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14 DE FEVEREIRO DE 1964 3211

cerca de 3 600 000 ha, conforme se pode verificar pelo quadro seguinte:

Milhares de contos
Minho ......................... 240
Trás-os-Montes e Alto Douro ... 890
Douro Litoral ................. 90
Beira Litoral.................. 100
Beira Alta..................... 500
Beira Baixa ................... 350

stremadura ................... 130
Ribatejo....................... 80
Alto Alentejo ................. 310
Baixo Alentejo ................ 730
Algarve ....................... 240
Total .........................3 600

O problema não pode ser considerado de somenos, justifica as apreensões de todos nós e confere particular interesse aos reparos que construtivamente sobre ele façamos.
Para já, ocorre-me perguntar: qual terá sido, até hoje, o valor das nossas realizações nesta matéria para chegarmos no fim de 1963 com tão chocante realidade?!
Se atendermos que o ritmo anual da florestação não tem excedido em média mais de 30 000 ha, cabendo apenas aos serviços florestais cerca de um terço e à iniciativa particular dois terços daquele valor, levaremos ainda 122 anos para completá-la. Se, porém, fizermos idêntico cálculo referindo-nos apenas ao Algarve, onde nos últimos 10 anos, ao abrigo da Lei n.º 2 069, a arborização não excedeu 5 000ha (500 ha por ano), levaremos ainda 497 anos, isto é, só no ano 2461 teremos concluído a obra que se impõe realizar com urgência nesta província!
A exclamação será, todavia, maior se considerarmos que pelos serviços florestais, de 3 954 para cá, se florestaram apenas no Algarve 68 ha, dos quais 19 em 1961!
Mais uma vez tenho observado que não basta contentarmo-nos em fazer alguma coisa, é preciso, para tranquilidade das nossas consciências e real repercussão na economia e no progresso do País, realizarmos numa escala que vá preenchendo de maneira sensível o vácuo que ainda sentimos perante a extensão e oportunidade de alguns problemas.
A vida é constante insatisfação; o que ontem parecia meta é hoje apenas caminho percorrido, e assim será até á consumação dos tempos.
Essa insatisfação, porém, longe de considerar-se irreverência ou falta de reconhecimento pela obra feita, é, antes pelo contrário, fenómeno salutar de bom prognóstico nu medida em que reflecte maior interesse, melhor esclarecimento dos problemas e mais justa e consciente apreciação das nossas carências e potencialidades.
Sabemos que 96 por cento da área a florestar está na mão de particulares: nem por isso, porém, devamos deixar de incitá-la e, se preciso for, obrigar os proprietários, no seu próprio interesse, as culturas mais consentâneas com as aptidões das suas terras.
O caminho é só um: produzir - e fazê-lo em condições óptimas, de maneira u não nos sentirmos amanhã, já tão próximo de hoje, náufragos numa economia que tende para os espaços supranacionais, e ti florestação, não nos restam dúvidas, encontra-se nessa rota.
Consequentemente, temos de completá-la e depressa!
Parece ter chegado o momento oportuno, dado que foi alargada a acção dos serviços oficiais na arborização da propriedade particular, graças à maior amplitude prevista pelo Fundo de Fomento Florestal e Agrícola. É preciso, porém, regulamentá-lo de forniu a dar-lhe os meios indispensáveis de acção para a prestigiarem e firmarem no conceito geral.
Mas o que realmente se passa? Continuamos a deixar galgar o trigo e o centeio pelos píncaros da montanha, prendendo o homem numa luta inglória e escravizando-o a uma terra que lhe não pode pagar sequer um mínimo do seu trabalho e, pior do que isso, dispondo-a com alqueives sucessivos a presa fácil das enxurradas!
A intensidade e rapidez com que a erosão se está a processar no Algarve, onde a chuva tem o carácter torrencial, arrastando na sua marcha impetuosa a polpa, já magra, das serranias, deixando-lhes à vista o xisto degradado, devastando vales, assoreando os leitos das ribeiras e dos rios e acabando por entupir os portos, é de tal monta que a solução urge, não se compadecendo com a lentidão a que, nesta matéria, aliás como noutras, tem sido votada esta provincial!
Bastaria a erosão, se outros motivos não houvesse, e muito ponderosos - hasta dizer que 85 por cento dos solos da serra do Algarve apenas têm aptidão para a floresta -, para que o Governo, num balanço do que em matéria agrária mais convém realizar no Algarve, tomasse na devida consideração o problema da arborização da serra.
Constituída por xistos do carbono, abrange grande parte das serras do Caldeirão, Monchique e Espinhaço de Cão, numa área de 325 000 ha, ou seja 61 por cento da área total da província. Desta superfície apenas 58 700ha estilo arborizados, contraste espectacular que não pode deixar de impressionar-nos!
Mas, além destas serras, há ainda a considerar um outro maciço montanhoso de natureza calcária, a serra de Monte Figo, cerca de 10 000 ha, sem dúvida a zona mais pobre e degradada do Algarve, que associados aos barrocais e aos terrenos arenosos elevam a 248 000 ha a superfície que nesta província aguarda urgente florestação.
Pois se nem as bacias hidrográficas das nossas duas barragens, Silves e Bravura, estão ainda arborizadas!
Com os nossos vagares já estou a ver termos de as dragar e só depois iremos revestir as suas margens, embora se saiba que o custo dos dragagens excede, algumas vezes com muito, o custo das próprias obras.

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: - Muito bem!

O Orador: - Nada justifica que se não tenha feito já a obra de florestação que a todos os títulos é necessário fazer no Algarve, onde, não esqueçamos, metade da província não deve ter outra utilização.

O Sr. Sousa Rosal: - Muito bem!

Orador: - Para já acuda-se urgentemente às ribeiras de Odiáxere e de Arado eàs dunas da Carrapateira, que têm vindo a invadir os terrenos circunvizinhos.
Não quero terminar sem deixar de falar nas Terras da Ordem, ou com mais propriedade da «Desordem», situadas na freguesia de Odeleite, do concelho de Castro Marim, cerca de 1 366 ha na serra do Sotavento algarvio que o Estado deveria adquirir por razões de ordem social e moral o principalmente com o objectivo imediato de as transformar em viveiros, tão necessários, como é óbvio, à grande obra de florestação do Algarve.
Já em 1962 se previa o início das arborizações destas terras.
Sr. Presidente: o Algarve, província que aos nossos olhos se desabrocha em exuberantes riquezas, surpreendentes paisagens, vincado folclore e fabularia enternecedor; o Algarve das variadas praias onde um mar calmo e tépido vem num preito de homenagem às suas belezas tecer em fímbrias de espuma as suas caprichosas rendas; o Algarve