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9 DE MARÇO DE 1968 2685

Com efeito, se atentarmos em que, como vimos, o número de emigrantes retornados é desprezável em presença do numero de saídas (menos de l por cento), a percentagem das saídas de emigrantes sobre os saldos fisiológicos acumulados no sexénio, que foi de 81,8 por cento, dá-nos a ideia nítida de como a emigração afectou, nestes últimos tempos, o crescimento da população residente. A percentagem anual atingiu, em 1966, o valor de 222 por cento, o que significa que só por si a emigração foi responsável naquele ano pelo decréscimo de 5859 habitantes na população dos Açores. Neste ano o saldo fisiológico foi de 482o vidas, o saldo migratório de 10 684 e o saldo do movimento com o ultramar de 495; o saldo líquido, não contando com o saldo do movimento com o continente, foi, portanto, de -6354 pessoas, ou seja, -1,94 por cento da população residente.

1961-1966

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O distrito da Horta, o de mais baixa densidade de população e o de mais baixas taxas de excedente de vida, foi aquele onde a emigração mais nitidamente afectou a evolução demográfica, que, seguindo a tradição, continua a diminuir. No distrito de Angra do Heroísmo actuou moderadamente e no de Ponta Delgada quase anulou os efeitos do crescimento natural da população. Ã percentagem da emigração sobre os saldos fisiológicos acumulados no período de 1961 a 1966 foi: para cada- um daqueles três distritos, respectivamente de 110 por cento, 55 por cento e 91,8 por cento.

Antes de terminar esta análise devo deixar aqui referido que o surto emigratório verificado em 19GG se deve ter mantido em 1967 sensivelmente com as mesmas características. Com efeito, segundo dados provisórios, emigraram até Novembro do ano passado 10 618 açorianos, Ú850 dos quais para os Estados Unidos, 2960 para o Canadá e 241 paru as Bermudas.

Sr. Presidente: Os Açores tem gente a mais. Apesar da emigração, que, como vimos, vem crescendo ao longo dos últimos dezassete anos, os Açores continuam com gente a mais. Gente a mais para aquilo que há a fazer. Talvez que para o aproveitamento integral dos recursos daquelas terras ... e daqueles mares não fosse de mais tanta gente. Mas o que é certo é que, por ora, não há que dar n todos que fazer, e em cada dia que passa todos precisam de comer.

O problema dos excedentes demográficos, porém, vai mudando de aspecto de ocidente para oriente. Nas ilhas do Faial, Pico, Flores e Corvo, que constituem o distrito da Horta (o mais ocidental), a vida ó predominantemente rural e não é exagerada a pressão demográfica sobre a terra (64,5 habitantes por quilómetro quadrado). O nível de vida médio é modesto, mas não existem grandes diferenças entre os níveis mínimos e os níveis máximos.

Após a catástrofe dos Capelinhos. que destruiu os haveres de muitas famílias da ilha do Faial, foi a emigração que veio equilibrar a vida da população daquela ilha. É a emigração continua, H gora mais moderadamente, em todo o distrito, a actuar como factor de equilíbrio na vida da população.

O distrito do Angra do Heroísmo, constituído pelas ilhas Terceira, do, Graciosa e de S. Jorge, localizadas no Centro do arquipélago, e com uma razoável densidade populacional (138,3 habitantes por quilómetro quadrado), vem criando condições de fixação a nina população crescente. Para tanto, nos últimos anos. tem contribuído o poder de atracção da base militar das Lajes e a apreciável expansão do sector industrial. E o distrito onde se verifica uma mais equilibrada repartição de população activa. A emigração vem sendo fraca, naturalmente, mas necessária na medida em que se está a processar.

E no distrito mais oriental, o de Ponta Delgada, constituído pelas ilhas de Santa Maria e de S. Miguel, que o problema dos excedentes demográficos ó mais premente. E o distrito de mais elevada densidade demográfica (215,5 habitantes por quilómetro quadrado) e de mais elevada taxa de excedentes de vida e onde a lenta evolução dos sectores industrial e dos serviços não consegue criar empregos à medida das necessidades. A pequena ilha de Santa Maria ainda durante algum tempo atraiu muita gente devido às exigências do seu aeroporto internacional. Assim, lá se radicou elevado número de pessoas, mas actualmente o movimento do aeroporto está decrescendo e Santa Maria já tem gente a mais, já luta com falta de trabalho.

Na ilha de S. Miguel é tradicional o desemprego cíclico e a insuficiente remuneração do trabalhador agrícola, do pescador e mesmo do operário não especializado.

O surto emigratório verificado nos últimos anos veio melhorar alguma coisa a vida do trabalhador de S. Miguel e de Santa Maria, mas não veio permitir aos que ficaram, sobretudo aos assalariados agrícolas, um nível de vida que possa ser considerado aceitável.

De um modo geral, a emigração vem constituindo um bem para os Açorianos. Tem sido benéfica para os que partem, pois, embora deixem com saudade a terra que 03 viu nascer, vão encontrar do outro lado do Atlântico aquilo que essa mesma terra não lhes pôde dar: trabalho bem remunerado, segurança social, possibilidade de educar os filhos e, até, capacidade económica para auxiliarem um pouco os seus parentes mais próximos que ficaram.

Assim acontece com aqueles que emigram para os Estados Unidos, onde, para além da garantia de trabalho que lhes e dada antes da partida, encontram o acolhimento de uma colónia de portugueses e de descendentes de portugueses que nunca esqueceram a Mãe-Pátria. Lá se empregam, principalmente nas fábricas, e alguns na agricultura e na pecuária, e dentro de pouco tempo se transformam em bons operários, bem considerados nos seus empregos, pela eficiência e espírito de disciplina que os caracteriza.

No Canadá as coisas passam-se de modo semelhante. A colónia portuguesa ó mais recente, mas constitui um ponto do apoio paru o emigrante dos Açores. O Açoriano é procurado por ter criado fama de ser um trabalhador disciplinado e eficiente. Fixa-se, sobretudo, na província de Ontário e ali trabalha nas fábricas, nos caminhos de ferro, na construção civil e na agricultura.

As Bermudas constituem excepção. O emigrante, em regra, da ilha de S. Miguel, não c ali bem tratado. É-lhe confiado o trabalho mais duro e, em geral, aufere o salário mais baixo. Não encontra bom acolhimento nem pela colónia açoriana ali radicada, que, por vozes, até lhe complica a vida. As entidades consulares portuguesas também o não tom protegido convenientemente, muito embora nos últimos tempos a situação tenha melhorado um pouco.

Devido à elevadíssima densidade populacional das Bermudas, o governo local contraria a entrada das famílias do