecida pelo sentimento da gratidão, da esperança e da fé nos destinos da Pátria, também eu direi:
Sr. Almirante Américo Tomás, Salazar, Deus vos guarde, e obrigado, muito obrigado.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Camilo de Mendonça: - Sr. Presidente: com a presença honrosíssima do venerando Chefe do Estado inaugurou-se solenemente no passado domingo a barragem do Picote, primeiro dos aproveitamentos nacionais previstos no Douro internacional.
Foi um dia de festa, em que o escol e o povo destas duras terras se misturaram em sentida homenagem de respeito ao supremo magistrado da Nação, que por toda a parte, dos lugares modestos às vilas austeras, mas cheias de pergaminhos, se viu envolvido pelo carinho das gentes trasmontanas, testemunho a uma vez de fidelidade e gratidão, mas também de fundada esperança.
Creio, Sr. Presidente, que o Chefe do Estado se deve ter sentido compensado do incómodo e canseiras da visita a tão longínquas e inóspitas paragens, tanto pelo vulto do empreendimento, que há-de traduzir-se em mais pão e mais trabalho para os Portugueses, como pelos sentimentos de fé, devoção, esperança e lealdade que, na sua rude simplicidade, as gentes brigantinas insofismavelmente exprimiam por todas as formas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pela nossa parte posso dizer que a visita do venerando Chefe do Estado calou profundamente em todos, que a sua afabilidade deixou viva marca de simpatia nos corações dos Trasmontanos, que as suas palavras ficaram gravadas na memória de todos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: já se disse que a habitualidade com que se inauguram grandes obras banalizou o acontecimento. E em grande parte verdade. Para os Trasmontanos, porém, a inauguração da barragem do Picote não constitui, não podia constituir, um acontecimento banal.
Primeiro, pela presença do venerando Chefe do Estado, que assim deu à inauguração do empreendimento o indispensável cunho de acontecimento nacional.
A seguir, por ser a primeira obra susceptível de poder contribuir para o desenvolvimento económico destas desprotegidas gentes e agreste região que se inaugura na nossa terra.
Depois, porque o aproveitamento do Douro sempre constituiu para o Trasmontano, como para o engenheiro Ezequiel de Campos, uma tarefa ansiosamente esperada, longamente acalentada como meio decisivo e quase único de vencer o seu atraso, modificar as suas difíceis condições de vida, rasgar novos horizontes para o futuro dos seus filhos.
Da rudeza das suas margens e da impetuosidade das suas águas muito há na alma e temperamento trasmontanos, por isso que, além de geogràficamente ligado ao seu Douro, desde sempre o Trasmontano a ele está preso pelo sentimento.
Talvez por isso já alguém disse serem as arribas do Douro a poesia do Trasmontano.
Por fim, pela luzida embaixada que até nós se deslocou, a grande maioria da qual o terá feito, creio, pela primeira vez, apesar de se tratar de dirigentes qualificados da vida nacional, quer dos sectores públicos, quer do campo privado.
Quer tenham ido pela primeira vez ou pela segunda - seguramente sempre por poucos -, devo lamentar sinceramente os incómodos a que se obrigaram e o desconforto a que se sujeitaram em regiões tão agrestes e desfavorecidas. Não posso dizer, sem blasfémia, desfavorecidos da Providência Divina, mas posso dizer, sem dúvida, dos homens, desfavorecidas dos homens, do amparo do homem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se a rude franqueza dos Trasmontanos e a sua conhecida hospitalidade não bastou para os compensar de sacrifícios e canseiras, resta-me assegurar a todos que se prometerem visitar-nos mais vezes que não deixaremos de nos preparar, não direi para os receber melhor, mas em melhores condições e sempre com satisfação e sincera simpatia.
Sr. Presidente: a inauguração da borragem do Picote não foi para nós um acontecimento banal, nem pelo facto nem pelas circunstâncias.
Cumprida a aspiração quase lendária, dominado o gigante, satisfeita a ansiedade que pela demora quantas vezes esteve à beira de converter-se em desespero, aguardam agora os Trasmontanos - e com inteira legi-