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552 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 97

O Sr. Virgílio Cruz: - De todos os distritos do País é precisamente o distrito de Bragança aquele em que a percentagem de freguesias electrificadas e da população servida é a menor.

O Sr. Proença Duarte: - Sinto-me perfeitamente à vontade para fazer este aparte, porque tenho aqui posto por várias vezes o problema da electrificação rural. Mas, neste caso especial, repito, o Sr. Ministro da Economia disse que esse problema espera uma solução, e o seu passado é garantia de que a solução será encontrada.

O Orador: - Se V. Ex.ª tivesse aguardado um momento teria verificado que, não obstante o inteiro cabimento da minha observação, que continuaria a repetir agora, também estava contemplada a hipótese de o Sr. Ministro ter pecado apenas por omissão, o que nas circunstâncias de local e tempo já não seria pouco.
Com efeito, quem sabe se o Sr. Ministro da Economia, mais preocupado em realizar do que atender as ansiedades do povo, guarda a solução para execução breve?
Se assim acontecer, em vez do remoque de que me faço eco, deveria dirigir um antecipado agradecimento.
Entretanto, por mim, confio à Providencia Divina a solução do problema, já que poucos motivos vou tendo para esperar dos homens.
Sr. Presidente: não poderia deixar de concluir estas desataviadas palavras sem uma referência de muito apreço para a Hidroeléctrica do Douro, que, vencendo dificuldades que outros empreendimentos não tiveram, por tal forma se houve na sua árdua tarefa que o aproveitamento do Douro breve se converteu em forte e poderosa realidade ao serviço do Pais.
Para além da realização da obra que lhe cumpria não descurou a Hidroeléctrica do Douro a defesa e valorização social de quantos deram o melhor do seu esforço ao majestoso empreendimento, nem deixou de colaborar com a região, quer contribuindo para a melhoria das estradas de acesso, quer promovendo a construção de uma pousada, que começara a possibilitar algum turismo na região,
Por sobre tudo é conhecido o espirito que anima a empresa, ciente da missão que também lhe cabe de auxiliar, propiciar e colaborar no desenvolvimento da região trasmontana.
Sabem os Trasmontanos que podem contar com a boa vontade, diligência e cooperação da Hidroeléctrica do Douro para o fomento económico, a começar pela tarefa de electrificação a preços acessíveis.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Todos sabemos que não é da Hidroeléctrica que partem as dificuldades para que Trás-os-Montes tenha a energia de que carece a preços que permitam a expansão económica da região. Essa atitude não pode, sem grave injustiça, deixar de ser realçada e por ela somos todos credores de um sincero reconhecimento.
Uma saudação à Hidroeléctrica do Douro é, por tudo isso, neste momento não só cabida, mas necessária e justa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: sei bem que dias de festa não devem constituir oportunidade para lamúrias ou queixumes. Sei bem que algumas notas que fiz não são próprias nem dignas da grandeza da inauguração nem projecção do empreendimento e muito menos da alegria e fé que se viveu naquela jornada inolvidável.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sei tudo isso e não obstante não resisti a fazê-las. Não resisti porque não podia calar sentimentos vivos nas gentes da minha terra, aspirações e ansiedades já mal contidas dos trasmontanos.
Trasmontano que se orgulha de o ser de muitas gerações que sempre amaram e serviram a sua terra, temperado pela rudeza da sua paisagem e pelo desconforto da região, vivendo com paixão as grandes dificuldades, as pesadíssimas limitações das gentes para angariarem magro e sacrificado sustento, sem quaisquer ambições pessoais de mando e muito menos de riqueza, rude e leal como as serranias da minha terra, tenho como mandato imperativo não perder um ensejo, uma oportunidade, uma ocasião para manifestar as inquietações, as esperanças dos Trasmontanos, para referir, sem rodeios, os meus sentimentos muito sensíveis às injustiças dos homens.
A Camará perdoar-me-á e V. Ex.ª, Sr. Presidente, com a sua conhecidade generosidade, desculpar-me-á.
Sr. Presidente: Trás-os-Montes viveu com intensa fé e insofismável alegria a jornada do passado domingo, das maiores da sua história recente.
Das arribas tremendas do seu Douro, da impetuosidade das suas águas, nasce agora mais riqueza, mais pão e mais trabalho para os Portugueses, que assim vão ganhando mais e mais confiança no futuro.
O povo de Bragança entendeu-o bem, o escol de Trás-os-Montes sentiu-o de forma clara, por isso todos viveram com entusiasmo e fé aquele dia e tudo fizeram para significar ao venerando Chefe do Estado o seu reconhecimento, a sua gratidão.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Nas homenagens que todos desejamos prestar, no carinho com que pretendemos envolver o Chefe do Estado, ia um sincero reconhecimento, um preito de homenagem sentida, uma manifestação de devoção e lealdade.
As simpatias que S. Ex.ª por toda a parte derramou, as palavras que do Chefe do Estado ouvimos em Picote, Miranda e Bemposta, ficaram a constituir motivo de profunda esperança, de renovada esperança para todos os trasmontanos.
Foi um dia grande, foi um dia de fé viva nos destinos da Pátria, na capacidade de realização dos Portugueses.
E agora ... até Miranda do Douro!
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Virgílio Cruz: - Sr. Presidente: os palavras dos Srs. Deputados Afonso Pinto e Camilo de Mendonça acabam de dar nesta Câmara o eco expressivo da inauguração solene do Picote, decorrida, em ambiente festivo e patriótico, no passado dia 19, sob a alta presidência do Chefe do Estado e com a presença do Sr. Bispo de Bragança e Miranda, de membros do Governo, do Sr. Embaixador de Espanha, de numerosos representantes das forças vivas nacionais e de muitos técnicos ligados à electrificação.
A bondade irradiante do Chefe do Estado e a sua honrosa deslocação às terras altas do Leste de Portugal calaram fundo na alma trasmontana (apoiados) e na sua gente leal e dedicada, que de há muito aguarda a solução dos problemas mais prementes e que confiadamente espera que esteja a chegar a sua hora.
A presença do Sr. Embaixador da nobre e fidalga nação espanhola na inauguração deste nosso aprovei-