18 DE JANEIRO DE 1967 1013
doutrinar, os nobres no comando e os mercadores a avançarem o dinheiro, quando necessário Nos tempos difíceis que atravessamos, é a Nação coesa, a Nação toda, que a sua sobrevivência tem de assegurar. Mais do que nunca precisamos de dominadores, de financeiros e economistas, para que aos militares se facultem o ambiente e os meios para a conduta das operações de guerra.
Vozes: -Muito bem!
O Orador:- Aos militares, aos funcionários públicos, aos chefes de empresas, cabem tarefas distintas, mas complementares, na missão geral que é só uma, a defesa da integridade da Pátria. Como harmonizar essas tarefas e pôr em fase os seus executantes? Através da preparação adequada.
Os quadros dirigentes das nossas forças armadas, são objecto de formação cuidadosa e aperfeiçoamento contínuo, sucedem-se os cursos e as provas ao longo da carreira militar, culminando no escalão máximo, a frequência dos cursos de altos comandos no Instituto Superior Naval de Guerra e no Instituto de Altos Estudos Militares. Cursos naturalmente especializados, nos três ramos das forças armadas, falta-lhes ainda hoje a cúpula coordenadora. Não basta um simples tema interforças em que oficiais de terra, mar e ar trabalhem juntos durante uma semana. Antes se impõe estudo em comum, suficientemente demorado na prática de temas de emprego combinado das três forças, que ao melhoramento das doutrinas ou à criação de outras novas pode conduzir.
Aprovados que fossem nos cursos de altos comandos das respectivas forças, os futuros oficiais generais de terra, mar e ar aperfeiçoar-se-iam no conhecimento das doutrinas de cooperação. Estudariam a aplicação de métodos idênticos para a preparação das tropas. Conseguiriam - não tenho a menor dúvida - normalizar equipamentos, ainda hoje diferentes por tradição ou hábito, conduzindo a mais larga fabricação nacional com toda as vantagens inerentes.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: -Discutiriam métodos de emprego de forças, de administração e de logística. A frequência de um curso em comum dos futuros chefes e administradores do Exército, da Armada e da Força Aérea constituiria um verdadeiro cadinho em que os concerto individuais se amoldariam no contacto diário, na discussão e no estudo. Muito decerto se lucraria na economia da nossa guerra de África.
Ao contrário do que se afirma frequentemente, eu tenho no maior apreço o nosso funcionalismo público. [...] a sua remuneração inferior ao que se aufere no particular, nele tenho encontrado muitos homens dedicados, conscientes da importância das suas funções, com um orgulho sadio e natural do seu labor. Ainda mais com receptividade, interesse, boa disposição para resolver problemas que o intrincado das leis e dos regulamentos quase torna insolúveis. E mesmo com tanta devoção, nem sempre o rendimento do conjunto satisfaz. Cada um dá o melhor do seu esforço, é verdade. No desconhecimento, porém, das actividades inter-
- reflexas, há esforços divergentes ou antagónicos, que não são culpa dos homens, mas sim das circunstâncias.
Nas relações com as forças económica da Nação, nem sempre a harmonia é perfeita igualmente. Reúnem-se os altos funcionários de alguns Ministérios entre si. Reúnem-se os chefes das indústrias e do comércio nas suas associações de classe ou em simpósios, seminários parcelares.
Há - não tenho qualquer dúvida em afirmá-lo - uma ânsia de conhecimento mútuo e perfeição. E é neste clima propiciador, em que os homens dirigentes se procuram - os chefes militares, os altos funcionários públicos, os chefes das grandes empresas privadas - que a criação de um Instituto Superior de Defesa Nacional se requer e se impõe. De resto, [...] de a[...] nada tem de original, ou arrojado. Portugal é hoje dos poucos países do Mundo onde tal instituição se não encontra.
Nos Estados Unidos da América o Industrial College of the Armed Forces tem por missão realizar cursos sobre: 1.º aspectos económicos e industriais da segurança nacional, 2.º administração dos recursos com a análise dos factores militar, político e social nas inter-relações e efeitos na segurança nacional. O objectivo é preparar membros das forças armadas e altos funcionários públicos para ocupar importantes lugares de chefia, estado-maior e decisão política na estrutura de segurança nacional e internacional.
Igualmente nos Estados Unidos da América o National War College tem por missão preparar dirigentes para ocupar altos cargos da administração pública através de 1.º melhor entendimento entre funcionários civis e militares nas respectivas áreas de acção e responsabilidade, 2.º melhor entendimento dos militares entre si no que respeita às respectivas áreas de esforço, as suas possibilidades e limitações.
Se eu pretendesse definir a missão do Instituto Superior de Defesa Nacional agora proposto não poderia encontrar outra mais eloquente ou mais adequada às circunstâncias do momento presente em Portugal, julgo que todos VV. Exas. estarão de acordo. A frequência destas duas grandes escolas americanas é atribuída aproximadamente na proporção de três quartos para oficiais ao nível de coronel, igualmente repartidos por cada um dos três serviços militares e de um quarto para funcionários civis ligados à defesa.
Na Inglaterra o Imperial Defense College foi talvez o pioneiro de escolas do género, com o objectivo de reunir militares e civis altamente seleccionados no estudo sistemático dos factores políticos, militares e económicos afectando a conduta da nação. Do Brasil veio-nos o ano passado uma representação de diplomados pela Escola Superior Guerra, a qual, além de quatro generais do Exército, três generais da Força Aérea, um, almirante e dois CMG, englobava dois economistas, dois advogados, dois professores, dois engenheiros e um de cada dos seguintes; médico, veterinário, industrial, agricultor, jornalista, promotor público e [...] de massas.
Repare-se no vasto espectro das profissões de culturas específicas de interesses e de centros de actividades. E é deste cadinho, deste interconhecimento, que se tiram os homens para administrar um país nas suas facetas mais diversas.
Visitou-nos recentemente uma deputação do Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional de França. Os auditores deste Instituto são números redondos, recrutados como segue; um terço, membros das três forças armadas, um terço, altos funcionários públicos, um terço, chefes de empresa ou técnicos civis.
São os chefes militares, que funções administrativas de tão grande importância terão de assumir, que se juntam, estudam e discutem com os dirigentes da economia das finanças, da instrução, da justiça, enfim de todos os sectores fundamentais da vida nacional. São os chefes, os administradores e os técnicos das forças vivas da nação que se reúnem aos altos funcionários, dirigentes, é