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6 DE ABRIL DE 1960 565

As diferenças nas cotações poderiam beneficiar um ou outro importador ou armazenista, mas fraca repercussão tinham no mercado interno e, consequentemente, em pouco ou nada beneficiavam o consumidor.
Embora me pareçam legítimas as apreensões dos armadores, estou convencido de que não se regressará à situação anterior à da organização da indústria, da pesca e do comércio de bacalhau. Mudaram muito os tempos. Temos uma frota moderna e eficiente, porventura a melhor de quantas sulcam os mares. Os nossos pescadores são dos mais hábeis, mais experientes e mais tenazes. Se é certo que têm maiores dificuldades para só acomodarem às penosas e peculiares condições da pesca nos mares gelados da Terra Nova, e principalmente da Gronelândia, a verdade e que se revelam iguais aos melhores.

O Sr. Camilo de Mendonça; - Muito bem!

O Orador: - É provável que se tenha de travar o aumento de navios de pesca à linha.; que se imponha uma melhor organização do serviço nos pesqueiros (quero referir-me especialmente aos navios de pesou de arrasto); mas são coisa; que não estuo fora das nossas possibilidades de aperfeiçoamento.
As conquistas alcançadas e os resultados obtidos através da nova organização da indústria e do comércio de bacalhau são suficientemente valiosas para que as deixemos perder, pois, o Governo não deixará de estar atento.

O Sr. Nunes Barata: - Muito bem!

O Orador: - Ao lado de uma obra séria de renovação da frota e de profunda modificação nos antigos processos de pescar, outra não menos meritória se desenvolveu.
É toda a vasta obra cristã de ajuda e de amparo aos pescadores e às suas famílias realizada através das Casas dos Pescadores.
Ano após ano vão desaparecendo as velhas cabanas e os tugúrios miseráveis e vão surgindo lindos bairros para residência dos pescadores.
São casas modestas, mas que oferecem as condições necessárias para uma vida tranquila e feliz. Não falta o conforto, nem sequer um mínimo de beleza estética.
Há uma assistência social eficaz. Os pescadores e suas famílias já se não encontram abandonados à miséria perante as suas infelicidades ou desastres.
É de elementar justiça referir o nosso prezado colega Sr. Comodoro Henrique Tenreiro, que há 25 anos vem dedicando as suas energias e qualidades de organizador a esta obra extraordinária, que até os indiferentes e mesmo os maus são obrigados a admirar.

Vozes:-.Muito bom, muito bem!

O Orador: - As bençãos do Altíssimo juntamos os votos de uma feliz viagem, de uma farta pesca e de um bom regresso para todos que, mestres de bordo e pescadores, vão embarcados nessa linda frota branca de bacalhoeiros, que é também uma afirmação da época de renovação e do ressurgimento iniciada há 31) anos sobre a égide de Salazar e que, sem desfalecimentos e com redobradas energias, vai prosseguir nos anos que se seguirem.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Henrique Tenreiro: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: sabe a Câmara que, infelizmente, há já algumas semanas, um grande amigo de Portugal foi vítima de doença que pôs em sério risco a sua vida. o (pie causou geral consternação entre quantos, ao longo dos anos com ele conviveram e nele proximamente sentiram essa genialidade de acção que sempre caracterizou o seu viver.
Refiro-me, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a Assis Chateaubriand, que, ainda não há muito, em autêntica peregrinação de amor, esteve em Portugal para oferecer à Casa de Camilo relíquias da sua camiliana, que deixou entregues aos cuidados dos que com ele, prestam culto a essa grande figura da literatura nacional.
Espero que nos será dado o contentamento de vermos o orientador e proprietário dos «Diários Associados» retomar a sua actividade, e, formulando ardentemente votos por que tal suceda, senti de minha obrigação recordar perante VV. Exas. e, portanto, em face do País. a amizade desse homem verdadeiramente singular, que tanto tem sentido a causa da Comunidade Luso-brasileira.
Extraordinariamente apaixonado pela paisagem maravilhosa da sua terra, embevecido CHIM a notória grandeza do seu povo. Assis Chateaubriand sempre considerou que amar Portugal é amar ainda o Brasil, é talvez ainda amá-lo duas vezes.
Particularmente dolorosa, sem dúvida, nos foi assim a notícia da sua grave doença, que tanto nos tem afligido e preocupado.
Devemos a Assis Chateaubriand a obrigação de excepcionalmente referirmos o facto nesta Câmara, pois excepcionais são também os serviços (pie tem prestado ao nosso país, quer dizer, a esta pátria em que nascemos, à qual o extraordinário jornalista de direito também pertence.
No seu coração não lia. efectivamente, fronteiras entre o Brasil e Portugal.
Não pretendo. Sr. Presidente e. Srs. Deputados, fazer a biografia deste grande amigo de Portugal, que no Brasil e no Mundo inteiro não se cansa - um todas as oportunidades- de enaltecer as nossas tradições e o nosso prestígio actual, mas, ao assinalar os seus méritos, não posso deixar de referir a magnitude dos empreendimentos que tão esforçadamente levou a cabo no decurso de uma vida que tem sido de batalha constante e de acção permanente. A cadeia de jornais, de emissores de rádio e televisão por ele fundada e dirigida é entre o muito mais a que se dedica, uma das maiores realizações do género em todo o Mundo. Ao serviço desse complexo instrumento de informação, Assis Chateaubriand coloca a sua prodigiosa inteligência, profunda cultura e espantosa capacidade realizadora.
Tocado pela febre da acção - só não o compreenderá (piem um dia por ela não tenha sido absorvido -, esse homem da Comunidade Luso-brasileira vive a inquietação permanente do seu tempo e sente que a Terra é pequena, pois os seus passos são demasiado grandes.
Não há na verdade, humanos limites para a sua fervilhante e operosa imaginação.
Diplomata sempre o foi, e se no desempenho da sua missão em Londres, em imunidades e prerrogativas próprias, realizou a diplomacia formal, ao longo dos anos nunca de outro modo actuou, sempre encantado quando lhe cumpria deslindar uma delicada e difícil situação, só não desejando cuidar do que fosse fácil ou cómodo, porque não lhe encontrava interesse.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Assis Chateaubriand é um homem excepcional que tanto mais se engrandece quanto mais de perto o conhecemos. Por isso. tem di-