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18 DE JANEIRO DE 1967 1021

tente inexistência para eles de qualquer possibilidade de praticarem o desporto dentro do seu sector.
Não suponho necessário alongar mais a citação de números para demonstrar aflitivas carências do sector da educação física e desportiva da nossa juventude.
Não posso, todavia, deixar do notai que no acervo das existências, que de praticantes desportivos, que do agentes do respectivo ensino, e até mesmo de estruturas e infra-estruturas do sector, exercem expressiva influência os activos dos distritos do litoral, em que Lisboa, Porto, Setúbal, Coimbra e Aveiro ocupam percentagens que vão de 45 por cento a 5 por cento, contra os restantes distritos cujas percentagens não atingem mais de 2 por cento, muitos havendo em que as suas percentagens não chegam à unidade.
Daqui que tenhamos que concluir que, para além de uma linha que cruze Portugal no sentido norte-sul traçada paralelamente à costa e a cerca de 60 km dela, as estruturas e infra-estruturas gimno-desportivas e os praticantes do desporto têm uma expressão insignificante.
Daqui por isso, a grande urgência de se editarem medidas com o marcado desígnio de fomento e divulgação do desporto e das actividades afins nessas desfavorecidas regiões de Portugal.

Vozes: -Muito bem muito bem!

O Orador:-Estou em crer todavia, que o pior já deve ter passado.
Efectivamente, foi elaborado pela Direcção-Geral dos Desportos, e já está em execução, um plano quinquenal do fomento do deporto, cuja vigência começou em 1966 e se prolongou até 1970, em que se depositam as maiores e mais fundadas esperanças.
Plano estruturado com sentido das graves realidades dos tempos presentes, nele se procura dar o conveniente e útil destino aos 130 000 contos que ao Ministério da Educação Nacional advirão das volumosas receitas das Apostas Mútuas Desportivas (Totobola) durante os referidos cinco anos com destino a esse fundo.
Tais receitas, que começaram por 22 175 551$866 nos dois primeiros anos de vigência do Totobola tem subido sempre desde 1961, ano inicial até atingirem no fim de 1965 34 428 112$23 e perfizeram nessa data a verba global de 110 38 416$66.
Significa isto que se abriu uma nova era de francas possibilidades do desporto nacional com a instituição das Apostas Mútuas Desportivas (Totobola) entre nós, a que muito se fica a dever aos inteligentes esforços do Sr. Deputado Melo e Castro então provedor da Misericórdia de Lisboa, a quem o desporto e a assistência empenharam um (...) agradecimento.
É que, importa referi-lo para verdadeira ufania do desporto, até ao fim de 1965 já havia sido distribuída em partes iguais entre o próprio desporto e a assistência a vultosa verba de 440 000 contas.
Já a Federação Portuguesa do Futebol havia arrecadado 50 000 contos e haviam entrado nos cofres da P N A T 40 000 contos.
Isto demonstra à sociedade a força do aliciamento do desporto
e, dentro dele, a altíssima valia do futebol, que é afinal, a modalidade desportiva que dá o interesse crescente ao Totobola.
Representando o Plano de Fomento do Desporto o contributo do próprio desporto para o seu fomento e valorização na sua ajustada execução não podem ser esquecidos os irrecusáveis direitos das regiões desportivamente subdesenvolvidas, que terão de merecer as prioridades do investimento nos capítulos que, com nota do essenciais, foram considerados no mesmo Plano.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Só assim só assim se poderá atingir, ou pelo menos tentar, a equilibrada cobertura desportiva do País e fomentar o desporto como ele deve ser fomentado. Por outro lado essas subdesenvolvidas latitudes de Portugal onde o desporto apenas despontou e tem vida precária às autarquias locais pertence uma grande parte muito grande nas (...) tarefas do fomento e difusão das práticas desportivas.
Ponto é que as mesmas autarquias, atentem no valor formativo e educacional dessa actividade e passem a dedicar-lhe interesse semelhante àquele que concedem a outros grandes problemas dos (...) se não maior.
Se não puderem, ou não quiserem elas mesmas agem directamente em prol do fomento e (...) do desporto poderão servi-lo prestando auxilio eficaz aos clubes que são as mais válidas estruturas da actividade desportiva.
Sr. Presidente: Com a modéstia que me e própria, procurei demonstrar o alto merecimento do desporto e das actividades a ele ligadas numa educação da juventude que tenha sinais do interesse nacional. Creio bem que atingi bem os meus objectivos, não tanto pelo merecimento daquilo que (...), mas principalmente pelas altos virtualidades que o desporto patenteia.
(...) que não é lícito a quem governa menospreza tão valoroso elemento de promoção social económica, resta esperar que na face desta nossa terra as coisas (...) renovem a seu favor.
Mas eu não quero finalizar as minhas considerações sem o serviço do desporto de Coimbra e da sua região, lembrar que sendo esta cidade um meio estudantil por excelência, que a (...) torre da Universidade domina numa (...) afirmação da (...)que lhe seja outorgado o instituto ou a escola onde se possam formar e diplomar aqueles que sintam desejo de se dedicar ao ensino gimno-desportivo.
Ainda não possui Coimbra qualquer organismo desse género e a sua ostensiva falta é tanto mais de lamentar quanto é certo que, no Decreto-Lei n.º 30 270, de 23 Janeiro de 1940, que instituiu e pôs a funcionar o Instituto Nacional de Educação Física (I N E T), em Lisboa logo se previu "a criação de institutos e centros formativos de agentes de ensino de educação física noutras cidades em especial em Coimbra e no Porto com a colaboração das autarquias locais, em tudo sujeitos a jurisdição e orientação técnica do Ministério da Educação Nacional" segundo se expressa no referido decreto-lei.
Tal determinação a despeito do seu interno cabimento tem sido efectivamente letra (...) a que se não compreende muito bem.
É que, por um lado, e como se deixou demonstrado, há um aflitivo (...) de agentes de ensino desportivo devidamente qualificados e por outro já no ano lectivo de 1964 - 1963 e com o providencial auxilio financeiro do Totobola, se criaram mais duas escolas de instrutores de educação física uma no Porto e outra em Lisboa, passando-se por cima dos direitos incensáveis, de Coimbra.
Perante a injusta situação ocorre perguntar com (...) quando chegará a vez de Coimbra?