O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

8 DE JANEIRO DE 1963 1665

Maior ainda foi a cheia de Fevereiro de 1900, que atingiu a altura de 6 m na escala da ponte de Coimbra, tendo ficado a água apenas 1,20 m abaixo do tabuleiro da ponte e sido inundada quase totalmente a parte baixa de Coimbra.

Mas seria inútil, por fastidioso, recordar as próprias cheias deste século, as grandes cheias dos últimos anos.

Assim, a luta do homem contra o Mondego teve de assumir nas últimas décadas maiores proporções.

Pela Lei n.º 913, de 29 de Setembro de 1919, foi criada a Junta do Rio Mondego, com o objectivo da correcção do rio e defesa e melhoramento dos campos.

Mais recente é o plano da Junta Autónoma das Obras de Hidráulica Agrícola, que se encontra publicado no relatório daquele organismo relativo a 1939-1940.

Trata-se de um trabalho notável, onde o problema do Mondego é encarado numa solução de conjunto.. Considera-se a regularização dos caudais do rio e seus afluentes por meio de albufeiras (uma no Dão, outra no Mondego, outra no Alva e outra no Ceira) e pela regularização dos leitos a jusante de Coimbra.

Pode afirmar-se que esta é a primeira grande solução para o rio Mondego.

Os objectivos então propostos resumiam assim:

a) Redução dos caudais de cheia, em Coimbra, de cerca de 4000 m8/s-1 verificados e de 4500nx3/8-1 possíveis para 1500m3/8-1 prováveis e 2050m3/s-' possíveis;

b) Produção de energia eléctrica num montante anual' mínimo de 287 k Wh X10 k Wh;

c) Defesa dos campos do Mondego por meio de diques e seu enxugo;

d) Elevação do caudal de estiagem do rio a 30 m3/s-1, assegurando a navegação entre a Foz do Duo e a Figueira da Foz;

e) Rega de 50 000 ha, sendo 15 000 ha dos campos do Mondego e 35 000 ha dos campos de Cantanhede ao Vouga;

f) Instalação de uma fábrica de amoníaco sintético em Coimbra junto da estação velha.

Infelizmente este esquema não teve o desejável seguimento.

Volvidos anos é uma empresa particular, com sede em Coimbra, que apresentou superiormente um "Plano Geral para o Aproveitamento dos Recursos Hidráulicos do Bio Mondego" (Março de 1959).

Trata-se de um esquema onde se considera o aproveitamento das potencialidades económicas para fins múltiplos.

Um estudo cuidado sobre o Mondego levou à conclusão de que o rio tinha um valor energético muito considerável. Tão feliz circunstância deu novo sentido à viabilidade de um aproveitamento integral projectando-se, consequentemente, com um alto sentido multiplicador no desenvolvimento económico-social da região da bacia hidrográfica.

O aproveitamento permitiria igualmente um domínio dos caudais sólidos, uma regularização das cheias, a possibilidade de rega para os campos da Cova da Beira, de Celorico, de Coimbra e de Cantanhede ao Vouga e o abastecimento de água a 21 concelhos pertencentes aos distritos da Guarda, Viseu e Coimbra.

O domínio dos caudais sólidos, além de depender do aceleramento da florestação e dos trabalhos de correcção torrencial, seria igualmente' obtido por intermédio de grandes barragens. As capacidades de retenção dos carrejos nas diferentes albufeiras atingiriam cerca de 100 000 000 m3.

A regularização das cheias, além de ter em conta as obras de regularização fluvial a jusante de Coimbra, que naturalmente aumentarão a capacidade de vazão do, rio, depende ainda da existência, no curso superior e médio do Mondego, de albufeiras, convenientemente dimensionadas, que façam o abatimento das grandes pontas das cheias.

No esquema da Companhia Eléctrica das Beiras as albufeiras projectadas disporiam de Dezembro a fins de Março de uma capacidade livre de 220 000 000 m3 para amortecimento das grandes pontas de cheia.

Esta capacidade, conjugada com uma vazão do leito do rio, a jusante de Coimbra, da ordem dos 1500 m3/s, permitiria dominar as maiores cheias dos últimos decénios.

Quanto a rega dos campos da Cova da Beira - se porventura não fosse encarada- outra solução com base no próprio Zêzere -, poderia ser considerada a partir da grande albufeira de Asse-Dasse.

Outra solução consistiria em aumentar o armazenamento da albufeira de Vila Soeiro de 12 para 45 X 1O m3, derivando através de um túnel de 316 m os 30 X10 m3 de água necessários à rega dos 5000 ha ou 6000 ha da Cova da Beira.

Os campos de Celorico da Beira teriam na albufeira do Caldeirão os 3XlOGm3 de água necessários para a rega da área provável de 1000 ha.

Finalmente, os 15 000 ha a jusante de Coimbra e os 35 000 ha dos campos de Cantanhede ao Vouga teriam no esquema em questão sempre garantidos os 94 X 10a m3 e 247X10ª m3 de água, indispensáveis ao seu regadio.

O abastecimento conjunto de água para consumos domésticos e pequenas utilizações complementares basear-se-ia igualmente nas albufeiras projectadas.

Assim, a partir de Asse-Dasse seriam abastecidos os concelhos de Gouveia, Seia, Oliveira do Hospital e Tábua; a partir do Caldeirão, os concelhos de Celorico da Beira e da Guarda; a partir de Girabolhos, Os concelhos de Nelas, Carregai do Sal, Mangualde, Viseu, Tondela, Fornos de Algodres, Penalva do Castelo e Sátão; a partir do Ázere, o concelho de Santa Comba Dão; a partir do Dão, o concelho de Mortágua, e a partir do Alva, os concelhos de Arganil, Gois, Poiares, Soure e Miranda do Corvo.

Entretanto, na continuação dos estudos da Direcção-Geral dos Serviços Hidráulicos e segundo comunicação pública feita primeiramente pelo Sr. Ministro das Obras Públicas, numa deslocação propositada a Coimbra, também se encara um plano de aproveitamento integral da bacia do Mondego, onde suo considerados os seguintes objectivos fundamentais (cf. também o Boletim Trimestral de Informação de Julho de 1961, da Direcção-Geral dos Serviços Hidráulicos):

A regularização das cheias e a defesa dos campos marginais do Mondego entre Coimbra e a Figueira da Foz;

A rega e o enxugo desses mesmos campos (I5000ha): A rega dos campos que se estendem de Cantanhede ao Vouga,

A rega dos campos de Celorico da Beira e da Cova da Beira;

O domínio do transporte sólido, quer na bacia do Mondego, a montante de Coimbra quer nos vale do curso inferior;

A produção de energia eléctrica.

Quanto ao aproveitamento hidroeléctrico, segundo se lê no Boletim referido, o âmbito do plano é limitado a definição das' possibilidades energéticas da bacia e a esquematização da solução preferível da sua utilização na época que vier a ser mais conveniente.